O ser humano vem à vida e passa pelo menos por três desafiantes etapas. Se conseguir alcançar a quarta, e o fizer abundantemente, será bem sucedido, e sua vida será cheia de pleno êxito social e espiritual. Será uma homem ou uma mulher realizado! Perguntas tais, como: porque nasci, de onde vim, qual o significado de tudo que ocorre em minha vida, para onde irei e o que tem as outras pessoas a ver com a minha vida, são respondidas pelas Sagradas Escrituras, e endoçadas pelos sociólogos e teólogos através do quadruplo gradiente da vida humana: a Vida Estética, a Vida Ética, a Vida Religiosa e a Vida de Fé (Eclesiastes 1.4). Na Vida Estética o homem só pensa nele, uma forma de egoísmo subliminar. Se ele superar esse degrau, com certeza o espera o próximo mais árduo. O Filho Pródigo da parábola tão bem colocada por Nosso Senhor Jesus Cristo, acerca de um dos seus filhos que assumiu a postura estética, disse: "Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence... e, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali despediçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente". Sua avidez por conhecer um mundo melhor e exercer domínio sobre os seus próprios desafios, esqueceu do pai, do irmão, da casa, dos amigos e de sua cultura. Pensou unicamente nele (2 Coríntios 8.9)! Na Vida Ética o homem, por todas as confrontações que a vida lhe impõe, finalmente, assume o dever de viver entre outros. Ética, do Grego ethos, e no sentido lato da palavra, é a comunicação entre dois seres de consciência moral, volitiva e intelectual. Aceitar os valores de outras pessoas é um desafio que a própria vida nos impõe. O personagem da parábola acima, teve o alto preço de reconhecer essa necessidade: "E, tornando em sí, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu Pai." A renúncia às nossas determinações em busca de compreender as dos outros, é o primeiro passo para viver uma vida ética, uma vida temperada e saudável (Gálatas 6.2)! A Vida Religiosa é um tipo de Cavalo de Tróia. Ninguém nunca sabe o que realmente contém no seu bojo. Finalmente o homem na sua índole teísta, concebe que há um mundo além dos seus limites humanísticos. Novamente a Bíblia nos fascina com a vida de um jovem religioso, e que por sinal, era muito rico. Esse homenzinho que abordou a Jesus acerca da vida eterna, tinha, à guisa de uma autodeterminação, esquecido da postura estética e ética, só pensava nos seus bens. Os religiosos sempre fazem esses tipos de perguntas intrigantes, porém, na maioria das vezes coroadas de hipocrisia: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Que dura lição, a de voltar ao sapé do monte! O religioso isola-se, egocêntrico, dos seus, da sociedade e até de si mesmo. O fanatismo religioso é uma arma letal; mata sem deixar marcas. O formalismo denominacional é uma arma implosiva, mata pulverizando as vítimas (Colossenses 2.4,8,16,18; Atos 6.11-14)! Na Vida de Fé, entretanto, o homem sai das raias materiais, psicológicas e metafísicas, a ter um encontro genuíno com o seu criador. Ao restabelecer o relacionamento que foi perdido com Ele no Éden, o moribundo deixa ser governado pelas leis fundamentais da moral dos Evangelhos: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." ( 2 Coríntios 5.17). Um autêntico exemplo de uma vida bem sucedida, foi a do Apóstolo dos gentios, Paulo de Tarsis! Ele cruzou todas as fronteiras dos gradientes humanos na terra, rumo a eterna felicidade, quando finalmente declarou: "Mas em nada tenho a minha vida como preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira." Ser feliz, ser vitorioso, ser temperado, ter resposta para todas as perguntas presentes e vindouras "é pensar nas coisas de cima", sem esquecer dos que estão em baixo: é viver uma vida de fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, que afirmou estas verdades transcendentes: "Portanto a vontade daquele que me enviou é esta: que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna." (João 6.39; Efésios 2.5)!
De conformidade com o Dicionário da Língua Portuguesa, a temperança é definida como um substantivo feminino que quer dizer: habilidade de controlar as paixões ou apetites desordenados; sobriedade no beber e no comer; comedimento, moderação e modéstia. O vocábulo em pauta também é oriundo do latim temperantia e também é sinônimo de ser moderado, sóbrio, comedido, ter domínio próprio ou ter equilíbrio. Portanto, o apóstolo Paulo recomenda a igreja da Galácia a moldar o seu caráter cristão no exercício diário do fruto do Espírito, e em particular na temperança (Gal 5:22). Em vista disso, ele exorta a igreja de Colossos de forma metafórica, a ter autodisciplina no que concerne as suas palavras, advertindo que elas deveriam ser temperadas com sal (Col 4:6). Assim sendo, todo aquele que é nascido de novo tem a capacidade nata, dada pela presença do Espírito Santo em sua vida, de exercer a temperança. Mas como todas as demais virtudes que categorizam o fruto do Espírito, esta deve ser exercitada. A natureza caída do homem luta contra sua nova natureza espiritual, e milita para que o fruto do Espírito se enfraqueça. A outra faceta para desenvolvimento da temperança é a prática da mesma, ou ainda a vigilância para não atuar em contradição a ela. Disse Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26.41) Uma vida de temperança é uma vida controlada, sem extremos, uma vida dominada pelo espírito e não pela carne. O apóstolo dos gentios como também o apóstolo Tiago advertem a igreja do Senhor a velar por suas ações, dando lugar a temperança e não a ira (Ef 4:26, Tg 1:19). Parafraseando as palavras do rei Salomão, é muito mais sábio ter domino próprio do que ter vitória na vida (Pv 16:32). Logo, para poder zelar pela mordomia do corpo, que é templo do Espírito Santo, o crente necessita de deixar frutificar o fruto da temperança para poder vencer os desejos da velha natureza, tais como: lascívia, prostituição, glutonaria e coisas semelhantes a estas (Pv 23:2, Gl 5:22). Por isso, para que o fruto do Espírito tenha primazia na vida cristã, o salvo deve exercitar a santificação diária (Hagiasmos), que significa separação continua do mundo e das abras da carne (I Ped 1:15,16). O verdadeiro crente crucifica a sua carne com as suas paixões, concupiscências e não se deixa dominar pela prostituição e a glutonaria (I Cor 6:12,13; Gal 5:24). As Sagradas Escrituras abordam de que uma das qualificações para os Ministros e Diáconos é de serem moderados, sóbrios e temperantes (I Tm 3:3, Tt 1:8). Elas também são enfáticas em realçar que José foi um dos personagens que ensinou uma lição basilar sobre como fugir dos desejos da mocidade, resistindo a tentação do diabo e mantendo subjugada a sua natureza carnal (Gn 39:6-12, II Tm 2:21-22). Em síntese, todo o crente deve andar em Espírito e permitir que a temperança seja moldada no seu caráter cristão (Gal 5:16).