Um Culto Disforme!
Magno Paganelli
Brasil |
Brasileiro, pastor,
escritor
e professor de teologia. |
Há algum tempo
venho me incomodando com algumas afirmações que
pregadores em geral fazem nos cultos. Algo do tipo: "Receba hoje a
sua vitória!", "Tome posse da sua bênção" ou "Declare a sua
prosperidade". Quando eu era novo convertido, recém saído do vício,
ouvia uma coisa dessas e saía correndo pra casa acreditando
encontrar um pacote de dinheiro sobre minha cama, e com ele pagar a
dívida com os vendedores de droga. Eu me
decepcionava, de certa forma, pois nunca encontrei nada! E imagino que muitas das pessoas que
ouvem essas declarações de "guerra" também se decepcionam no mesmo
dia ao chegar em casa. Aí alguém pergunta: Mas Deus, ou Jesus, não
nos deu autoridade? Não somos filhos
do dono do ouro e da prata? Muitas perguntas podem ser feitas, mas não
antes dessa: nós cultuamos como a Bíblia ensina? Não.
Definitivamente nosso culto nada tem a ver com a forma vista nos
cultos descritos nas Escrituras. No Antigo Testamento, observamos
Davi no Salmo 13 onde ele declara sua profunda tristeza: "Até
quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando
esconderás de mim o teu rosto?" E termina declarando: "Mas eu
confio na tua benignidade, na tua salvação meu coração se alegrará.
Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem". Voltando um pouco mais no mesmo antigo
Testamento, vemos Moisés quando convocava o povo a ofertar para a
construção do Tabernáculo. Os hebreus que saíram do Egito, não é
novidade, eram um povo problemático. No entanto, Deus manda trazerem
ofertas, e a lista começa com ouro, prata e cobre (Ex 25.1-3). Lá na
frente lemos coisas assim: "E veio todo o homem, a quem o seu
coração moveu, e todo aquele cujo espírito VOLUNTARIAMENTE o
excitou, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor", (Ex 5.20-29). Fato semelhante aconteceu quando Salomão,
disse que construiria um grande templo ao Senhor. Ele chegou ao
ponto de precisar mandar ao povo que parasse de trazer bens, pois já
sobravam os recursos, de tanto que o povo se mobilizou. Para
resumir, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, seja no que diz
respeito a coisas materiais ou espirituais, o povo da Bíblia se
achegava a Deus para "doar". Leia "doar" no sentido de
"oferecer-se", "esforçar-se", de "dar-se" a Deus pelo que Ele é,
pelo que Ele faz e pelo que Ele pode fazer. A palavra "cultuar" não
quer dizer "ir buscar algo de". Ao contrário, ela sugere a entrega
que o homem faz ao seu Deus. Cultuar, ir ao culto, coisa que alguns
só fazem aos domingos, subentende que você irá levar o seu corpo
para prestar um culto ao Deus que te salvou, a quem você diz amar! Mas o que é que vemos nas igrejas? Pessoas
que vão ao templo para resolverem seus problemas financeiros, de
desemprego, de saúde, de ordem emocional e outras coisas. E, por
paradoxal que pareça, alguns pastores nos incentivam a pedir, pedir,
pedir; decretar, decretar, decretar; exigir, exigir e exigir! Não é
exagero afirmar que esse comportamento é extra-bíblico. A igreja não
é balcão de atendimento, os pastores não são atendentes e Deus não é
devedor a ninguém. Nós é que devemos a Ele todo o nosso louvor,
adoração, gratidão. Aí reside outro engano. Grande parte dos membros
de igrejas imaginam que cantar é expressar a verdadeira adoração, e
saem dos templos imaginando serem os verdadeiros adoradores a quem o
Pai procura desesperadamente. Mas não. O louvor, se bem feito, pode
levar à adoração. Mas o simples cantar a letra projetada na parede
pelo retroprojetor nada tem a ver com o que Jesus disse sobre
adoração — “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade”!Talvez até eu mesmo tenha que
mudar meu comportamento e intenção diante de Deus no momento do
culto. Ele quer ser
adorado, reconhecido como o único Deus, o único Salvador. Ele quer
receber nossa gratidão pelo que tem feito! As
bases da nossa relação com Deus devem ser todas revistas e novamente
estabelecidas. E isso certamente nos trará prosperidade
espiritual, assim como física também, sem, entretanto, ter que
exigir, decretar e fazer declarações autoritárias diante daquele que
é soberano e que detém todo o poder! |
Adoração
Patricia Urbiztondo
U.S.A. |
Equatoriana, bibliotecária e seminarista. |
Adoração é uma das formas que o homem responde a
revelação de Deus à sua vida. A palavra adorar tem o significado de
dar valor, de reverenciar, de prestar culto (Gn 24.26,48). Assim que
quando adoramos a Deus, o honramos e proclamamos seus méritos, sua
glória, seus feitos e sua majestade. Muitos termos são usados na
Bíblia expressando adoração a Deus, como glória, benção, ação de
graças e aleluia. Existem inúmeras formas descritas na Escritura
Sagrada, pelas quais os antigos adoravam a Deus: através das ofertas
de sacrifício (Lv 7.13); movimentos físicos (2Sm 6.14); prostração (Sl
95); silêncio e meditação (Sl 77.11-12); testemunho (Sl 66.16);
oração (Fp 4.6); música e hinos (Sl 150. 3-5); e através de uma vida
santa (1Pe 1.3-9). Muitos expressavam sua adoração a Deus através de
cânticos, após receberem grandes livramentos ou bênçãos, como fez
Moisés ao cruzar o Mar Vermelho (Ex 15.1-19); Débora ao vencer a
Sísera e seu exército (Jz 5); Ana ao Senhor lhe conceder um filho
(1Sm 2); e Zacarias após o nascimento de João Batista (Lc 1.67-79).
A adoração pode ser um ato congregacional ou pessoal, mas aqueles
que o fazem devem ter uma experiência pessoal com Deus e o devem
conhecer. Cristo em seu diálogo com a mulher samaritana afirma que
os verdadeiros adoradores adoram o Pai em espírito e em verdade
(Jo 4.23). No Antigo Testamento o povo estava limitado a entrar no
santuário do Senhor para o adorar. Até mesmo os sacerdotes não
podiam ultrapassar o véu que guardava a Arca do Concerto no Lugar
Santíssimo. Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros,
por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto
é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por
seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado
uma eterna redenção (Hb 9.11,12). Através do sacrifício de
Cristo o véu foi rasgado, dando-nos hoje, a oportunidade de entrarmos
com ousadia no santuário de Deus e apresentar os nossos corpos já
santificados em sacrifício vivo, santo e agradável em adoração a
Deus (Hb 10.19,20; Rm 12.1). |