Ambiente:
(Mc 13.33) — “Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo”. Esta diminuta parábola contém a essência da dos Dez Talentos. O homem que partiu para fora da terra é nosso Senhor Jesus Cristo; a casa que deixou na responsabilidade dos servos é a igreja, e o porteiro
simboliza os discípulos amados. O discurso escatológico dado por Jesus no Monte das Oliveiras impactou a todos! Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? Os discípulos espavoridos lhes perguntaram; e Jesus pronto lhe respondeu, apontando os três próximos futuros: i. o futuro de
Israel — quando serão essas coisas; ii. o futuro da igreja — que sinal haverá de sua vinda; e,
iii. o futuro das
nações gentílicas — fim do mundo! A questão subiu aos corações de todos
os discípulos: por que estar alerta?
Explicação:
Nesse tempo que estamos vivendo, e que marca o Tempo do Fim, é imperativo que todos os redimidos por Cristo estejam deveras atentos ao seu regresso! Os termos utilizados nessa parábola por
Jesus são sinônimos de tríplice atenção gramatical grega:
olhai — blépõ — discernir com o olhar; vigiai —
agrypnéõ — estar acordado e atento; orai — proseúchomai — render oração, dialogar com Deus! Devemos estar atentos aos sinais que nos rodeiam, como o mesmo Jesus censurou aos fariseus:
“Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?” (Lc
12.56). Viver uma vida devocional com Deus é indispensável para saber como pulsa o coração do Eterno, e o que está a acontecer no
reino espiritual. O Apóstolo Paulo repetiu várias vezes a exortação de vigiar:
“Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios” (1 Ts 5.6). Na linguagem simples do Evangelho, orar é falar com Deus. Orar é mais do que uma súplica, é mais do que uma devoção, orar é um diálogo entre o cristão e Deus! Quem ora em espírito ora bem! E, mais uma vez, Jesus bate a porta da obrigação de orar e não desistir:
“E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer” (Lucas 18:1). Obviamente, na figura de linguagem bíblica, a porta é Cristo, mas os porteiros são os ministros do evangelho, como recomendado a Pedro: “E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16.19). O regresso imediato de Cristo faz eco,
também, nas parábolas dos Talentos e das Dez Virgens. Jesus sabia de sua vinda iminente, e por isso exortou veementemente e
constantemente aos seus servos
que vigiassem!
Interpretação: A vinda súbita e precisa de Jesus Cristo para arrebatar a igreja fez alusão às quatro vigílias da noite
romana, iniciando às nove da noite, depois à meia-noite, às três da manhã e às seis da manhã:
“Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à
meia-noite, se ao cantar do galo
[três da manhã], se pela manhã [seis da manhã], para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo” (Mc 13.35-36). Apesar de essa parábola ter muita coisa em comum com a dos Talentos, ela reserva certa particularidade exposta por São Marcos: um
homem, um porteiro, uma casa e uns
servos. O homem é o próprio Senhor Jesus que subitamente ascendeu aos céus, e da mesma forma voltará —
“Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu,
há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.11); o
porteiro é o que abre a porta. Jesus é esta porta, mas o porteiro são os Ministros do Evangelho,
o pastor da igreja, que como Pedro e Paulo, abriram a porta da graça aos judeus e gentios —
“E, quando chegaram e reuniram a igreja, relataram quão grandes coisas Deus fizera por eles, e como abrira aos gentios a porta da fé” (At 14.27); a
casa, ou lar, é a igreja local ou universal a qual congrega todos os santos redimidos pelo sangue do Cordeiro —
“E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.46-47); finalmente, os
servos aparecem numa lista distinta nesse Evangelho, em se tratar de todos os salvos que se enfileiraram na lide do evangelho da Graça ou do Reino —
“E o seu senhor lhe disse: bem está servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21). A igreja, a assembleia universal dos primogênitos, tem um dono, o seu noivo, o Messias. O
porteiro, oh que altíssimo privilégio dos Ministros serem
individualmente chamados
de o anjo da igreja local, ou o porteiro do Reino de Deus ou dos Céus! Os que levam a preciosa semente andando e chorando, sãos os embaixadores dos céus aqui na terra, os servos
que foram comprados pelo sangue do Cordeiro! Breve, muito breve, adentraremos em nossa casa celestial, pois, “...sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5.1).
“Eu Sou o Senhor, teu Deus que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim” (Dt 5.6-7). O vocábulo hebraico Baʽal significa ‘senhor,’ ‘dono,’ ‘possuidor,’ ‘mestre,’ ou ‘marido.’ Este é um nome semita do noroeste do fértil crescente, ao norte da Mesopotâmia. Baal era a divindade masculina e Astarote a feminina entre os fenícios e os cananeus. Ele era o supremo deus dos cananeus e fenícios, correspondendo a Bel, senhor dos babilônios e cognominado de Zeus pelos gregos. Também foi chamado de ‘sol’ denotado pelas religiões pagãs antigas. Para os fenícios e cananeus, Baal-Semaim era o seu título completo como senhor do céu. Como senhor da terra, Baal era o deus da fertilidade e também senhor da chuva e do orvalho, indispensáveis ao cultivo do solo cananeu. Baalims é a sua forma plural, pois este era adorado em vários lugares, com efeito havia locais portando tal nome: Baal-Berite, Baal-Hamon, Baal-Hermom, Baal-Peor, e Baal-Zefon, entre outros lugares. As cerimônias a Baal incluíam queimar incenso, sacrifícios de ofertas queimadas, seus sacerdotes dançavam em redor do altar cortejando-se para que este atendesse seus rogos. O episódio de Elias e os 450 profetas de Baal é um exemplo claro desta realidade (2 Rs 18). O culto a Baal também incluía sacrifícios humanos, o que Deus Jeová abomina, e atos de prostituição, o que o Senhor Deus explicitamente condena (Lv 17.7; 28.21). Deus conhecendo a abominação e paganismo da terra que os israelitas haviam de passar a possuir e das nações vizinhas, categoricamente os advertiu dizendo: “Guarda-te que não faças concerto com os moradores da terra; para que não seja por laço no meio de ti… e não se prostituam após seus deuses, nem sacrifiquem aos seus deuses, e tu, convidado deles, comas dos seus sacrifícios” (Ex 34.12-15). O paganismo adora o sol, a lua, as estrelas, a natureza e o mundo em redor. Foi de uma comunidade pagã que Deus chamou a Abrão (Gn 12.1-3). A adoração a Baal, no tempo de Moisés passou para os amonitas e moabitas (Nm 22.41; 25.1-18). Porém, o rei Acabe ao casar-se com Jezabel, filha do rei dos sidônios, cujo nome Etbaal significa com Baal, que, segundo o historiador Josephus, o rei Etbaal (940–908 a.C.) foi sacerdote de Astarte alinhado com Baal, sendo sua filha zeloza em promover a idolatria à Baal em Israel. O casamento de Acabe com Jezabel foi fatal para vida espiritual e religiosa do povo de Deus. Acabe fez mal diante do Senhor, “… tomou por mulher a Jezabel… e serviu a Baal, e se encurvou diante dele. E levantou um altar a Baal.. em Samaria. Também fez um bosque, de maneira que Acabe fez muito mais para irritar ao Senhor, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (1 Rs 16.29-33). Altares a Baal chegaram a ser erigidos nos terraços das casas, nas ruas de Jerusalém e nas cidades de Judá (Jr 11.11-13; 32.29). Alguns juízes e reis levantados por Deus, não só deram livramento ao povo, mas derribaram os altares a Baal como Gideão (Jz 6.27-29); mataram seus sacerdotes como o fez Jeú (2 Rs 10.27-28); e, exterminaram o culto a Baal como o rei Josias deu ordem (2 Rs 23.1-8). A punição de Deus sempre foi evidente sobre o seu povo quando este praticara tamanha abominação ao Senhor, prostituindo-se e oferecendo seus filhos em sacrifício a Baal e a qualquer outro deus. Yaweh, Deus Criador e Senhor do seu povo, usou a Obadias, mordomo do rei Acabe, o qual escondeu e sustentou a 100 profetas do Senhor (1 Rs 18.1-4). Evidentemente, quando o profeta Elias se considerava sozinho em meio à apostasia moral e espiritual dentre o povo de Israel, a ele chegou a mensagem divina diz: “Reservei para mim sete mil varões, que não dobraram os seus joelhos diante de Baal” (Rm 11.4).