Quando a nossa lógica de ver as coisas ao nosso redor falha, a de Deus sempre permanece, independente das circunstâncias e meios de comunicação existentes! A comunicação do cristão nascido de novo, não necessita ser talhada pelos meios e princípios dos eruditos escolásticos da nossa era ou de outra passada, a fim de dar sentido e afirmação no que significa ou que tenciona dizer ou fazer! Seria, numa analogia, como um prado que se envolve entre campinas e valados, trazendo assim, uma beleza harmoniosa, que somente o Criador pode e sabe fazer. A fragrância e visual do prado, por ele mesmo se inspira e se faz sentir! Na oração devocional de Jesus, por exemplo, proferida no Monte das Bem-Aventuranças, uma aparente intrigante colocação deixa alguns sem entender o que realmente ele queria dizer. Uns sugerem que devemos repeti-la várias vezes até que seja ouvida nos céus; outros, numa súplica de quem às margens da derrota invoca a Deus para uma outra alternativa de vida mais salutar. Entretanto, os caminhos do Senhor sãos mais altos do que os nossos, e por conseguinte, só poderemos entendê-los e caminhar por eles, quando possuímos a mente de Cristo! Pelo menos essa oração poderia ser disposta em dois episódios indispensáveis à comunicação do homem com Deus: no primeiro, aparece Deus se relacionando conosco; no segundo, nós com ele. O primeiro, é desenvolvido em três pensamentos que colocam a soberania e riqueza de Deus sobre nós: no primeiro, Deus deve ser reconhecido como ele é – santificado seja o teu nome; no segundo, Deus deve ter soberania sobre nós – venha o teu reino; e no terceiro, seu reino e glória sejam estabelecidos em toda a terra, da mesma maneira como foram nos céus – assim na terra como no céu! No segundo episódio, entretanto, a ordem é inversa, pois uma súplica sempre se inicia do temporal para o perene; sempre se inicia colocando as nossas debilidades e necessidades à mercê da majestosa bondade de Deus: no primeiro pensamento, ele sugere que tenhamos nossas necessidades supridas – o pão nosso de cada dia; no segundo, que sejam retiradas as nossas sequelas emocionais e culpas passadas – perdoa as nossas dívidas; e no terceiro pensamento, o homem eleva seu olhar para o céu, e vislumbra de onde pode vir o seu socorro espiritual para perdão e livramento dos seus pecados presentes e futuros – não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal (Mateus 6.9-13)! A doxologia deste célebre modelo de oração de Jesus, é que tenhamos sempre em mente que ele é soberano e nós permanentemente dependentes dele! Por isso nunca pouse em nossos pensamentos que possamos fazer alguma coisa sem sua magna presença e cooperação: "Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma näo pode dar fruto, se näo estiver na videira, assim também vós, se näo estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (João 15.4-5).
Maria de Betânia era irmã de Lázaro e de Marta, também conhecida como a mulher pecadora referida em Lucas 7.37,38. “E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa da casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento. E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos. E beijava-lhes os pés e os ungia com o unguento”. No Evangelho de Mateus descobrimos que Simão, o fariseu que convidou Jesus para jantar, era leproso e morava em Betânia, a mesma aldeia onde morava a família de Lázaro (Mateus 26.6). Betânia era uma espécie de subúrbio de Jerusalém, pois ficava a menos de três quilômetros dali. O bálsamo que Maria usou era muito caro. Mateus diz que os discípulos ficaram indignados com aquele “desperdício” (Mateus 26.8,9). No Quarto Evangelho temos mais detalhes desse memorável jantar. Vemos que toda a família de Lázaro estava presente. Ele estava com Jesus à mesa e Marta, como era de sua índole e costume, estava servindo aos convidados (12.2). Também descobrimos a quantidade de nardo que ela usou (uma libra) e uma avaliação do preço - trezentos denários (12.3). Tendo em vista que um denário pagava a diária de um trabalhador braçal, concluímos que o nardo tinha o valor de 300 dias de trabalho, o que era uma pequena fortuna. No Quarto Evangelho há uma declaração clara de que foi Judas Iscariotes o que se indignou e calculou o preço do nardo. Portanto, podemos concluir três coisas aqui. 1º Judas pode ter influenciado alguns dos convidados (incluindo os discípulos), a se indignarem junto com ele. 2º A família de Lázaro era uma família de grandes posses. 3º Judas valorizou o nardo dez vezes mais do que a vida do Senhor Jesus, a quem ele vendeu por apenas trinta denários. A Maria que ungiu Jesus, foi sem dúvida, a irmã de Lázaro, pois no capítulo 11 do Evangelho de João, lemos: “Esta Maria, cujo irmão Lázaro estava enfermo, era a mesma que ungiu com bálsamo o Senhor e lhe enxugou os pés com os seus cabelos” (v.2). Logo, Maria de Betânia, aquela mulher que se assentou, de maneira submissa e piedosa, aos pés de Jesus, para ouvir suas palavras, e que foi por Ele elogiada, por ter escolhido a melhor parte, era a mesma mulher que foi identificada pelo evangelista Lucas e pelos convidados do jantar com uma mulher “pecadora” (Lucas 7.37.39). Não sabemos exatamente que tipo de pessoa foi Maria, o que sabemos com certeza é que, depois, ela “escolheu a melhor parte” (Lucas 10.42), ou seja, converteu-se a Cristo e passou a ter uma vida maravilhosa.