Coisa Errada, na Hora
Errada e Lugar Errado
Rev.
Eronides DaSilva
Estados Unidos |
Brasileiro, pastor,
conferencista, articulista e professor. |
Esta semana fiquei novamente chocado pela morte
cruel de co-operadores civis americanos para a reconstrução do
Iraque! Quem se mete em briga de família, por certo sai
perdendo, e muito! O Globo novamente aborda o por que deste
fenômeno político-espiritrual dos mulçumanos: “Síria e Iraque
foram inimigos durante anos, muitos anos. Em meados da década de
50, um partido socialista leigo chegou ao poder na Síria. Era o
Baath, que em árabe significa "renascimento" e que tinha a
proposta de unir todos os árabes numa só nação. Um comitê
central pan-arabista chefiava as seções nacionais do partido na
Síria, no Iraque, na Jordânia e no Líbano. Em 1958, no auge da
pregação pan-arabista de Gamal Abdel Nasser, no Egito, a Síria,
sob a liderança do Baath, abriu mão de sua soberania e aceitou
formar com os egípcios a República Árabe Unida (RAU). Três anos
depois, a realidade substituiu os sonhos, e os sírios começaram
a notar que ocupavam um lugar de segunda classe, como
subordinados, simples membros da província norte da recém
fundada RAU. O resultado foi um novo golpe de Estado na Síria,
que devolveu ao país a sua independência. Em 1963, porém, o
Baath sírio voltou ao poder e, no mesmo ano, o seu congênere do
Iraque assumiu o governo através de um golpe de Estado. Porque a
existência de um comitê central pan-arabista do Baath,
supranacional, criava uma incômoda situação: não-sírios
intrometendo-se nos assuntos sírios e não-iraquianos fazendo o
mesmo em relação ao Iraque. A solução seria a raiz dos
desentendimentos futuros. A Síria decidiu criar seu próprio
comitê central supranacional em oposição ao que antes já
existia. E Síria e Iraque passaram a disputar quem tinha mais
legitimidade para unir os árabes do mundo inteiro. Os árabes
continuaram desunidos, e Iraque e Síria se tornaram cada vez
mais rivais. Saddam Hussein, mesmo antes de ser o presidente,
sempre se opôs à união com a Síria, e mandou para a morte muitos
iraquianos acusados de serem agentes sírios. Em 1980, a Síria
apoiou o Irã contra o Iraque, na guerra de oito anos que se
seguiria. E, em 1991, a Síria fez parte da coalizão que expulsou
o Iraque do Kuwait. Em 1980, os dois países romperam relações e
fecharam as fronteiras. Em 1997, após quase 20 anos de
hostilidades, as fronteiras entre os dois países foram
parcialmente reabertas, mas somente depois da morte de Hafez
Assad as relações entre os dois países se tornaram amistosas.
Hafez foi substituído por seu filho Bashar, então um jovem
oftalmologista de 32 anos. Foi Bashar que acelerou, a partir do
ano 2000, os entendimentos com o governo de Saddam. A
necessidade de visto diplomático foi suspensa, o Iraque abriu
uma representação diplomática em Damasco e alguns acordos
relativos a transporte, comércio e comunicação foram assinados,
embora não implementados. À medida que a reaproximação era
anunciada, os analistas tentavam entender a estratégia da Síria.
Uns acreditavam que Bashar achava provável que as sanções contra
o Iraque seriam levantadas em breve; nesse contexto, a
reaproximação seria uma tentativa de assegurar no futuro um
lugar privilegiado no comércio com um país potencialmente rico.
Outros acreditavam que o objetivo era militar. Nos últimos anos,
a situação tem estado tensa, porque a Turquia, onde nasce o
Eufrates, ameaça com a construção de novas represas, o que
deixaria tanto Iraque quanto Síria ainda mais vulneráveis do que
já são em termos de abastecimento de água. Para complicar a
situação, a Turquia estreitou laços com Israel nos anos 90. A
ser verdadeira essa hipótese, e diante do fiasco da máquina de
guerra iraquiana, a reaproximação teria sido um tremendo erro de
cálculo. Considerando que os EUA há anos acusam a Síria de ter
armas químicas e de proteger os terroristas dos grupos Hamas,
Jihad Islâmica e Hezbollah, o reatamento com o Iraque foi uma
manobra de altíssimo risco. Ano passado, a Síria deu o seu voto
a favor dos EUA no Conselho de Segurança da ONU, ajudando assim
a aprovar por unanimidade a Resolução 1441, que obrigava o
Iraque a se desarmar, "sob pena de enfrentar graves
conseqüências". Parecia que a Síria tinha percebido para que
lado pendia a balança. Mas a julgar pela posição enfaticamente
pró-Iraque imediatamente antes e durante a guerra, a Síria
mostrou ao mundo que, depois de tantos anos de hostilidade, a
reaproximação com o Iraque foi a coisa errada, na hora errada,
no lugar errado." E, pelo que se viu no Iraque, e em toda a
história da humanidade, já se sabe quem se arrisca a pagar a
conta: o povo!
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A Família
Vania
DaSilva
Estados Unidos |
Brasileira, missionária,
professora, diretora missões e membro da Diretoria. |
Do vocábulo grego “Oikos” que quer dizer família,
governo familiar, unidade básica do indivíduo, o qual lhe fornece
relacionamento, nutrição e suporte. A família é formada de esposo
(pai), esposa (mãe) e filhos. Entretanto, na Bíblia a família tem um
aspecto mais amplo, abrangendo os avós, filhos casados e seus filhos
(Lv 18.6-18), como também filhas viúvas e escravos (Gn 17.12-14). Em
Israel era comum viverem juntos até a quarta geração. O chefe da
família era o avô ou bisavô, até que morresse, como Jacó (Gn
46.8-27) e era chamado de Pai. Este era responsável pelos cultos (Jó
1.5); poder judicial (Gn 42.37); e devia assegurar o futuro de sua
família, servos e bens. A família pertencia a um clã, que por vezes
tinha centenas de pessoas (Ed 8.1-14). Os membros de um clã
descendiam de um antepassado comum, por isso se consideravam
parentes (Rt 4.1-6). O seu chefe chamava-se “Goel” ou Remidor. Por
ser a pessoa de maiores possessões e mais importante da família, em
qualquer problema advindo com algum de seus descendentes, ele
poderia usar da autoridade legal de remidor, se fosse legitimamente
o remidor mais próximo. Diversas leis protegiam a família em Israel.
Leis que hoje parecem ser absurdas, como a Lei do Levirato, que
legava o casamento de uma viúva com o irmão do esposo defunto, não
tinham outro fim a não ser defender a família, seu bem estar, e a
perpetuação de seu nome e descendência. O prestígio de uma mãe
crescia com o número de filhos que esta tivesse. A esterilidade era
vista como opróbrio. As filhas de Ló, após a destruição de Sodoma e
Gomorra, ao ver impossibilidade de dar continuidade a sua linhagem,
embebedaram seu pai, e ambas conceberam dele. No Novo
Testamento, os principais centros da vida comunitária da Igreja
Primitiva eram as casas (famílias), cujos responsáveis haviam se
convertido ao Senhor. Ao carcereiro de Filipos Paulo disse: “Crê
no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo tu, e a tua casa” (At
16.31). Por esta razão e devido às perseguições, muitas igrejas
foram estabelecidas e por algum tempo permaneceram nas casas de
família, como na de Filemon.
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