Um dos ensinos mais destacados do Novo Testamento é acerca do serviço do crente, o sacerdócio cristão, sobre o qual o apóstolo Paulo enfatizou dizendo que “somos cooperadores de Deus” (1 Co 3.9). Dentro deste serviço cristão nos deparamos com dois tipos de chamadas: a geral e a ministerial. A chamada geral é destinada a todos os salvos em Cristo, sem exceção. Todo crente tem uma função na igreja, todo crente recebeu ao menos um talento da parte de Deus para trabalhar (Mt 25.14-30; Lc 19.11-27). A chamada ministerial é dada por nosso Senhor Jesus Cristo aos obreiros para desempenhar a contento as tarefas a ele designadas. Existem dois tipos de chamadas ministeriais: a chamada específica e a indutiva. A chamada específica é dada aqueles a quem o Senhor chama para uma obra específica, a fim de viverem para o evangelho e do evangelho. Jesus possuía um grande quadro de discípulos que o seguiam e o serviam, mas só doze foi escolhido para o ministério apostólico (Rm 12.7,8; 1 Co 12.5,28-31; Ef 4.11). Na chamada especifica o obreiro é requisitado; na chamada indutiva o obreiro se apresenta. O ministro das coisas espirituais, ou Ministro do Evangelho é escolhido por Deus, e apresentado à igreja. Aos obreiros chamados ao ministério espiritual, Deus concede cinco vocações ministeriais, a fim de edificar a Igreja de Cristo: o apóstolo, o profeta, o evangelista, o pastor e o mestre (Ef 4.11). A Bíblia também faz menção de algumas funções eclesiásticas maiores e menores, as quais são muito interligadas entre si, e foram estabelecidas pelos apóstolos no primeiro século a fim de apoiar, administrar, ensinar, zelar, supervisionar e apascentar as igrejas que cresciam em grande número. O presbítero, ou ancião eram pessoas mais velhas, honradas, que tinham a responsabilidade de apascentar e administrar o rebanho juntamente com os líderes da igreja (1 Pe 5.1-4). Paulo admoesta a Tito a estabelecer presbíteros de cidade em cidade — "Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei: Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;" (Tt 1.5-7). A função eclesiástica do bispo tinha o sentido de supervisor, ou aquele que supervisiona o trabalho de várias igrejas ou de um campo, e muitas vezes são mencionadas como sinônimo de pastor, presbítero ou ancião (Tt 1.17; At 20.17,28). O ancião, como uma tradição do povo de Israel, era visto como uma pessoa madura, conselheiro ou consultor sábio (At 15.2,6; 20.17). Nos Estados Unidos, Brasil e em Portugal, a nomenclatura e funções do presbítero, bispo e ancião tem algumas diferenciações. Entretanto, todos eles requerem que o obreiro seja batizado com Espírito Santo, ordenado com imposição de mãos pelo presbitério (ou governo da igreja) e tenha uma vida de testemunho no meio da congregação e saibam governar sua própria família.
Mestre é um homem que ensina, um instrutor, um Rabi. Existem cinco palavras hebraicas e sete gregas que descrevem o vocábulo mestre. No Antigo Testamento aparecem pelo menos cinco termos. O primeiro e mais comum é ãdohôn que significa senhor de escravos, quando se refere a homens e não a Deus, e se repete 96 vezes. Como foi Potifar, o amo de José no Egito (Gn 39:1-3). O segundo do grego oikodespotes quer dizer senhor proprietário, denotando ao chefe de uma casa (Jz 19:22,23; Mt 10:25). Rabh grande, mais velho, é palavra que ocorre por quatro vezes, com a tradução, chefe dos eunucos (Dn 4:9). No Novo Testamento, o termo mais frequente é didaskalos, mestre, instrutor. Que é encontrado por 47 vezes em todos os evangelhos. Epistales, superintendente, supervisor; uma palavra encontrada no evangelho de Lucas, onde se repete 6 vezes, sempre quando os discípulos se dirigiam a Jesus. Kyrios, senhor é usado com muita frequência significando Deus ou Cristo (Ef 6:9). A palavra mais usada Rhabbi, rabino, derivado do hebraico rabbi, meu mestre é usada exclusivamente a respeito de Jesus. Jesus no seu ministério era chamado de bom mestre, por causa da sabedoria com que pregava e ensinava a Palavra de Deus. Aos 12 anos já disputava com os doutores da lei no templo. O povo reconhecia este ministério nele. Nicodemos era mestre em Israel, mas afirmou ser Jesus mestre vindo de Deus. Gamaliel foi o mestre que instruiu a Paulo nas escrituras. No período mais antigo, no período bíblico, os tutores ou mestres eram os próprios pais desempenhando assim um papel importante. O lugar exclusivo de ensino era no lar. O ministério do mestre ou também conhecido como doutor, das escrituras, é tão importante no Novo Testamento que é listado nas três listas dos ministérios (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28; Ef 4.11). A Bíblia nos mostra o caso de Apolo (At 18.24), um homem que tinha grande eloquência para refutar judeus e provar pelas Escrituras que Jesus era o Cristo. Apolo viajava constantemente para ensinar e instruir os irmãos na Palavra. No judaísmo, os escribas eram copistas e mestres do Torah (escrituras sagradas). Eram chamados também de doutores da Lei ou intérpretes da Lei (Mt 22:35). O mestre era encarregado de conservar, transmitir e interpretar as Escrituras e preservar a tradição apostólica. Na dispensação da graça, Jesus dá cinco ministérios à Igreja para edificação da mesma. E um deste é o de Mestre — aquele que descortina textos bíblicos. Essa tarefa só é possível se o indivíduo tiver o dom concedido por Cristo. Não basta saber algumas regras da didática e ter inclinação natural, tem que ter o chamado. Quando a pessoa tem o ministério do ensino, deve dedicar-se, para dar o melhor para o Reino de Deus. Por exemplo, o ministério de Apolo foi visto por Paulo como irrigador (1 Co 3.6). Aquilo que o apóstolo dos gentios plantou, foi preservado e cuidado por Apolo. Por isso, ser mestre no sentido bíblico não significa ter formação acadêmica, contudo, ela não pode ser desprezada. A obra do mestre é edificar o corpo de Cristo, portando a Sã doutrina. A função do verdadeiro mestre é clarificar o que foi preservado nas Escrituras, e expor o sentido claro do texto. Dessa forma, o crente cresce solidamente e consegue resistir as sutilezas heréticas, que sempre de novo tentam se infiltrar na Igreja. Basta estudar um pouco a história da Igreja para ver a importância de mestres, como foi Irineu de Lyon, que preservou a tradição apostólica com zelo e força contra os gnósticos, seita que tentou transformar o cristianismo em mais uma filosofia de vida..