Na introdução deste opúsculo vale a observação de que num mundo onde tantas crianças morrem de fome todo dia, são abandonadas nas escadarias das clínicas femininas e esquecidas em veículos fechados, talvez adotá-las como filhos seja uma opção moralmente mais justificável do que criar um animal doméstico, que muitas vezes se volta ferozmente contra o seu próprio dono e, se não vacinado, poderá matar os menores da casa. Esses, por seleção genética, são seres irracionais, e muitos deles como no caso do cão, são classificados como animais imundos pelas Escrituras Sagradas — “Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.” (2 Pe 2.24); "Não trarás o salário da prostituta nem preço de um cão à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Senhor teu Deus." (Dt 23.18). Este aspecto moral-ético é contemplado pela seguinte reportagem: “No século XIX, a teoria da evolução de Darwin desbancou o homem do ápice da criação para reposicioná-lo como apenas mais um dos animais moldados pela seleção natural. Essa revisão tem implicações éticas radicais. O filósofo australiano Peter Singer defende a igualdade plena de direitos entre homens e animais. Para ele, o especismo - a idéia de que os humanos são superiores aos demais seres - é uma forma de discriminação tão insustentável quanto o racismo. De certo modo, gatos e cachorros já galgaram um lugar privilegiado nas considerações morais das pessoas”. Fico me perguntando se isso tem relação com as palavras de Saulo de Tarso em sua Carta aos Romanos, ao tratar das inversões éticas produzidas pela substituição de uma visão Teo-Referente – Deus como referência absoluta – por uma cosmovisão antropocêntrica: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.” Uma agenda diabolicamente planejada desde o Éden para reduzir o homem a um estado de inferioridade global. Porém, Paulo levanta a bandeira da justiça Divina quando afirma: "Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda." (1 Tm 2.8). Posso soar radical, mas fico lembrando que desde pequenos fomos orientados de que podemos gostar, respeitar e ter carinho por seres humanos e por todos os seres vivos, e até acrescentamos: "é melhor ter um cão amigo, do que um amigo cão"! Entretanto, e sobre tudo, amar, nos seus três termos originais, é algo reservado a uma pessoa, e, adorar está reservado exclusivamente para Criador.
Existem diferentes interpretações para a palavra sabedoria. O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa traduz sabedoria como qualidade de sábio, grande conhecimento, erudição, saber, ciência, prudência; e também como moderação, sensatez, e conhecimento inspirado nas coisas divinas e humanas. Existem três tipos de sabedoria: a divina (espiritual), a humana (natural) e a corrompida (diabólica) - Tg 3.15. A sabedoria divina (“sophia” do grego) ou “a que vem do alto”, é descrita pelo Apóstolo Tiago como pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia (Tg 3.17). A sabedoria é um dos atributos morais da Divindade; e também um dos dons do Espírito Santo para os salvos. Sabedoria é a capacidade de aplicar bem o conhecimento, e Salomão, que recebeu de Deus sabedoria, escreve em um de seus provérbios: “Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoira para os retos; escudo é para os que caminham na sinceridade” (Pv 2.6,7). A Bíblia relata o nome de vários personagens que receberam sabedoria da parte de Deus para governar, administrar ou realizar tarefas especiais como foi José, Daniel, Moisés, Bezaliel, Aoliabe e principalmente Salomão. O povo de Israel dava muita importância aos conselhos dos sábios, e seu interesse era mais pela sabedoria prática do que pela filosófica; um grande contraste entre os gregos e os judeus. Por isso Paulo escreve: “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos” (1 Co 1.22,23). Os livros de Jó, Provérbios e Eclesiastes fazem parte do grupo da Literatura de Sabedoria da Bíblia Sagrada. Provérbios é o livro que versa sobre a sabedoria (Pv 8.22-36). Sua maneira de ensinar é por meio de contrastes: o bem com o mal; a justiça com a impiedade, a sabedoria e a loucura, trabalho contra preguiça. Ele apresenta um sistema de conduta de vida. Seus ensinos são instruções ao bom viver, a uma conduta íntegra, à formação de um caráter puro. Para todas as situações encontramos orientações neste livro. Provérbios também apresenta conselhos divinos para a vida prática. Todas as relações aparecem neste livro: os deveres para com Deus e o próximo, de pais e filhos e entre cidadãos. A aquisição da verdade, da sabedoria (conhecimento prático), da instrução (disciplina moral), e do entendimento (capacidade de discernir entre o bem e o mal) contribui para o melhor viver do cristão. A sabedoria começa com uma relação pura com Deus. É o reconhecimento pessoal de que Deus é o fundamento da vida reta, íntegra e santa. A sabedoria é apresentada como habitando com Deus desde a eternidade (Pv 8.23-31; Jo 1.1-3); e Cristo é caracterizado como a sabedoria de Deus (1Co 1.24-30; Cl 2.3). Salomão ensina que o temor ao Senhor é o princípio da sabedoria (Pv 9.10) e se dermos instrução ao sábio, ele se fará mais sábio (Pv 9.9).