O PROFETA FORA DA LEI
Vania DaSilva
Estados Unidos |
Brasileira, Missionária, Professora do SWM e Secretária Executiva da BPC |
Nascido em 1494, na parte oeste da Inglaterra, William Tyndale graduou-se na Universidade de Oxford em 1515, onde estudou as Escrituras no Hebraico e no Grego. Quando tinha 30 anos, fez uma promessa que haveria de traduzir a Bíblia para o Inglês, a fim de que todo o povo, desde o camponês até a corte real, pudesse ler e compreender as Escituras em sua própria língua. A Igreja Católica proibia severamente qualquer pessoa leiga ler a Bíblia. Segundo o clero, o povo simples não podia compreender as Sagradas Letras, e tinha que ter a sua ajuda. A interpretação era feita segundo a sua conveniência, e esta para fins políticos e financeiros. Com este desejo em seu coração, Tyndale partiu para Londres em 1523, buscando um lugar que pudesse dar início ao seu projeto. Não sendo recebido pelo bispo de Londres, Humphrey Munmouth, um comerciante de tecido, lhe deu todo apoio necessário. Em 1524, Tyndale foi obrigado a deixar a Inglaterra e partir para Alemanha, para dar continuidade ao seu trabalho, em vista das grandes perseguições por parte da Igreja Católica. A proibição da leitura da Bíblia agravou-se de tal maneira, que até mesmo se uma criança recitasse a oração do “Pai Nosso” em inglês, toda sua família era condenada a ser queimada na estaca. Na Alemanha, ele se estabeleceu na cidade de Hamburgo, e provávelmente conheceu a Martinho Lutero, pois eram contemporâneos. Ambos traduziram o Novo Testamento baseado no Manuscrito Grego compilado por Erasmo em 1516. William Tyndale concluiu a tradução do Novo Testamento em 1525. Quinze mil cópias em seis edições foram impressas pela proteção de Thomas Cromwell, um vice-regente do rei Henrique VIII, e contrabandiadas através de comerciantes para a Inglaterra, entre os anos de 1525 a 1530. As autoridades da Igreja Romana deram ordem para confiscar e queimar todas as cópias da tradução de Tyndale, porém eles não podiam parar o fluxo da entrada de Bíblias vindas da Alemanha para a Inglaterra. Até mesmo na Escócia, os mercadores escoceses estavam levando a Bíblia para o seu povo. O próprio William não podia regressar à Inglaterra, pois estava sendo buscado e tido como um "fora-da-lei", a leitura de seus escritos e tradução haviam sido legalmente proibidos. Contudo, ele continuou suas revisões e correções até que sua edição final do Novo Testamento foi cumprida em 1535. Com esta conclusão, Tyndale iniciou a tradução do Velho Testamento, porém não viveu bastante a ponto de terminá-la. Ele traduziu o Pentateuco, o livro de Jonas e alguns livros históricos. Em Maio de 1535, Tyndale foi preso e levado a um castelo perto de Bruxelas onde ficou aprisionado por mais de um ano. Durante este tempo, um de seus companheiros, Miles Coverdale, concluiu a tradução do Velho Testamento, baseada na tradução de seu companheiro. Chegou o dia do julgamento de William Tyndale, ele foi condenado à morte por haver colocado as Escrituras na mão do povo inglês. No dia 6 de Outubro de 1536, ele foi estrangulado e logo após queimado na estaca em público. Porém, suas últimas palavras antes de morrer foram: “Senhor, abre os olhos do Rei da Inglaterra.”
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PROFETAS MENORES
Pedro Marques Pereira
Estados Unidos |
Sul-Africano, cooperador, professor da Escola Bíblica Dominical |
Profetas eram aqueles chamados por Deus para trazer uma mensagem ao povo. Os sacerdotes entretanto, serviam de intermediários entre o povo e Deus, oferecendo sacrifícios e ofertas de ação de graças! Felizmente, no Novo Testamento já não necessitamos de um sacerdote humano como nosso intermediário, pois agora,
“só há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo” (1Tm 2.5). Os livros proféticos ocupam
dois quintos dos livros do Antigo Testamento, sendo divididos entre Profetas Maiores e Menores, de acordo com o volume dos seus escritos. Ainda é de acrescentar que outros profetas e profecias houveram, feitas na forma oral, e por isso não existe registro dos mesmos. Os 12 profetas menores são: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. O nome dos livros leva o nome do seu autor, e é de destacar que os três últimos exerceram o seu ministério após o cativeiro da Babilônia. Todos estes profetas tiveram o seu ministério de 835 a 400 a.C., seguindo-se um período de silêncio de 400 anos, conhecido também por Período Interbíblico. Oséias, cujo nome significa
Salvação, profetiza sobre a condição do povo judeu, seu pecado, o juízo divino e a restauração de Israel. Deus ordenou ao profeta para casar com uma mulher de prostituições (Os 1.2), a fim de ilustrar a infidelidade espiritual do povo. Joel que significa
O Senhor é Deus, é o profeta que prevê o derramamento do Espírito Santo (Jl 2.28), citado pelo Apóstolo Pedro no dia de Pentecostes (At 2.17-18). Amós significa
carga. O livro contém várias profecias contra as nações vizinhas de Israel, e termina com a promessa da restauração do remanescente e o seu regresso à Judá (Am 9.11). Obadias que quer dizer
servo de Jeová, profetizou contra os Edomitas por eles se terem aliado aos Caldeus contra Judá. Este livro é o mais pequeno dos livros proféticos. Jonas ou
pombo é chamado por Deus para profetizar na cidade de Nínive, capital da Assíria, para que se arrependessem de seus pecados, mostrando assim a misericórdia divina para com todos os homens. Jesus faz menção direta sobre o profeta em um de seus ensinos (Mt 12.41). Miquéias que tem como significado:
Quem é semelhante a Jeová?, prediz com exatidão a queda de Israel, assim como a de Judá. Miquéias também profetiza a cidade natal do Messias (Mq 5.2). Naum, que tem por significado
consolo, traz uma profecia de destruição para o império Assírio e de consolo para o povo de Deus, sabendo que Ele é soberano e que preserva a justiça no mundo. Habacuque, que significa
abraço ardente, escreveu para ajudar o remanescente compreender os caminhos de Deus. Adverte ainda o povo que
“o justo viverá pela fé” (Hc 2.4) e não pela razão ou entendimento humano. Sofonias, que significa
O Senhor esconde, traz a profecia ao povo para o Juízo divino —
“o Grande Dia do Senhor” (Sf 1.14), ou ainda “o Dia da Ira” (Sf 1.15). Ageu, cujo nome
é festivo em hebraico, traz a palavra para o povo, para o governador Zorobabel, e para o sumo-sacerdote Josué; exortando-os a reedificarem o Templo, e priorizarem a obra de Deus nas suas vidas (Ag 2.18). Zacarias, que significa
Jeová se lembrou, contem dois tipos de profecia: Para os judeus, advetindo-os a perseverar na obra de Deus – reconstrução do Templo; e revelando as promessas futuras para o povo, os últimos dias de Israel e a vinda de Jesus em glória (Zc 14.2-4). Malaquias, ou
mensageiro de Jeová, tem seu ministério em mais um período de declínio espiritual do povo Judeu. A decadência e indiferença espiritual do povo era notória, apesar do Templo já estar reconstruído. Sendo assim, Malaquias, o último dos mensageiros da Velha Aliança, traz a profecia para o povo que à medida que a sua fé diminuía, se tornara indiferente à palavra, insensível à lei, e desobediente na contribuição para a obra (Ml 3.8).
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