A Velha Máquina de
Escrever!
Wagner
Antônio de Araújo
Brasil |
Brasileiro, pastor,
professor e articulista |
Em busca de estudos antigos,
encontro os meus sermões do início do pastorado, numa época
pré-informática, onde, senão usássemos a caneta, usávamos a
máquina de escrever. Meu pai tinha uma Remington preta, antiga e
quase centenária. Depois compramos uma portátil, e, por fim, a
minha Olivetti verde e portátil, que tão útil me foi! Meus
velhos sermões datilografados! Lá estão os borrões, saudosos
borrões, escondendo o cuidado em levar ao púlpito o melhor que
pudesse, ainda que o meu melhor fosse tão limitado! Por vezes o
papel era fino demais, e eu colava duas sul fites, para não voar
durante a pregação. Alguns sermões na pasta estavam com cor de
terra, oriunda de acampamentos de jovens e adolescentes em que
fui conferencista. Outros estavam com sinais de marca d'água,
não feitos por carimbos de ferro, mas por lágrimas derramadas ou
gotas de suor durante a pregação. Ah, a minha velha máquina de
escrever! Parece que a inspiração era mais profunda quando nela
eu escrevia, parece que a responsabilidade de escrever sem
errar. Imaginem usar borracha, gilete ou branquinho tantas vezes
numa folha de papel. A máquina de escrever está aqui, no
escritório, fechada na capa plástica há sete anos. Nunca mais a
utilizei. Sua fita de tinta deve estar ressecada. Mas como prova
de outros tempos e testemunho de que é possível vencer as
dificuldades, cá está ela, inteira, funcionando, pronta para
tornar-se útil numa eventualidade. Voltar às origens é algo que,
de quando em vez, temos de fazer. Muitas vezes nos tornamos tão
amargos, tão diferentes, tão metidos à adulta, que perdemos as
nossas características de espírito e temperamento! Acho que a
minha velha máquina de escrever me diz coisas, falas muito
profunda! Ela me diz que devo ser tão dedicado ao ministério
quanto o fui no início. Ela me diz que devo fazer, dizer e
escrever coisas tão relevantes, como o fiz no princípio. Ela me
diz que a humildade deve ser a marca da minha autenticidade,
porque o valor do meu trabalho não está no equipamento que uso,
mas naquilo que faço. Ela diz que a simplicidade é a coisa mais
bela e permanente. Já tive 3 computadores, não senti amor por
nenhum, pois são máquinas impessoais. Mas a minha velha máquina,
simples, barata, limitada, está aí, como membro do meu
escritório e equipamento da minha vida. Será que nós não temos
agido também como computadores? Será que não nos fizemos tão
descartáveis quanto eles, nos lugares onde trabalhamos, nas
igrejas onde congregamos, entre os amigos com quem convivemos?
Será que não temos uma casca de primeira e uma polpa vazia?
Você, respeitável leitor, não teria uma máquina de escrever da
qual se lembrar? Quem sabe tenha sido muito mais simpático e
cordial no passado, mas agora tem se tornado um ser complicado,
complexo, orgulhoso, cheio de detalhes e cerimônias, sorrindo o
sorriso amarelo da educação fria, sem perceber que há um coração
e uma alma dentro de si? Quem sabe não seria a hora de voltar a
ser simples, cordial, amigo, ter tempo para gastar com as
pessoas que lhe são queridas? Nós pastores, a vezes somos assim.
E quando vamos embora de nossas igrejas, não deixamos saudades,
porque ensinamos nossas comunidades a ver em nós um
profissional, não um amigo, um pai, uma companhia
imprescindível, um companheiro. Foi-se o tempo em que tínhamos
que preencher o coração da igreja e ser a jóia do coração de
Deus. É hora de voltarmos às máquinas de escrever. É hora de
revalorizar o púlpito e tudo o que se faz. É hora de cultivar as
coisas antigas e boas que abandonamos. É hora de trazermos as
cores do passado de volta aos nossos olhares. É hora de pegar a
agenda velha de telefones e ligar para quem foi importante para
nós. É hora de rever as fotos que eternizaram momentos desde há
muito esquecidos, é tempo de agradecer a Deus por tantas
experiências já vividas. E trazê-las de volta, ainda que com
roupagem nova, madura e atual. É hora de voltarmos ao nosso
primeiro amor — nossa velha máquina de escrever!
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Terceira Idade
Manuela
Barros
Estados Unidos |
Brasileira, professora,
diretora do Evangelismo e Tesoureira da Igreja |
A partir dos 60 anos o homem inicia uma fase da vida
humana cognominada Terceira Idade. Para a humanidade do século XXI,
cuja expectativa de vida vem crescendo progressivamente nas últimas
décadas, os 60 anos de idade ainda não significa o fim. Sendo assim,
o número de indivíduos acima desta faixa etária tem aumentado a cada
ano, imprimindo na sociedade uma adaptação aos respectivos cuidados
por ela demandados. Numa perspectiva moral o homem e mulher da
terceira idade ou anciãos, são dignos de honra e valorização por
aquilo com que já contribuíram para a sociedade, para a família e
para a Igreja. Nesta idade o homem já trabalhou produtivamente pelo
menos 42 anos, já gerou filhos e os preparou para sua integração
na sociedade, contribuiu através dos impostos no melhoramento de sua
nação e por fim defendeu no vigor de sua passada juventude uma
causa, seja ela política ou religiosa. As características da
Terceira Idade não são promissoras, mas são inevitáveis, fruto do
pecado que trouxe a degeneração da raça humana, e por fim a morte. O
idoso entra num processo de perda progressiva das funções corporais.
As áreas físicas afetadas são as mais diversas, começando por
problemas de visão (presbiopia), perda de força muscular,
enfraquecimento ósseo, enrugamento da pele, dificuldade de digestão,
dores musculares, perda de equilíbrio e por fim mais sérios
problemas geriátricos como câncer de próstata e uterino (Sl 90.10).
Sem dúvida alguma o idoso bem como uma criança necessita de
constante assistência. Por outro lado, a experiência adquirida por
toda uma vida não pode nem deve ser jogada fora pela sociedade, e em
realidade, não tem sido, pois os idosos são os que formam hoje e
formaram no passado a maioria do atual Senado ou Assembleias
semelhantes que permearam as civilizações. No meio do povo de Deus,
não podia ser diferente, os anciãos devem ser ouvidos com grande
peso, mormente aqueles que calcaram sua vida em experiências com
Deus. Não entendendo este princípio Roboão tragicamente deixou de
aconselhar-se com os anciãos de Israel e ouviu o conselho dos jovens
colegas o que veio a provocar a divisão do seu Reino. A Bíblia se
refere em citações dos Salmos e em várias experiências de vidas que
o enfado é uma realidade da Terceira Idade, no entanto a certeza dos
crentes é de que o dia de seu encontro com Cristo está cada vez mais
próximo e que tudo fora do que foi feito para o Reino de Deus é como
disse Salomão “vaidade e aflição de espírito” ! |