Guiado pelo Espírito, Jesus foi para Nazaré, e num sábado entrou na sinagoga, e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaias, e quando abriu o livro, achou o lugar que estava escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois que me ungiu para...” (Lc 4.18,19) A sequência do texto é só bênção: evangelizar os pobres, curar os quebrantados de coração, a apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, e pôr em liberdade os oprimidos. Jesus ainda, depois de ler este texto de Isaias, fecha o livro, devolve ao ministro, e se senta. Mas como todos ainda o estavam olhando, ele diz: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.” Naquele dia os homens que o ouviram, não creram nele. No entanto, Jesus, durante seu ministério distribuiu cada uma destas bênçãos a ele profetizadas. Jesus evangelizou, curou, deu vista e deu liberdade a muitos, e isto ninguém pode negar. Mas muito mais do que os que foram abençoados, foram os que não foram abençoados. Deixe-me esclarecer, em termo de número, a percentagem dos abençoados era muito pequena. E porque? Simples, é só voltar à profecia que ele disse estar cumprindo e ver para quem eram as bênçãos: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos...” Viu quem foram os recebedores da bênção de Deus através de Jesus? Não muito depois, Jesus se encontrou na casa de Mateus, comendo e se alegrando com muitos publicanos e pecadores. Os escribas e fariseus, ambos parte da elite religiosa da época, murmuraram contra o que Jesus fazia. Mas Jesus lhes respondeu: “Não necessiatam de médico os que estão sãos, mas sim os que estão enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores ao arrependimento.” Pergunto agora, os fariseus e escribas eram justos e estavam espiritualmente sãos? Ou eles se achavam justos e sãos? Portanto, analogicamente, Jesus entra no coração para abençoar, libertar e curar, todos quantos se veem pobres, quebrantados, cativos, cegos, oprimidos, injustos e enfermos. Mas vermo-nos assim não condiz em nada com o nosso brio humano, e pela experiência histórica só há duas maneiras do homem se ver assim e encontrar o Jesus libertador. Primeiro através da dor, todo sabe que quando a doença é incurável, o dinheiro não chega nem para o alimento, ou os filhos tomaram um rumo de prisões em drogas, ou outro mal, ou quando somos postos na justiça em risco de perder tudo que temos e até a nossa liberdade, quando estamos presos, ou em qualquer outro cenário de desgraça, muitos, nessa situação, se humilham diante de Deus, ouvem do Jesus que tem poder sobre estes problemas, confessam sua real posição e então são abençoados. A segunda maneira, é a melhor, é deixar-se ser constrangido pelo Espírito Santo, ele nos faz ver-nos na maneira certa para alcançarmos a nossa bênção. Como? Quando lemos a Palavra de Deus ou a ouvimos ser anunciada. Termino lembrando aquela mulher que foi ter com Jesus na casa de um fariseu. Ela seguramente se sentia cativa, pobre, oprimida e muitíssimo pecadora, não digna da presença do Mestre, mas ela queria o perdão, queria a salvação, queria a oportunidade de adorar a Jesus, e ela o fez, com o que de mais precioso possuía, um vaso de alabastro. A cena é conhecida, regava os pés de Jesus com suas lágrimas, secava com seus cabelos, e derramou seu maior tesouro aos pés de Jesus. E o Mestre, em resposta às críticas disse: “... os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado, pouco ama.” (Lc 7.47)
O último mandamento mosaico encerra o decálogo sinaítico com chave de ouro tratando do cerne das obras da carne na vida do homem, proibindo a cobiça (Ex 20.17). Este mal pode levar a adultérios, fornicações, homicídios, furtos, invejas, porfias, avarezas, contendas, ganâncias, orgulhos e coisas semelhantes (Dt 5.21; Gl 5.17-21). Sim, Deus condena a cobiça (Cl 3.5; Ef 5.5; Hb 13.5 1 Tm 6.9-10; Mt 6.20). Este sentimento de desejo desenfreado e veemente de possuir bens materiais de outrem, ou, apetite ardente, avidez, cupidez e ambição desmedida de honras e riquezas levam o homem a sua própria ruína (Tg 1.14; 1 Tm 6.10). A cobiça revela, expressamente, a operação da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos, e da soberba da vida na natureza caída do homem (1 Jo 2.16). Por isso, o apóstolo João recomenda a não amar o mundo, nem o que nele há (1 Jo 2.15). O Senhor, em seu concerto com Israel, prometeu ao seu povo livramento dos seus inimigos, alargamento de seus termos, reiterando: “ninguém cobiçará a tua terra, quando subires para apareceres três vezes no ano diante do Senhor teu Deus” (Ex 34.24). Deus é fiel em suas promessas. Entretanto, o povo de Israel no deserto pecou contra Deus pela cobiça (Sl 106.14,7-17). Disse o Senhor: “As imagens de escultura de seus deuses queimarás a fogo; a prata e o ouro que estão sobre elas não cobiçarás, nem os tomarás para ti, para que te não enlaces neles; pois abominação é ao Senhor teu Deus. Não meterás, pois, abominação em tua casa, para que não sejas anátema, assim como ela; de todo a detestarás e de todo a abominarás, porque anátema é” (Dt 7.25-26). Acã e sua familia pereceram porque este cobiçou uma capa babilônica, prata e ouro, em desobediência a orientação e ordenança divina à Josué (Js 7.21-26). A cobiça aprisiona a alma (Pv 1.19). E, aquele que se dá a cobiça nunca se satisfaz (Pv 15.27; Ec 6.7; Mq 2.2; Tg 4.2). O antídoto contra a cobiça está num coração envolvido da Palavra e dos testemunhos do Senhor (Sl 119.36). Jesus atingiu o âmago do íntimo do homem, quando disse: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mt 5.27-28). A Bíblia está repleta de exemplos resultantes da ação da cobiça na vida daqueles que cederam a mesma. Eva cobiçou o fruto da árvore do meio do jardim e pecou contra Deus (Gn 3.6-16); Ló cobiçou a campinas do Jordão e fez morada entre homens ímpios e malignos (Gn 13.10-13); Davi cobiçou Batseba, mulher de Urias, adulterando e cometendo homicídio, e não ficou isento do quadruplo juizo de Deus sobre sí e sua casa (2 Sm 11.2-12.18); Acabe cobiçou a vinha de Nabote e a sentença divina caiu sobre ele e sua casa (1 Rs 21.2-16); Geazi cobiçou a prata e as mudas de roupa oferecidas por Naamã e foi acometido de lepra (2 Rs 5.20-27); e, tantos outros exemplos. “E essas coisas foram nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram” (1 Co 5.6). O apóstolo Paulo é um exemplo de vigilância contra a cobiça (At 20.33). O segredo bíblico andar, frutificar e viver em Espirito (Gl 5.25). Portanto, “Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros” (Gl 5.26); vigiando em todo o tempo. Amém!