Esta parábola é relatada unicamente no Evangelho de Marcos. Em todas as parábolas de semeadura, exceto a do Trigo e do Joio, os semeadores são humanos; os evangelistas do Evangelho da Graça ou os do Evangelho do Reino. Salientamos, entretanto, que se deve dar atenção à distinção entre os dois reinos: o Reino de Deus —
um reino perene (Sl 90.2), abrangente (Jo 18.36) e
espiritual (Rm 14.17), com capital nos Céus (Hb 12.22), cujo rei é Deus Pai (1 Co 15.28); e o Reino dos Céus (milênio) — um
reino político (Dn 7.14), material (Mt 25.31-46) e
futuro (2 Tm 4.1), com capital na terra (Is 2.3), cujo rei será o Deus Filho, o Messias (Ap 20.6)! Portanto, o Reino dos Céus será uma parte dispensacionalmente contida do Reino de Deus! Como esta parábola reza no que tange os acontecimentos durante os setes anos literais, após o arrebatamento da igreja, é bom notar que os evangelistas não têm outra coisa a fazer do que, com ímpeto, espalhar a boa semente em toda a terra! Terminando suas tarefas diárias, eles dormem, e acordam para continuar a urgente semeadura! A contagem é regressiva, e eles sabem muito bem disso! Suntuosos templos, acampamentos, programas de final de semana, concertos musicais, reuniões de debates, discipuladores emergentes, grupos e rede sociais, atletismo do reino, retiros para casais, gincanas bíblicas, epicentros emergentes, recuperação de toxicômanos e levitas do reino não serão as prioridades dos evangelistas do Reino, que terão apenas três anos para alcançarem oito bilhões de almas! As noites serão pequenas para o descanso, e quando perguntarem como essas vidas foram transformadas: ninguém terá a resposta, somente o dono do campo e da semente — Deus Pai!
O cenário aqui se dá nos arredores de Capernaum, na popa de um batel, e o auditório na limitada areia daquele mar. A boa semente espraiada nos corações dos homens, neste mundo, trabalha em silêncio, e com resultados fenomenais. Desapercebida entre chuvas, ervas daninhas, neve e abusos dos humanos, a semente no coração receptivo, cresce sem chamar a atenção do semeador ou dos vizinhos malfazejos. A graça do Altíssimo é como o orvalho da manhã sobre a relva, embebeda toda sua raiz, caule, folhas e frutos —
“Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.” (Dt 32.1). No repouso do semeador, de dia ou de noite, o dono da lavoura não cessa de trabalhar —
“Em sonho ou em visão noturna, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama. Então o revela ao ouvido dos homens, e lhes sela a sua instrução...” (Jó 33.15,16). Os semeadores presentes passarão, como os passados, a muito tempo, já se foram e estão nas suas sepulturas; mas a Palavra, com uma incógnita, cresceu e tem permanecido para sempre —
“E o remanescente de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho da parte do SENHOR, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem a filhos de homens” (Mq 5.7)! E, a erva cresce de uma forma maravilhosa: “Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga.”! O semeador é todo aquele que é mobilizado pelo dono da terra e da semente para o árduo trabalho de, com sol ou chuva, com calmarias do ministério ou com tormentas avessas, semear a Palavra de Deus, quer em tempo ou fora de tempo. A semente não poderia ser outra a não ser a Palavra de Deus, que tem vida em si mesma! Numa símile bendita e dispensacional da Palavra: a erva, foi o Pentateuco; a espiga o Velho Testamento; e o grão, o Novo Testamento! Oh, bendita semente, a Palavra de Deus! O solo, o coração do homem, dilacerado pelo pecado e pelas forças das hostes infernais, na sua proporção original, contendo ainda os sais minerais e os ingredientes hidro-carbonatados que farão a semente morrer e frutificar foi criação do Altíssimo —
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra” (Gn 1.26)! O progresso do crescimento da semente, segundo a teologia Joanina, segue este perfil:
"Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados [novos convertidos -
teknia]. Pais, escrevo-vos, porque conhecestes aquele que é desde o princípio [cristãos maduros -
pateres]. Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o maligno [juventude espiritual -
meanisk]. Eu vos escrevi, filhos, porque conhecestes o Pai [cristãos imaturos -
pandia]" (1 Jo 2.12-13). O homem possui a essência do divino que, quando polarizado com a semente — Palavra de Deus — faz crescer um novo homem:
“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” (1 Pe
1.23)!
A oliveira é um dos sete principais produtos agrícolas de Israel e conhecida cientificamente como Olea europaea. É uma árvore de tronco retorcido, nativa do litoral mediterrâneo da Síria e Palestina, bem como do norte do Irã. Suas raízes poderosas e compridas podem chegar a uma profundidade de seis metros, adaptando-se a qualquer tipo de solo, seja nas montanhas ou nos vales, como nas pedras ou na terra fértil. As oliveiras crescem otimamente com grande calor, pouca água e são quase indestrutíveis. Após o dilúvio, tudo havia perecido, entretanto, quando Noé solta uma pomba, ela traz no seu bico uma folha de oliveira (Gn 8.11). A árvore, dependendo da variedade, pode chegar até a seis metros de altura, porém quando plantada em olivais é podada para facilitar na colheita. No final do período neolítico (4500 a.C.), os homens aprenderam a extrair o azeite de oliva. Este óleo era empregado como unguento, combustível, medicina ou na alimentação; e devido a todas suas utilidades, tornou-se uma árvore venerada por diversos povos. A oliveira leva quinze anos para amadurecer e produzir seus primeiros frutos, porém sua longevidade pode alcançar mais de 2.000 anos. Estima-se que algumas das oliveiras presentes em Israel nos dias atuais devam ter mais de 2.500 anos de idade. Ao envelhecer, o interior do tronco da oliveira se torna ôco; entretanto ao enxertar um novo ramo, a árvore recomeça a dar frutos. Paulo faz uma linda comparação da Igreja (gentios), que sendo antes zambujeiro, foi enxertado na oliveira, no lugar dos ramos naturais (Israel), e agora produz frutos em abundância (Rm 11.17-24). O fruto da oliveira tinha valor monetário, e servia como pagamento de taxas ou dívidas. Quando Sansão pôs fogo na seara dos filisteus, queimando não só o trigo, mas também as vinhas com os olivais, ele destruiu todo o suporte financeiro e base de sobrevivência daquele povo pelo menos por 15 anos (Jz 15.4-5). As azeitonas antes de amadurecerem são de cor verde, tornando-se preta depois. A colheita iniciava-se com as primeiras chuvas, entre os meses de setembro a outubro. Um lençol era colocado em baixo da árvore, e seus galhos agitados com varas para que as azeitonas caissem no lençol. Na Lei de Moisés estava descrito que as azeitonas que não caissem durante a colheita, deveriam ser deixadas no pé, a fim de serem recolhidas pelos mais pobres (Dt 24.20; Is 17.6). O azeite de oliva era tão abundante em Israel que era um dos produtos regularmente exportados. Em 1 Reis 5.11 a Bíblia diz que Salomão dava a Hirão, rei de Tiro, de ano em ano, vinte mil coros de trigo, para sustento da sua casa, e vinte mil coros (ou 4.391.064 litros) de azeite batido. As oliveiras, seus frutos, e o azeite sempre tiveram um papel importante na vida cotidiana de Israel, e era considerado uma benção do Senhor (Dt 8.8; 11.14). O óleo de oliva (azeite) era usado para diferentes finalidades. Quando combinado com perfumes, servia de cosmético (Et 2.12) e protetor solar (Rt 3.3; Ec 9.8). O povo mesopotâmio usava-o como um protetor do frio, untando seus corpos com ele. O óleo batido, era mais leve e considerado o mais puro, por isso era usado no tabernáculo para o candelabro e sacrificios diários (Ex 27.20; Lv 24.2). O óleo também era usado para fritar, para comer com pão, para preparar bolos (Nm 11.8), e podia ser acompanhado de mel (Ez 16.13); farinha (Lv 2.1,4); e vinho (Ap 6.6). As azeitonas consumidas com pão de cevada pela manhã, era a alimentação básica de um trabalhador. O óleo era demais usado como combustível nas lamparinas tanto em casa (Mt 25.3), como no tabernáculo (Ex 25.6). Como medicamento ou unguento, o azeite era usado na oferta de purificação do leproso, na preparação de um corpo para o sepultamento (Mt 26.12; Mc 14.8), e no tratamento de feridas (Lc 10.34). Uma das grandes importâncias do uso do azeite era para a santa unção. Algumas pessoas em particular eram ungidas com óleo antes de exercer seu cargo em Israel: os reis (1 Sm 10.1; 16.13); os sacerdotes (Lv 8.30); e os profetas (1 Rs 19.16; Is 61.1). A palavra ungir do hebraico é Maseiah, portanto o termo Messias significa “o Ungido”. Jesus foi ungido por Deus com um ministério tríplice de profeta, sacerdote e rei. Alguns objetos também ao serem separados para o uso da Casa de Deus eram ungidos (Ex 40.9-11), bem como os escudos dos soldados (2 Sm 1.21; Is 21.5), ou ao erigir um altar (Lv 8.10,11) e um memorial (Gn 35.14). O azeite era tido como símbolo de honra (Jz 9.9) e alegria (Sl 45.7). Por isso, em tempos de angústia e tristeza, o povo não se ungia com azeite (2 Sm 14.2). O processo da produção de azeite exigia que as azeitonas fossem amassadas até tornarem-se uma polpa espessa. Em seguida, uma prensa extraía o suco, que era centrifugado para separar a água do óleo, e depois conservado em jarras. O fruto de uma só oliveira poderia produzir até 80 litros de azeite. Escavações arqueológicas descobriram em Jericó, ânforas para armazenar azeite de 6 mil anos, e, em Israel, as mais antigas prensas de amassar azeitonas.