Sou um professor de Teologia em crise. Não com minha fé ou com minhas convicções, mas com a dificuldade que eu e outros colegas enfrentamos nos últimos anos diante dos novos seminaristas enviados para as faculdades de teologia evangélica. No início de meu ministério docente, recordo-me que os alunos chegavam aos seminários bastante preparados biblicamente, com uma visão teológica razoavelmente ampla, com conhecimentos mínimos de história do cristianismo e com uma sede intelectual muito grande por penetrar no fascinante mundo da teologia cristã. Ultimamente, porém, aqueles que se matriculam em Seminários refletem a pobreza e mediocridade teológica que tomaram conta de nossas igrejas evangélicas. A grande maioria dos novos vocacionados chega aos Seminários influenciada pelos modismos que grassam no mundo evangélico. Alguns se autodenominam "levitas". Outros, dizem que estão ali porque são vocacionados a serem "apóstolos". Tento fazê-los compreender que os levitas, na antiga aliança, não apenas cantavam e tocavam instrumentos no Templo, como também cuidavam da higiene e limpeza do altar dos sacrifícios. Porém, hoje em dia, para os "novos levitas" basta saber tocar três acordes e fazer algumas coreografias aeróbicas durante o louvor para se sentirem com autoridade até mesmo para mudar a ordem dos cultos. Outros há, que se auto-intitulam "apóstolos". Dentro de alguns dias teremos também "anjos", "arcanjos", "querubins" e "serafins". Nunca pensei que fosse escrever isso, pois as pessoas que me conhecem geralmente me chamam de "progressista". Entretanto, ultimamente, ando é muito conservador, "saudosista" ou "nostálgico". Tenho saudades de um tempo em que havia um encadeamento lógico nos cultos evangélicos, em que os cânticos e hinos estavam distribuídos equilibradamente na ordem do culto. Muitas pessoas vão à Igreja muito mais por causa do "louvor" do que para ouvir a Palavra que regenera, orienta e exige de nós obediência. Percebo também que alguns colegas pastores de outras igrejas freqüentemente manifestam a sensação de sentirem-se tolhidos e pressionados pelos diversos grupos de louvor. O mercado gospel cresceu muito em nosso país e, além de enriquecer os "artistas" e insuflar seus egos, passou a determinar até mesmo a "identidade" das igrejas evangélicas. O apóstolo Paulo dizia que a Palavra não está aprisionada. Mas, em nossos dias, os ministros da Palavra, estão – cativos da cultura gospel. Um aluno disse-me que, no dia em que os evangélicos tomarem o poder no Brasil acabarão com o carnaval, os cinemas, os bares e as danceterias. Acabarão? Nunca houve tanta afluência de jovens nos seminários como nos últimos anos. A preocupação dos colegas era: onde colocar todos esses novos pastores? Na minha ingenuidade, sugeri que seria uma grande oportunidade missionária: enviá-los para iniciarem novas comunidades em zonas rurais e na periferia das cidades. De fato, percebi que alguns realmente se mostravam decepcionados ao saberem que teriam que começar seu ministério em um lugar pequeno, numa comunidade pobre, fazendo cultos nos lares, cantando às vezes "à capela" e sem o apoio dos amplificadores e mesas-de-som. Na maioria dos Seminários hoje, os alunos sabem o nome de todas as bandas gospel, mas não sabem quem foi Wesley, Lutero ou Calvino. Sei que muitos que lerem esse desabafo, não concordarão em nada com o que eu disse. Mas não é a esses que me dirijo, e sim aos saudosistas como eu, nostálgicos de um tempo em que o cristianismo evangélico no Brasil, era realmente referencial de uma religiosidade saudável, equilibrada e madura e em que a Palavra lida e proclamada valia muito mais que o último CD da onda, e os “glórias a Deus” e os “fala Deus“, ecoavam no santuário!
O nome Habacuque significa “abraço”. Este foi um dos profetas menores cujas informações pessoais são muito escassas. Em seus escritos, Habacuque não estabelece um contexto cronológico, impossibilitando a precisão de uma data. A partir de inferências do texto, junto ao contexto histórico, entende-se que o texto profético precede o cativeiro de Judá para a Babilônia. A ênfase de seus escritos está num questionamento a Deus acerca de “injustiças” que o cercavam segundo a sua perspectiva. Deus responde ao profeta e o manda escrever esta visão bem legível em tábuas (2.2). A profecia declara a justiça divina que se há de manifestar. Ao finalizar a profecia, Habacuque faz uma oração em forma de canto: “...Ouvi, Senhor a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia... Porquanto, ainda que a figueira não floreça, nem haja fruto na vide... todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação” (3.2,17,18). O termo hebraico traduzido por “avivar” desta citação aparece em diversos textos do Antigo Testamento com o sentido de viver, ter vida, ser vivificado, restaurar, curar, entre outros umportantes sentidos – todos traduzem o verbo haya; Portanto, avivemento, no contexto de Habacuque, contempla o sentido imediato de reviver, renovar e também o sentido escatológico de pôr em execução o programa salvívico de Deus (Andrade, Claudionor – CPAD). Mesmo numa breve análize do texto de Habacuque 3.2, encontra-se claramente uma relação intrínsica entre o avivar por parte de Deus e o temor à Palavra por parte do homem. Todos os avivamentos, no contexto bíblico, estão relacionados ao conhecimento da Palavra de Deus (Rei Josias, Neemias, Esdras) e à manifestação e vivência da Palavra de Deus (Atos 2). Afinal, a Palavra é a espada do Espírito (Ef 6.17), a ferramenta usada pelo Espírito Santo para convencer o homem (Jo 16.8) e para gerar fé (Rm 10.17), sem a qual ninguém pode agradar a Deus (Hb 11.6). Foi o Espírito Santo quem trouxe o primeiro avivemento à Igreja, no dia de Pentecostes, e só ele, através da Palavra, ensinada e vivida, quem pode manter o avivamento da Igreja.