Os Dois Islãs
Rev.
Eronides DaSilva
Estados Unidos |
Brasileiro, pastor,
conferencista, articulista e professor. |
Esta semana fiquei novamente chocado pelo
seqüestro
cruel de co-operadores civis japoneses para a reconstrução do
Iraque! Historicamente o feudalismo é imposto, mas a democracia
é aceita! Feudais não podem aceitar um governo popular, nem
muito menos um teocrático! O Globo novamente aborda o por que deste
fenômeno político-espiritrual dos dois Islãs: “Najaf, Kufa,
Basra e Karbala. O mundo inteiro passou a conhecer o nome dessas
cidades, mais antigas do que Bagdá. Hoje cenário onde se
desenrola a guerra da coalizão contra o Iraque de Saddam
Hussein, elas também foram o palco de guerras que estabeleceram
já nos primeiros anos do islamismo a separação entre sunitas e
xiitas. Maomé recebeu a primeira revelação aos 40 anos. Nos três
primeiros anos, o Profeta contou sobre as mensagens que recebia
do Arcanjo Gabriel apenas à sua família: a mulher Khadija e o
primo Ali. Depois desse curto período, Maomé começou as suas
pregações públicas, que durou até o momento em que a revelação
se encerrou, 23 anos depois, com a sua morte. Quando Maomé
morreu, teve início um período de 28 anos durante o qual, pouco
a pouco, foi se formando uma profunda divisão no seio do
islamismo. Segundo os sunitas, o Profeta jamais indicou quem
seria o seu sucessor; segundo os xiitas, Maomé teria deixado
claro que o sucessor seria seu primo Ali, a quem tinha dado sua
filha Fátima como esposa. Para os xiitas, isso era a prova de
que o profeta indicara Ali para sucedê-lo; para os sunitas, os
ditos do Profeta expressavam tão somente a admiração pelo homem
Ali. Morto o Profeta, enquanto Ali estava preparando o corpo
para o sepultamento, a comunidade se reuniu e escolheu para
califa Abu Bakr, o primeiro homem, fora da família de Maomé, a
tornar-se muçulmano. Tão logo assumiu, ele se pôs a endireitar
tudo o que considerava que os seus predecessores tinham feito de
errado, condenando, em governadores indicados por Osman, os
excessos de luxo, o uso do álcool, a desatenção pelo povo.
Trocou a sede do governo de Medina, na Arábia, para Kufa, no
atual Iraque. Logo no início de seu califado, Ali teve de
enfrentar, em Basra, uma campanha contra ele, dirigida por
Aishia, uma das viúvas de Maomé, e por três antigos companheiros
do Profeta, que se sentiram preteridos na sua eleição. Com a
morte de Ali, a divisão entre sunitas e xiitas consolidou-se. Os
sunitas, maioria, acreditam que a revelação acabou com a morte
de Maomé. O que resta a fazer é viver como o Alcorão manda,
seguir a Suna (tudo o que o Profeta fez e disse, origem do termo
sunita), e esperar o final dos tempos. Para os xiitas, a
revelação de fato acabou com a morte de Maomé, mas há nela
significados ocultos a que só têm acesso o Imã. Para eles, é
impossível que a Terra fique sem um Imã. O primeiro Imã foi
Adão, numa seqüência até Jesus e Maomé, depois do qual só
poderiam ser Imãs os da família do profeta, apenas na
descendência de Ali e Fátima. Assim, Ali foi o primeiro Imã e
seu filho, Hasan, o segundo; ao abdicar, foi sucedido pelo seu
irmão Hussein, cujo martírio em Karbala marcou profundamente a
história do xiismo. Naturalmente, a fé dos xiitas sempre
despertou a ira dos sunitas, que os acusam de politeístas,
porque cultuam santos e mártires. Sunitas ou xiitas, contudo,
todos são muçulmanos, acreditam no Deus único e no Alcorão como
tendo sido revelado a Maomé. Ambas as correntes compartilham de
uma profunda religiosidade, e todos se sentem parte do
islamismo.” Islã é uma palavra que, em árabe, tem a mesma raiz
de "paz". É uma lástima e paradoxo que os grupos radicais de
ambos os lados contribuam para que, no mundo de ontem e de hoje,
o islamismo tenha uma comprovada imagem de violência.
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Igreja
João Luis
Cabral
Estados Unidos |
Angolano, diácono,
professor, diretor de música. |
A Igreja apesar de não conhecida no Velho
Testamento é referenciada
como
Assembléia. Na 1ª vinda de Jesus ela aparece em três fases: 1º
Anunciada com a rejeição de Israel (Jo 1.11,12); 2º Revelada,
primeiro membro dela foi o ladrão da cruz (Lc 23.40-43); e, 3º
Inaugurada no Dia de Pentecostes (At 2). O Antigo Testamento emprega
duas palavras no hebraico que são equivalentes ao termo Igreja, a
saber: kahal, significando chamar; e a outra, edhah, que significa
encontrar-se ou reunir-se num lugar indicado. Ambas as palavras se
referem à reunião do povo de Israel (Ex 12.6; Nm 14.5). O Novo
Testamento também utiliza duas palavras derivadas da antiga tradução
do Antigo Testamento, sendo a primeira, synagoge, que significa
reunir-se (Mt 4.23; At 13.43); e a segunda ekklesia, que significa
literalmente, chamar para fora. Igreja é o organismo místico
composto por todos os que, pela fé, aceitaram o sacrifício vicário
de Cristo, e têm a Palavra de Deus como a sua única regra de fé e
prática (Ef 5.30-33). Este termo, grego, geralmente designa a Igreja
Neotestamentária, indicando que a Igreja consiste dos eleitos,
chamados para fora do mundo (Jo 17.17). No Novo Testamento, o mesmo
termo aplica-se ao ajuntamento dos fiéis, num determinado lugar,
para adorar a Deus, fortalecer a comunhão cristã, e desenvolver o
serviço cristão (Fm 2). No Novo Testamento, Jesus foi o primeiro a
usar o termo ekklesia, aplicando ao grupo dos que se reuniam em
torno dele (Mt 16.18). É importante lembrar que o termo Igreja
Universal refere-se à Igreja invisível e espiritual (Ef 1.23; Cl
1.18); e Igreja Local à Igreja visível e material (1Co 12.27).
Dispensacionalmente, a Igreja foi Inaugurada no Dia de Pentecostes.
Ela seguirá militando até ao seu arrebatamento, e subirá triunfante
escoltada pelo Espirito de Deus (Ap 22.17). A Igreja em suas
atividades é simbolicamente representada como Corpo, Edifício, e
Noiva. Como Corpo de Cristo, ela fala sobre Adoração (Jo 4.24),
Crescimento (Ef 4.15), Organismo (Rm 12.4,5), e Unidade (1Co
12.12,25). Ela como Edifício de Deus, é Alicerçada em Cristo (Mt
16.18), Estruturada na Doutrina (At 2.42; 5.28), e Edificada em
União (1Ts 5.11; 1Pe 2.5). A Igreja como Noiva de Cristo está,
proclamando a Cristo (Ap 22.17), mantendo fidelidade a Cristo (Ef
5.27), conservando a comunhão com Cristo (1Jo 1.6), guardando a
bem-aventurada esperança (Hb 10.23), e cultivando o amor com Cristo
(Ct 8.7). A Igreja é uma carta aberta para os ímpios, o bom cheiro
de Cristo neste mundo de pecado. Ela é o reflexo da glória de Deus
sobre o mundo. Cada membro dela tem consciência e se reveste do
poder, a ela revelado, manifestado e vivenciado. O destino
escatológico da Igreja de Cristo Jesus é sumamente glorioso: os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro, e os que estiverem vivos
serão arrebatados juntamente com os ressuscitados; todos serão
transformados, glorificados, e subirão à encontrar-se com o Senhor
nos ares. A Igreja é o mistério divino escondido com Cristo em Deus. |