Porque não oferecerei ao Senhor meu Deus holocaustos que me não custem nada. Esta foi a pronunciação de Davi, quando Arauna ofereceu os bois, os trilhos, e o aparelho dos bois para a lenha. Davi enfrentava uma situação de culpa e humilhação diante de Deus e de Israel. Na sua hora de desespero, ao ver 70.000 homens morrerem por causa do seu próprio pecado, a voz de Deus através do vidente foi: Sobe, levanta ao Senhor um altar. Parece um paradóxo que nas horas mais cruciais de nossas vidas, quando nossos planos falham, quando nosso orgulho é atingido, quando perdemos a nossa própria confiança, quando vemos nosso trabalho retroceder, é a hora que Deus nos pede para levantar um altar. Davi reconhecia seu pecado e estava disposto a pagar o preço necessário por ele. Porém, o pedido de Deus demandava um holocausto, uma oferta, um sacrifício. Não existe uma vida de vitória se não houver um preço. Não existe uma chamada, um ministério, se não houver um preço a ser pago. Não existiria uma Igreja santa e imaculada, se não houvesse um preço, e este foi pago com o sangue de nosso Jesus. A Bíblia declara que de todas as ofertas levíticas, a única em que o sacrifício (animal) era completamente queimado, era a oferta de holocausto. Esta era uma dedicação completa ao Senhor, e geralmente feita quando se fazia uma consagração ou dedicação à Deus. Amados da Igreja do Senhor, nossas vidas, nossos planos, nossas famílias, nossas decisões, nossos sentimentos, devem estar sobre o altar de holocausto. Devem ser consumidos completamente pelo fogo do Espírito Santo, a fim de que Ele tenha preeminência em nós. Não aceitemos o convite do inimigo de entregarmos um holocausto ao Senhor sem preço, sem um sacrifício de nossa parte. Ou uma oferta que seja o resultado de nossa ganância humana. Que Deus nos guarde de todo espírito de avareza. Que possamos a cada dia aprender a dar, a ofertar, a compartilhar, pois o maior exemplo nos foi dado na cruz. O Diabo tem buscado enganar a Igreja, para que ela fique atrofiada e dependente na busca dos bens e valores humanos que são tão pequenos e temporais. Porém a Palavra inerrante e infalível de nosso Deus nos ensina: Façais tesouros nos céus... porque já temos sido abençoados em lugares celestiais. Façamos as palavras do Apóstolo Paulo as nossas: “Eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício”. Lembrando-nos que fomos comprados por bom preço; glorifiquemos pois a Deus no nosso corpo, e no nosso espírito, os quais pertencem a Deus. Sim amados, paguemos nossos holocaustos com alegria!
Ao pecar no Éden, o homem teve por preço de sua queda, a morte. Desta feita, para o homem chegar-se a Deus era necessário que uma vítima, limpa e purificada de ofensas, fosse oferecida em substituição. Sangue de bois, ovelhas, carneiros, bodes, cabras, pombas e rolas eram oferecidos diante de Deus para perdoar as ofensas da carne (Hb 9.13,14). Sacrifícios e ofertas eram os elementos físicos que o oferente trazia a Deus para expressar sua devoção, gratidão ou necessidade de perdão. O sistema sacrificial de Israel era usado no dia-a-dia da nação, bem como nos dias de suas Festas Anuais, realizadas no tabernáculo, e posteriormente no templo. Algumas nações antigas tinham o costume de oferecer sacrifícios aos seus deuses, mas não com o significado ou propósito que Israel. Vários personagens bíblicos ofereceram sacrifícios ao Senhor, como Abel, Noé, Jó, Abraão, Isaque, Jacó, Salomão, e tantos outros mais. No entanto, o sistema sacrificial organizado baixo a Lei entrou em vigor a partir do êxodo. O sacrifício exigia uma vítima, sangue derramado sobre o altar. O pecado do ofensor era perdoado através de sua fé depositada naquele símbolo, o qual apontava para o Cordeiro de Deus, que havia sido imolado antes da fundação do mundo, mas que haveria de ser revelado na "plenitude dos tempos". Deus exigia que não somente o povo trouxesse sacrificios diários pelas suas culpas, como também o sumo-sacerdote; pois segundo Hebreus, a lei constituia sumos sacerdotes a homens fracos, que necessitavam oferecer sacrificios por eles mesmos. Mas a palavra do juramento constituiu ao Filho, perfeito para sempre. Sua pessoa, seu sangue e seu sacrificio foram perfeitos e finais para salvar a todos aqueles que se chegam à ele por fé (Hb 7.22-28). A lei estabeleceu, com certas particularidades, os sacrifícios e ofertas que os judeus deviam efetuar. As ofertas eram tomadas tanto do reino vegetal, chamadas de ofertas sem sangue (farinha, trigo torrado, bolos, e vinho), como do reino animal. Com as ofertas sem sangue, era também costume oferecer as ofertas de libação, ou seja, vinho ou azeite eram derramados perante o Senhor (Gn 35.14; Nm 28.14; Fp 2.17). Além dessas ofertas, usava-se também o sal, que era emblema de pureza. Os animais oferecidos deveriam ser sem mancha (defeito), e não podiam ter menos de oito dias. Nunca eram oferecidos peixes, e os sacrifícios humanos eram expressamente proibidos (Lv 18.21). Pela Lei, o oferente deveria se purificar primeiramente (Ex 19.14), e depois levar a vítima para o altar. Voltado então para o santuário, punha a mão sobre a cabeça do animal, o qual era depois imolado geralmente pelo sacerdote (2 Cr 29.23,24). Morta a vítima, o sacerdote tomava o sangue em uma bacia e depois o espargia sobre o altar. O animal era cortado em pedaços pelo oferente (Lv 1.6), sendo a gordura queimada pelo sacerdote (Lv 7.31). Em algumas ocasiões a vítima era levantada pelo sacerdote e movimentada - a Bíblia denomina este ato de apresentação ao Senhor como “oferta de movimento” (Lv 8.27; 7.30). O oferente não deveria oferecer o que não lhe custasse; parte dos seus bens era transferido para Deus (2Sm 24.24). Haviam cinco tipos de ofertas oferecidas a Deus. Essas cinco ofertas poderiam ser divididas em duas classes: as ofertas de cheiro suave (Holocausto, Manjares e Pacíficas) e as ofertas pelo pecado (Transgressão e Pecado). A oferta de manjares era a única oferta que não envolvia morte de animal ou sangue derramado, pois o conteúdo da oferta era da farinha pura ou trigo tostado. A oferta de holocausto, por sua vez, era a única oferta em que o animal era queimado por completo, em inteira devoção a Deus, geralmente quando o oferente fazia um voto ao Senhor. Paulo, ao escrever sua epístola aos Romanos, roga aos irmãos de Roma que apresentem seus corpos (seu ser total) em sacrifício (holocausto) vivo, santo e agradável Deus (Rm 12.1).