Prosperidade,
Que Nada!
Pr.
Myron Pires
Brasil |
Brasileiro,
Pastor e Escritor. |
Há
uns 12 anos atrás tive que dar uma parada, olhar em minha volta e
pensar um pouco sobre a questão das minhas chances de prosperidade
pessoal. A razão era que, aparentemente, todos os meus amigos
tinham muito mais sucesso que eu. Fora a tendência natural de achar
a grama do vizinho mais verde, o fato de conviver com pessoas que
possuem mais carro, mais saldo bancário, mais salário, mais
cultura, mais respeito profissional do que eu! Assim, eram em tudo,
inclusive na fé, mais prósperos que eu e ocupavam um patamar que
eu jamais poderia alcançar, sob todos os pontos de vista. Agora
sim, havia arrumado um problemão de auto-estima. A vantagem de se
ter um problemão é que você tem que dar um jeito de acabar logo
com ele, antes que ele acabe com você. Essa era uma daquelas ocasiões
em que não sobram saídas românticas ou pietistas. Não há como
se convencer de que tudo vai a mil maravilhas quando se está diante
da percepção atroz de suas próprias limitações pessoais, que
foram colocadas ali para isso mesmo, nos mostrar que elas de fato
existem, são reais e não resultado de uma visão pessimista e
distorcida. Podemos, é claro, colocar uma lente de baixa estima e
aumentar desproporcionalmente nossa própria sensação de fracasso.
Podemos também, no outro extremo, fazer de conta que nada está
acontecendo porque, afinal, somos filhos de Deus. O encarregado de
administrar o acaso nesta ordem das coisas é o próprio Criador
dela, portanto deixemos que Ele mesmo nos explique seus critérios
quando quiser fazê-lo. Voltando ao problemão, acabei achando uma
resposta que me satisfez, e aqui vai: Jesus nunca exigiu
prosperidade ou sucesso de ninguém. Ele exige sim, fidelidade a Ele
mesmo, entrega total e fé, sem a qual é impossível agradá-Lo.
Quanto aos critérios que usamos para aferir a prosperidade, não
existe nenhuma base bíblica para qualquer um deles. O próprio
Jesus e seus discípulos eram pobres e muitos deles eram ignorantes,
pessoas consideradas de pouco valor na sociedade em que viviam. O único
critério de sucesso admissível é o cumprir a vontade de Deus. Próspero
é quem faz de sua vida a realização exata do plano pessoal que
lhe foi proposto por Deus mesmo. Não existe e nem pode existir
medida real de sucesso para o cristão fora do puro e simples
cumprimento da vontade de Deus, e isso não é pouca coisa. Toda a
idéia de uma prosperidade baseada em aquisição de bens e aparência
de sucesso diante da sociedade deve ser totalmente refutada. É
converter-se a uma ideologia diametralmente oposta a que Jesus
anunciou, pois descobri que só eu mesmo posso realizar o plano que
Deus tem especialmente preparado para mim. Cumprir tal plano é
todo o sucesso que preciso ter nesta vida.
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O
Sal e a Luz
Vania
DaSilva
E.U.A. |
Brasileira,
Professora e Diretora de Missões. |
O
sal tinha uma grande importância na vida primitiva da sociedade de
Israel, bem como para os moradores de Canaã e das regiões
circunvizinhas. Os judeus usavam o sal para dar sabor à comida e
preservá-la (Jó 6.6); para assepsia do recém-nascido antes de
enfaixar-lo (Ez 16.4); como antídoto para cárie dos dentes e
tratamento para dor; para conserva de azeitonas e vegetais; como
parte das ofertas de manjares (Lv 2.13; Ez 43.24), simbolizando o
concerto perpétuo entre Deus e Israel (Nm 18.19); e como
esterelizador, a fim que a terra não produzisse fruto, como fez
Abimeleque na cidade de Siquém (Jz 9.45) e pelos inimigos quando
conquistavam uma cidade (Dt 29.23). Após a destruição das cidades
da campina do Jordão (Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim), o Mar Morto
tornou-se uma inesgotável provisão de sal para Israel até o dia
de hoje. Este mar também chamado de Mar Salgado é localizado ao
sul da Palestina com 80 Km de comprimento e recebe as águas doces
do Jordão e afluentes, as quais devido à alta temperatura da região
evaporam, formando assim a massa de maior densidade salina do mundo.
A concentração de sal do Mar Morto é nove vezes maior que a dos
oceanos, e os peixes que são trazidos do Rio Jordão pela
correnteza, morrem em questão de minutos. Na extremidade meridional
do mar existe uma montanha, Jebel Usdum, de 11 Km de
comprimento feita completamente de sal. Nos tempos do Novo
Testamento havia uma grande industria de sal na cidade de Magdala, a
qual era o centro de exportação de peixe seco (salgado). Quando o
sal era recorrido do Mar Morto, parte dele havia perdido o seu
sabor. Este não era jogado fora, mas trazido e armazenado no Templo
de Jerusalém. Quando as chuvas de inverno caíam (novembro-março)
e a superfície de mármore do átrio do Templo se tornava
escorregadia, este sal era jogado a fim de reduzir o perigo de
deslizamento daqueles que caminhavam. Por isso a palavra de Jesus:
“Se o sal for insípido, para nada mais presta, senão para ser
pisado pelos homens” (Mt 5.13).
Analizando a luz, a Bíblia
menciona frequentemente a utilização das lâmpadas e candeeiros,
tanto nos cultos como na vida doméstica de Israel. A principal
fonte de luz em uma casa vinha de manter a porta aberta para que a
luz do sol pudesse irradiar durante o dia. Pelas noites eram
utilizadas lâmpadas a óleo, as quais eram colocadas na parte mais
alta da casa, ou em um suporte próprio para o candeeiro, chamado de
velador (Mt 5.15). Nos tempos primórdios a lâmpada era feita de um
prato de barro, onde era colocado azeite de oliva (Ex 27.20) e uma
mecha de algodão ou de linho que flutuava no prato. Tempos depois,
os judeus, romanos e gregos fabricaram as lâmpadas de barro, bronze
ou outro metal, em formato oval, fechadas na parte superior e com
orifícios para colocação do azeite e do pavio ou mecha. As lâmpadas
recebiam diferentes nomes de acordo com o número de perfurações
que havia. Quando o nível do azeite baixava demasiado, a mecha começava
a fumegar. A fim de
evitar a fumaça e ter uma densidade de luz mais forte, a ponta do
pavio queimado era cortada e mais azeite era colocado na lâmpada. O
azeite deveria ser mantido em um reservatório a parte (Mt 25.8) e
era de suma importância em uma casa (Pv 31.18). Era dever dos
sacerdotes manter a luz do templo acesa, a qual por mandato divino,
não poderia se apagar . Diversas passagens na Bíblia mostram que a
lâmpada simboliza a vida e dignidade de uma pessoa (Jó 21.17; Jr
25.10; Pv 13.9). Jesus nesta comparação ensina aos seus discípulos:
“Não se ascende a candeia e se coloca debaixo do alqueire
(vasilha que servia para medir os cereais), mas, no velador, e dá
luz a todos que estão na casa” (Mt 5.15).
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