O cerne da interpretação desta parábola é o arrebatamento da Igreja. No entanto é possível, em segundo plano aplicá-la como símile para a salvação de Israel, quando Cristo venha em glória para instalar o Julgamento Final e a inauguração do Milênio. O âmago da parábola das Dez Virgens estava em Jesus chamar a profunda atenção dos indivíduos que adentrassem no Reino de Deus, para vigiarem, pois sua vinda era iminente — “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai” (Mt 24.36). Ele, como o sábio arquiteto em contar e aplicar as suas exuberantes histórias usou desta feita, o pitoresco retrato de um casamento no Oriente Médio, em Israel. Nela, o pai do noivo, a pós seu filho ter oficializado o seu desposório com a sua noiva, enviava o convite oficial a todos os seus conhecidos amigos. O período para o casamento era de um ano, e nesse tempo não poderiam mais se separar, pois havia lavrado um contrato com as famílias e com os anciãos da tribo ou do clã. No dia apontado pelos pais, o noivo saia de sua casa em direção à casa da noiva e, a ser notória sua vinda, as dez virgens adereçada com a noiva saiam, em secreto, ao seu encontro na sua bendita trajetória — “saia o noivo da sua recamara, e a noiva do seu aposento” (Jl 2.16). Aqui, a noiva não aparece, somente o noivo e as dez virgens como elementos principais da história! A noiva é a igreja na incorporação das dez virgens, pois em todas as dispensações a igreja foi sempre um mistério — “Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi... o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (Ef 3.3-5). A noiva é virgem — “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (2 Co 11.2). Nas Escrituras Sagradas o número dez aparece como uma dispensação ou um trabalho completo do homem para com Deus: “Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?” (1 Sm 1.8). Existia um costume pós-cativeiro que, onde se reunisse mais de dez judeus, alí deveria ser constituída uma sinagoga. Por causa de heterogeneidade do homem sobre a terra, aqui foi portanto dividido os dez em duas partes de cinco: prudentes e néscias. O pai do noivo é o Pai celestial; o noivo é Cristo; as dez virgens é a igreja incorporada; das quais, cinco prudentes eram professantes do Reino de Deus, e cinco imprudentes eram apenas confessantes da religião cristã. As lamparinas eram seus corações ou a identidade eclesiástica, enquanto o azeite era o síbolo a graça de Deus manifestada através da presença do Espírito Santo em suas vidas — “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb 12.15). A ausência de azeite, portanto, indicava uma vida sem vida, sem salvação! Nenhuma graça, nenhuma vida! À meia noite — término de uma dispensação — ouviu-se o brado: aí vem o noivo! A noiva, as virgens, levantou-se para ir ao encontro do noivo, porém, somente as cinco que tinham azeite em abundância lograram se encontrar com o noivo: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16-17). Após as bodas do Cordeiro nos céus; Ele e a sua noiva descerão para salvar a Israel no final dos sete anos da Grande Tribulação, e instalar o Milênio, o qual hospedará a grande ceia das bodas do Cordeiro! (Ap 19.9). Por isso, e por outras inúmeras razões, as Dez Virgens não pode ser interpretada como o evento da vinda de Cristo em Glória para casar com Israel, porque: i. dormiram todas – no final angustiante da Grande Tribulação não existirá nenhuma condição para ninguém dormir, ou muito menos cochilar; ii. fechou-se a porta — a porta da grande ceia no Milênio não se fechará, muito pelo contrário, estará aberta para todos os que ingressarem nesse majestoso período. O fechar-se da porta aqui se refere ao encerramento da dispensação da graça para com os homens: fechou-se para as cinco que representam a igreja espiritual, de Filadélfia, a fim de protegê-la; e para deixar de fora a igreja de Laodicéia, que representa às outras cinco; iii. tardando o esposo — o esposo, na segunda fase de sua Segunda Vinda chegará precisamente na hora aprazada no final das sete semanas das 70 de Daniel; iv. No arrebatamento ele virá desposado para a igreja; no livramento e salvação de Israel, ele virá já casado com a sua noiva (Jd 1.14)! Portanto, amada igreja do Senhor Jesus, vigiemos, pois não sabemos a que hora Ele virá!
Contentamento refere-se ao estado de felicidade e satisfação. Do latin,
contentus, está associado a outros termos como gratificação, prazer, expectativa completa, estar contente e completo. O contentamento é a satisfação interna, no espirito e na alma, que não depende e nem muda com as circunstâncias externas. No Novo Testamento, o vocábulo original grego,
arkeo, é usado para expressar esta virtude bíblica. O autêntico contentamento provêm do Senhor, e depende de Deus e do recipiente a quem Ele proporciona. O homem sem Deus não pode viver uma vida de pleno contentamento, porque a alma do homem se não saceia com coisas terrestres desta vida (Lc 12.13-21). A queda do homem no Éden deu origem ao pecado, e como consequência o discontentamento. Porém, o contentamento volta ao coração do homem quando este é justificado pela fé, na cruz do Senhor Jesus Cristo, e este passa a ter paz com Deus (Rm 5.1-5). A salvação traz consigo muitos beneficios e virtudes; a abundante graça de Deus e a obra do Espirito de Deus, entre muitos (2 Co 12.9; Gl 5.22). A carne é o inimigo mais próximo do crente, por isso o apóstolo Paulo admoesta-nos, dizendo:
“Andai em Espirito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16-18). A carne facilmente se alia a este mundo que oferece concupiscência da carne e dos olhos, e a soberba da vida.
“E o mundo passa e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2.15-17). Mesmo os filhos de Deus podem perder o contentamento quando se esquecem do Senhor por causa dos cuidados desta vida (Mt 13.1-23). O apóstolo Pedro admoesta a humilhação e dependência de Deus,
“lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele,” Deus, “tem cuidado de vós”
(1 Pe 5.6-7). Esta lição, Pedro aprendeu com o próprio Senhor Jesus, no sermão do monte. “... Exultai e alegrai-vos, porque grande é o vosso galardão nos céus...” (Mt 5.1-12). Quando as provações e tribulações se avolumam, o crente em Jesus sabe que Deus tem tudo sob controle, e ele está conscientemente convicto de que
“as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”
(Rm 8.18). O grande exemplo bíblico foi o apóstolo Paulo, o qual levou consigo marcas indeléveis do evangelho em seu ministério. Paulo, com convição, afirma,
“porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância: em toda a maneira, e em todas as coisas estou bem instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade;” e, ele conclui essa premisa, de dependência do Senhor dizendo,
“posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.10-13). Porque é Deus quem suprirá todas as necessidades em glória, segundo as suas riquezas (vs. 19). E esta mesma convição vocacional e ministerial emanava nos apóstolos que regozijaram-se de terem sido achados dignos de padecer pelo nome nome de Jesus (At 5.39-42). A prisão não furtou deles sua satisfação em Cristo, mas muito pelo contrário,
“não cessaram de ensinar, e anunciar a Jesus Cristo.” O segredo do contentamento dos salvos está na obediência a Palavra e dependência de Deus, buscando o reino de Deus em primazia, porque as demais coisas, que são passageiras, o Senhor acrescentará (Mt 6.25-34). A oração dos justos é o contentamento e prazer do Senhor (Pv 15.8). Portanto, o salvo deve fugir da avareza, amor ao dinheiro, contentando-se com o que tem, sabendo que o Senhor não o deixará, nem o desamparará; praticando a justica, a piedade, a fé, o amor, a paciência, e a mansidão (Hb 13.5; 1 Tm 6.6-11). Frutificando nos átrios do Senhor, guardando esta recomendação paulina:
“Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos as humildes” (Rm 12.16b).
A RECIPROCIDADE DO AMOR CRISTÃO
Vania DaSilva Estados Unidos
Brasileira, Missionária, Professora do SWM e Secretária da BPC, na Flórida - Estados Unidos.
Filipenses 4.10-13
(ARC)
10 - Ora, muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade.
11 - Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho.
12 - Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.
13 - Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.
1. PAULO, UM PASTOR QUE AMAVA SUA IGREJA
2. FILIPOS, UMA IGREJA QUE CUIDAVA DO SEU PASTOR
3. O CARÁTER BÍBLICO DO PASTOR DA IGREJA