Editorial

O RICO E LÁZARO

Rev. Eronides DaSilva Estados Unidos

Brasileiro, Pastor Fundador do SWM, da IPB e do STB, Presidente Região Sudeste – CONFRADEB, na Flórida, EUA.

Ambiente: (Lucas 16.19-31) — “Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; e desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado” (Lucas 16.19-22). Os chefes religiosos da nação, particularmente os fariseus, eram amantes do dinheiro e das possessões adquiridas. Para eles, ser abastado, era sinal da prosperidade divina, e consequentemente, que suas vidas estavam aprovadas por Deus, e que tinham passado nos oito crivos das bem-aventuranças do Evangelho de Mateus. Viver ostentado, com finérrima indumentária e diariamente banhado representava, à sua vista, uma vida santa e de comunhão com Deus! Os demais da população empobrecida de Israel eram tidos como um mal necessário para a manutenção das suas vidas repletas de hipocrisia! Estavam bem asseados por fora, porém imundos por dentro, como Jesus mesmo afirmou: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia” (Mateus 23.27). Nesse contraste injusto da sociedade hebreia, Jesus contemplou as suntuosas mansões com seus ricos varandões, aonde hospedavam os pomposos jantares dos fariseus. Da mesma forma, e de uma amena observação, Ele deu uma passagem rápida e escrupulosa, num sábado, pelo Vale da Geena, onde ele contemplou o fogo incinerador de um lado, e as lavras dilaceradoras dos corpos em putrefação, do outro. Nesse cenário de profunda sensibilidade, Ele pronuncia uma das mais teológicas e solenes parábolas: O Rico e Lázaro! Nela, ele não somente explica o futuro após morte de todo o ser humano, assim como exorta o resultado de alguém viver a sua vida terrenal dissoluta, sem pensar no seu próximo, e em última análise, em si mesmo! A Parábola do Rico e Lázaro retrata um fato histórico, esboçado numa semântica divina, dos estados imediatamente após a morte daqueles que, obstinadamente, sem templo e parentes, serviram a Deus — os gentios: “E no seu nome os gentios esperarão” (Mateus 12.21); e daqueles que historicamente ficaram distantes do seu Criador, apesar de possuírem sua religião — os judeus: “Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas” (Romanos 9.4)!

Explicação: O âmago da parábola-histórica de Jesus residiu em chamar a atenção da forma como os dois homens viveram, e em última estância, como Israel e os Gentios se comportaram diante de Deus. Jesus não apontou para nenhuma conduta imoral ou transgressora por parte do “rico”, mas ao pecado que ele cometeu em viver somente para o presente — somente para ele! É até possível que Lázaro fosse um pedinte conhecido de Jesus, dos discípulos e dos fariseus. Mas como o seu próprio nome se interpreta — Deus é o meu ajudador, seu mérito estava em não maldizer o rico, e sim ficar dias após dias, prostrado ao seu portão, sabendo que a misericórdia de Deus, de uma forma ou de outra, o alcançaria! Num daqueles dias, os outros pobres o encontraram morto à margem da estrada de acesso à mansão do rico! Correndo o puseram numa cavalgadura, e levaram ao seu último destino aqui na terra: o vazadouro público de Jerusalém, a Geena! Sabemos que todas as nossas ações, quer sejam espirituais, ou seculares, terão sempre repercussões eternas! O ‘homem rico’, do vernáculo latim – dives, é aquele que só pensa em riquezas passageiras, contrastando com Lázaro – lazarus, o qual sempre dependia da ajuda de Deus. Aquele pensava sempre nas coisas efêmeras — no horizontal: “serão lançados no inferno, e todas as gentes que se esquecem de Deus” (Salmo 9.17). Lázaro, entretanto, do amanhecer ao entardecer só pensava em Deus — no vertical, o qual poderia lhe ajudaria a subsistir mais um dia: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus” (Cl 3.1). Os destinos dos dois, finalmente, se cruzaram: um, de uma urna rica e um féretro atendido pela massa religiosa requintada de Jerusalém, descendeu ao Hades, sem nenhum companheiro no seu trajeto; outro, de um putrefato de lixo orgânico e dejetos do vazadouro da cidade, ascendeu ao Paraíso, escoltado por anjos! Jesus, em sua transcendente sabedoria ensina, nessa parábola, três importantes doutrinas: i. o destino eterno do homem (Hb 9.27); ii. a consciência após morte do homem (Lc 16.27); iii. e a incomunicabilidade entre os dois mundos espirituais (Lc 16.26)!

Interpretação: O mérito de Lázaro - Lazarus, ou do demérito do rico – dives, não estava na sua posse, mas na sua conduta para com Deus e os homens! O abrasar do fogo da Geena é representado aqui, como o peso do juízo Divino nas consciências dos mortos ali residentes, o qual se contrapõem ao frescor da água do Rio da Vida no Paraíso! A angústia interminável dessas almas, ali comparadas com os vermes que sempre estão a dilacerar o corpo ainda em vida, é contraste da paz, alegria e liberdade no Espírito no Paraíso, cujo emblema é designado como Seio de Abraão! Na consignação rabínica, pós-cativeiro, todos os judeus, após morrerem, tinham a grande confiança de habitarem, pelo menos em um dos três lugares por eles referidos: i. no restaurado Jardim do Éden; ii. no Trono de Glória da Divindade; ou iii. no Seio de Abraão, por ser ele o pai da fé! E ainda, segundo a sua tradição, Abraão estaria a posto na porta do Hades para impedir que os eleitos entrassem ali — que doce engano! Jesus utilizou o termo Seio de Abraão para designar o Paraíso, ou Terceiro Céu, na teologia paulina: “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu... ao Paraíso” (2 Coríntios 12.2). Aqui está o grande contraste entre o Paraíso e o Hades : “Para o entendido, o caminho da vida leva para cima, para que se desvie do inferno em baixo” (Provérbios 15.24)! Os fariseus nas suas enfadonhas prédicas costumavam interpretar erroneamente Eclesiastes 7.14 — “No dia da prosperidade [Seio de Abraão] goza do bem, mas no dia da adversidade [Hades] considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele [apenas separados por uma parede], para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.”! Apenas uma parede, que facilmente poderia ser transposta por aquele que estivesse no Hades! Destarte, a doutrina do Purgatório, da Reencarnação e da Aniquilação encontraram esplêndidos berços no judaísmo conveniente dessa época. Parafraseando, Jesus defendeu a justa causa, e disse: sim, existe uma separação, ‘mas não é uma parede ou cerca’, é um grande abismo, do hebraico chásma — uma instransponível abertura! Finalmente, Abraão sempre foi o emblema de fé espiritual, e prosperidade material: “E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra“ (Gênesis 12.3)! A resposta de Abraão, o ‘homem rico’, a seu Filho no Hades foi coerente e material, por se tratar no contexto de riqueza e pobreza: “Disse, porém, Abraão: Filho lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado” (Lucas 16.25). Jesus, dentro de uma linha apologética firme, disse: “... e agora [e não por causa disso] este é consolado e tu atormentado”! Nenhum rico interpelado por Jesus deixou de lograr a salvação, porque que tinha ou deixava de ter bens; mas porque o seu coração estava apartado de Deus, e ligado ao deus desse século: “Ninguém pode servir a dois senhores [Deus ou Satanás]; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom [mammònás - riqueza personificada]” (Mateus 6.24)! Concluo, o mendigo era materialmente pobre, mas sobre maneira, ‘pobre de espírito’; o que lhe garantiu chegar à presença do Deus Todo Poderoso! Entretanto, e com muita dor, o ‘homem rico’ era materialmente abastado, mas deplorado espiritualmente, o que lhe condenou eternamente ao Hades – segundo inferno, ausente do Deus que ele sempre ouviu nos Sábados das sinagogas, e de Lázaro que esteve por um longo e doloroso período à sua porta!

Glossário

ESCOLA DE PROFETAS

João Luís de Sousa Cabral Estados Unidos

Angolano, Diácono, Diretor da Divisão de Música, músico

Do latin schola, casa ou estabelecimento em que se ensina; ou do grego skholé, repouso ou descanso de outras atividades para à dedicação ao ensino. O nabi hebraico, do grego prophetes, era a pessoa devidamente vocacionada e autorizada por Deus para falar por Deus e em lugar de Deus. Como oficial porta-voz da Divindade, sua precípua missão era de proclamar e preservar o conhecimento e a vontade de Yaweh, o único e verdadeiro de Deus. Alguns profetas formavam comunidades ou escolas de profetas no intuíto de instruir novatos ao ministério profético. A expressão bíblica “filhos dos profetas” referia-se a todos os discípulos e ministros auxiliadores dos profetas vetero-testamentários. Embora os primeiros a serem chamados de profetas foram os patriarcas, sendo Abraão o primódio dentre eles, o ministério profético, portanto, começou em Samuel. Segundo estudiosos, o profeta Samuel é o primeiro a formar uma escola de profetas. Na passagem bíblica de 1 Sm 19.20, os mensageiros de Saul “viram uma congregação de profetas profetizando, onde estava Samuel que presidia sobre eles.” As escolas de profetas abrangeram os períodos da monarquia, dos juízes e dos profetas, sendo que a maioria das referências bíblicas se encontram no tempo dos reis. Os lugares ou cidades típicas com estas comunidades de profetas incluem Betel (1 Sm 10.2-5) e Gilgal (1 Sm 10.8-10), em virtude da proximidade ao santuário do Senhor. O exemplo bíblico mais proeminente dessas escolas ocorreu durante o ministério do profeta Eliseu. A Bíblia apresenta vários exemplos de Eliseu liderando os filhos dos profetas em sua época (2 Rs 2). “Vendo-o os filhos dos profetas que estavam defronte de Jericó, disseram. O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro, e se prostraram diante dele em terra” (2 Rs 2.15). Estes profetas mais novos sabiam quando o Senhor haveria de tomar ao profeta Elias para Si, assim como o próprio Eliseu sabia (2 Rs 2.3-7). Pelo ministério de Eliseu, o Senhor multiplicou o azeite da botija suprindo a necessidade de uma das mulheres dos filhos dos profetas (2 Rs 4.1-7). Eliseu, com farinha, sarou o caldo de ervas para os filhos dos profetas, cuja morte estava na panela, em meio a fome na terra de Gilgal (2 Rs 4.38-41). O profeta fez o machado emprestado flutuar quando os filhos dos profetas construíam um lugar espaçoso para habitar (2 Rs 6.1-7). Os filhos dos profetas, segundo o dicionário bíblico Holman, serviam de testemunhas ou de agentes no ministério do profeta Eliseu (2 Rs 9.1-3). As expressões bíblicas para skholé profetes incluem: a) “rancho de profetas,” quando Saul foi ungido rei de Israel (1 Sm 10.1-16); b) “congregação de profetas,” quando Saul enviou mensageiros a busca de Davi; c) filhos dos profetas,” durante o ministério de Eliseu e outras ocasiões (2 Rs 2.3-7). Os filhos dos profetas, além de profetizarem, também recebiam mensagem de Deus para transmitir, e um exemplo clássico foi a mensagem dirigida ao rei de Israel. Acabe havia recebido ordem explicita de Deus em relação a Ben-Hadade, rei da Síria, porém ele desobedeceu. O Senhor pela boca de um dos homens dos filhos dos profetas decretou a sua sentence. “E disse-lhe: Assim diz o Senhor: Porquanto soltaste da mão o homem que eu havia posto para destruição, a tua vida será em lugar da sua vida, e o teu povo em lugar do seu povo” (1 Rs 20.42).

Esboço

ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS

Manuela Costa Barros Estados Unidos

Brasileira, Primeira Tesoureira, professora da EBD, Youth Alive Band, Deã Acadêmica do STB



Texto de Memorização
“Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros" (2 Timóteo 2.1-2).
Texto da Lição

2 Reis 6.1-7  (ARC)
 1 - E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face, nos é estreito. 2 - Vamos, pois, até ao Jordão e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar para habitar. E disse ele: Ide. 3 - E disse um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei. 4 - E foi com eles; e, chegando eles ao Jordão, cortaram madeira. 5 - E sucedeu que, derrubando um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou, e disse: Ai, meu senhor! ele era emprestado. 6 - E disse o homem de Deus: Onde caiu? E mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez flutuar o ferro. 7 - E disse: Levanta-o. Então ele estendeu a sua mão e o tomou.
    1. NECESSIDADE DA ESCOLA DOS PROFETAS
  1. Conhecer a Palavra de Deus: Ed 7.10; Mt 22.29; Jo 5.39
  2. Obedecer à vontade de Deus: 1 Rs 18.36; 1 Sm 15.22; Rm 12.2
  3. Ensinar a verdade de Deus: Ne 8.1,8; Jo 8.32; Mt 28.20; 2 Tm 2.25
    2. CURRÍCULO DA ESCOLA DOS PROFETAS  
  1. Teoria do Ministério - Lei: Dt 4.8-10; 31.11,12; 2 Tm 2.15
  2. Vida do Ministério - Serviço: 1 Sm 10.5; 2 Rs 2.15,16; 2 Tm 2.3
  3. Prática do Ministério - Unção: 1 Sm 19.20; 1 Rs 20.41,42; 2 Pe 1.19-21
    3. FRUTOS DA ESCOLA DOS PROFETAS  
  1. Profetas de Liderança: 1 Sm 19.20; 2 Rs 2.15; 2 Tm 2.2
  2. Profetas de confiança: 2 Rs 24.2; 1 Sm 2.35; Cl 1.7
  3. Profetas corrompidos: 2 Cr 18.4-6; Dt 13.1-5; 2 Tm 4.3