As situações adversas que nos acometem, provocam declarações precipitadas, desesperadas, amarguradas, eufóricas, positivistas, mas muitas delas interessantes nos seus desdobramentos. Destacamos uma, dentre tantas, que merece a nossa reflexão, por já tornar-se um dito popular. É o repetido pensamento que declara: a esperança é a última que morre. Considere a questão: de que nos vale uma esperança que, apesar de ser a última a morrer, também morre? Bilhões de seres humanos que viveram neste planeta, viveram na dependência de certas esperanças que acabaram por falecer antes ou no exato dia da sua morte. Alguns depositaram a sua esperança no dinheiro e no sistema econômico e testemunharam a desvalorização e o aniquilamento de sua esperança. Outros depositaram a sua esperança em seu relacionamento com determinadas pessoas e contemplaram a decepção traiçoeira de sua esperança. Outros ainda, depositaram a sua esperança em alguma ideologia, filosofia, ou prática religiosa, e assistiram frustrados a demolição de suas esperanças. Por fim, outros apostaram todas as suas esperanças nos últimos avanços da ciência e da própria medicina, contudo, apesar de viverem mais alguns anos, meses, ou dias, foram sepultados junto com a sua esperança. De que nos vale uma esperança que, apesar de ser a última a morrer, também morre? Onde o ser humano encontrará uma esperança que não morra? Toda esperança deve estar fiada na garantia sustentada por quem prometeu alguma coisa e na legítima capacidade de cumprir o que foi prometido. A única esperança que não morre tem que ser garantida, no mínimo, por um ser eterno, que não morre jamais, imutável, o único e soberano Deus revelado na Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. Ao fazer-se carne para habitar entre nós na Pessoa de Jesus Cristo, Deus suportou a morte, no corpo e na natureza humana, em nosso lugar, para perdoar todos os nossos pecados, e provou a sua autoridade sobre a vida eterna e a morte, no momento em que ressuscitou corporalmente a Seu Filho Jesus Cristo dentre os mortos, fato este testemunhado incontestavelmente por centenas de pessoas. Desta forma, o novo e vivo caminho da “esperança que não morre” está garantido pelo poder da ressurreição do Senhor Jesus Cristo, razão pelo qual as Escrituras declaram: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula [sem mancha], imarcescível [que não murcha ou perde valor] reservada nos céus para vós outros, que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação preparada para revelar-se no último tempo (...) que por meio dele [Cristo] tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus” (1 Pedro 1.3-5 e 21); “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança” (1 Timóteo 1.1); “...na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu, antes dos tempos eternos” (Tito 1.2); “se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes” (Colossenses 1.23); “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias [primeira parte ofertada] dos que dormem” (1 Coríntios 15.19-10).
Lucas, cujo nome significa iluminado, foi um dos companheiros do apóstolo Paulo em suas viagens missionárias. Ele é apenas mencionado por seu nome três vezes no Novo Testamento (Cl 4.14; 2 Tm 4.11; Fm 24). Era grego, originário provavelmente de Filipos e formado em medicina (Cl 4.14). Sua base cultural greco-romana, seu preparo intelectual e sua íntima relação com homens como Marcos (que também escreveu um evangelho), capacitou-o a escrever dois livros da Bíblia, apesar de não ter sido testemunha ocular dos acontecimentos que narra no Evangelho (Lc 1.2). O Evangelho que porta seu próprio nome é um tratado digno de crédito, amplo e formoso. Como os demais livros do Novo Testamento, este Evangelho foi escrito em grego entre os anos 63-68 d.C. Como historiador, somente Lucas tem o cuidado de citar eventos interligados com datas, reinados, governadores e sumo-sacerdotes, dos demais Evangelhos (Lc 1.1-4; At 1.1-2). Ao escrever Atos dos Apóstolos, um tratado sobre a Igreja Primitiva, descrevendo os relatos desde a ascenção de Jesus até a prisão de Paulo em Roma; Lucas faz menção igualmente sobre reis, procuradores e imperadores romanos em várias ocasiões (At 11.28; 25.10). O livro de Atos é uma continuação dos relatos do Evangelho de Lucas, e ambos foram destinados à Teófilo, um discípulo seu, como também aos crentes gregos em geral (Lc 1.1-4). Em muitas passagens de Atos ele emprega a primeira pessoa, e em outras ocasiões a primeira pessoa do plural. Lucas atendeu juntamente com Paulo a chamada à Macedônia, e o acompanhou a Trôade (At 16.10). Em sua viagem missionária ficou responsável pelo trabalho em Filipos por um espaço de seis anos, quando se reajunta com o apóstolo em viagem (At 17.1; 20.5). Lucas e Aristarco viajaram juntamente com Paulo a Jerusalém (At 21.18), de Cesaréia até Roma (At 27.1), sofrendo o naufrágio em Malta (At 28.2,11-14) e permanecendo com o apóstolo durante os dois períodos de emprisionamento em Roma (Cl 4.14; Fm 24). Paulo atesta esta verdade quando escreve sua segunda carta a Timóteo: "...porque só Lucas está comigo" (2 Tm 4.11). Como médico, Lucas acompanha Paulo nos seus últimos dias, dando assistência médica na prisão àquele cujo corpo estava sendo oferecido como libação, após uma grande jornada de prisões, açoites, apedrejamento, varadas, enfermidades, escassez e naufrágios. O apóstolo dos gentios agora já cansado no seu corpo abatido - o tabernáculo terrestre, recebe também encorajamento espiritual e apreço do médico amado, que apesar de livre, preferiu estar preso para acompanhar seu irmão, líder e amigo. Provavelmente, Lucas terminou seu livro na épopca da morte de Paulo. Não é certo que tipo de morte teve o amado doutor Lucas, mas duas possibilidades são aceitas pela Tradição e Pais da Igreja como Justino, Policarpo e Papias: A primeira, que foi martirizado por mão do Imperador Nero; e a segunda, que foi enforcado por um grupo de pagãos na Grécia. No evangelho segundo Lucas, Jesus é apresentado como Filho do Homem, ou o homem perfeito. Lucas relata a maioria dos acontecimentos descritos no Evangelho de Mateus, com o acréscimo de eventos anteriores ao nascimento de Cristo: Nascimento de João Batista, a visita do anjo a Maria, visita de Maria a Isabel, o cântico de Maria, e o censo romano. Lucas dá ênfase a vida de oração de Jesus, e como médico, descreve detalhes precisos sobre os milagres operados pelo Senhor, omitidos pelos demais autores dos Evangelhos. Como Mateus, Lucas escreve várias parábolas de Cristo, das quais 17 estão relatadas unicamente em seu livro.