Ambiente: (Lucas 14.28-33) — “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, Dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar." Até esse momento, Jesus tinha exaurido todas as características dos que deveriam pertencer e adentrar no Reino dos Céus, delineadas nas bem-aventuranças de Mateus. Nessa parábola, entretanto, seguindo um perfil quadruplo de
renúncia, de perseverança, de
edificação e de destruição, Jesus os levou mais profundo a entender a seriedade do Reino de Deus. Obviamente, o termo hebraísta do contexto
“não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs”, segue a semântica da língua, em vez da sua ortodoxia.
Enquanto para nós o termo é vestido de muita emoção e pouca razão,
enquanto na cultura de origem e na exegese bíblica, entretanto,
aborrecer significa priorizar as coisas Divinas e celestes, em lugar das coisas passageiras e humanas! Abraão aborreceu Ur dos Caldeus, e Moisés de igual forma o Egito — a terra natal de ambos — e amou Canaã! Assim como Léia foi aborrecida e Raquel amada, os discípulos deveriam amar mais ao seu Mestre e ao seu Reino, do que qualquer coisa existente neste mundo ou no porvir! Agora, era hora de segurar ou largar a corda do barco; agora, seria hora de seguir ou deixar permanentemente a Jesus. Abandonar família; tomar as liças da vida sobre
si; orçamentar o custo na edificação da igreja; saber com quantos soldados e munições iriam destruir os exércitos do inimigo;
enfim, era saber com quantos paus se faz uma canoa. Ora, chegamos à salvação ou a um encarniçado empreendimento, poderia os discípulos censurar! Sinceramente, eles tiveram de pensar duas vezes, e contar até dez, quando Pedro de imediato eclode com a resposta:
“... Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68). Se no Reino de Deus — reino espiritual, entretanto, o crivo é augusto, porém muito mais agora! Jesus, então, com muito tato e peculiar amor por aqueles que seriam seus embaixadores nessa terra, propõe a ditosa
Parábola dos Construtores da Torre e dos Combatentes.
Explicação:
Essa Parábola é composta de quatro linhas de pensamentos distintos, a saber: i. a
aceitação do contrato de deixar tudo por amor dele — “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs
[não priorizar a Jesus em relação a estes], e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26); ii. a
disposição em sofrer os danos impostos pela carne, o mundo e o adversário, por sermos discípulos de Cristo — “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério” (Hb 13.13); iii. a
conscientização do grande investimento e árduo trabalho a ser disponibilizado na edificação da igreja universal —
“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18); iv. e a
preparação para a constante batalha que haveriam de enfrentar na conquista das almas perdidas e aprisionadas por Satanás —
“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12). Dizia muito bem os antigos, era melhor deixar a construção na fundação, do que deixá-la em meia parede! Meia parede era sinônima de obra inacabada, e pesava sobre o proprietário a vergonha de não ter sido prudente suficiente para poder terminar a obra iniciada! A fim de evitar esse dano vergonhoso, o Apóstolo Paulo reclamou exaustivamente das igrejas da Galácia:
“Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chamou” (Gl 5.7-8). Alistar-se para guerra era mais do que um gesto entusiasta qualquer, era, e é questão de mera sobrevivência. Questão de vida ou morte. Mas, o morrer com Cristo é ganho! Cristianismo vai além dos palcos multicoloridos das igrejas pós-modernas e emergentes; é mais do que a institucionalização de domínios político-religiosos; é mais do que um cheque gordo após a apresentação do
predador do Evangelho numa arena ou escondido atrás de uma câmera de
tevê; é mais do que um hotel de cinco estrelas, que as
estrelas usufruem; é mais do que umas férias no Bahamas, em Paris ou no Rio de Janeiro! Cristianismo, como o próprio autor disse: é tomar a cruz de cada dia, negar-se a si mesmo, aborrecer a carne e o mundo, que
ferozmente nos atrai, e incondicionalmente segui-lo! Cristianismo é ser, viver e se parecer como Cristo! Por isso amados irmãos, há de se contar os tijolos e as armas, antes de dizer como o filho de Amós:
“Eis-me aqui, envia-me a mim.”
Interpretação:
Oh Israel — “Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos” (Lc 19.2). Herdeiros das alianças e promessas, tratados como filhos, donos de toda a pujante promessa do Pai:
“Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas” (Rm 9.4). Dizia bem Jesus:
“E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela
força se apoderam dele” (Mt 11.12)! Por causa desta insistente desventura dos líderes e da nação [Israel] não quererem renunciar suas vidas cômodas religiosas, a fim de adentrarem no Reino de Deus, os renegados discípulos que deixaram casas, famílias, empregos, apogeu no fórum Romano,
os preciosos barcos; perfilaram como migrantes em terras estranhas, a fim de gradar àquele que os chamou das trevas para sua santa luz. Nessa caminhada de renúncia, abstinência, trabalho e conquista, no decorrer desta parábola existem quatro princípios que devemos sempre atentar para eles: o que não nos custa nada, não
vale nada; Ele nunca nos pediu alguma coisa, que Ele mesmo não tenha
experimentado; o sal que perde o seu sabor, não pode ser mais
reconstituído; em nossa perspectiva de servos, se Jesus não é Senhor de tudo, Ele não é, portanto,
Senhor de nada! A interpretação da parábola é simples,
destinada para a atual Dispensação da Graça e segue esse perfil: i. o
abandono deste mundo (vs 26) ao negarmos a nós mesmos — Cristo nomeou a igreja (gentios e judeus) para que fossem a luz do mundo e o sal da terra, e dessem muito frutos —
“Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar? Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora...” (Lc 14.34-35); ii. a
cruz de cada dia (vs 27) imposta pela adversidade do mundo, da nossa carne e de Satanás. Por ocasião do
translado ou arrebatamento, o labor terá sido terminado, as lutas ganhas, e os salvos chegarão à casa do seu Senhor para receber a recompensa pelo trabalho fielmente prestado —
“... bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os seguem”
(Ap 14.13); iii. a grande construção do Reino de Deus e dos Céus (vs 28) chega ao seu apogeu, e a igreja descerá com o seu Senhor, a fim de ser instalado o Trono de Glória, efetuado o Julgamento das Nações
e inaugurado o Milênio; iv. a
conquista (vs 31) dos domínios espirituais — “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2 Co 10.4-5)! Jesus, ainda hoje, procura discípulos que estejam prontos e anelantes em rejeitar as suas próprias conveniências e, como os onze, seguir no cumprimento das suas santas e benditas instruções!
Nome oriundo do hebraico Zekjar-yáh. É mencionado cerca de 56 vezes nas Sagradas Escrituras onde o mesmo é atribuído a vinte e oito personagens como: reis (2Rs 14.29; 15.8); líderes ou chefes (1Cr 5.7, 2Cr 35.8); um porteiro (2Cr 26.2); um levita (2Cr 17.8); um profeta (Zc 7.1,8); e um sacerdote (Lc 1.5). O profeta Zacarias é o décimo primeiro profeta menor veterotestamentário. Sua biografia visa certos aspectos inerentes a sua genealogia, instrução e ofício, tais como: (1) Filiação Sacerdotal: proveniente dos lombos de Baraquias e de seu avô Ido, que foi um dos remanescentes do cativeiro da Babilônia que regressam à Jerusalém no ano 536 a.C., sob o decreto de Ciro (Nm 12.1; Zc 1.1,7); (2) Ministério sacerdotal: começou em sua juventude, no segundo ano do Rei Dario da Pérsia (Zc 2.4); e (3) Definição Nominal: seu nome quer dizer Deus lembrou; (4) Localização Geográfica: ele viveu no Reino de Judá situado no sul de Israel, tendo sua capital em Jerusalém; (5) Nascimento: nascido em Babilônia por volta do ano 536 a.C .O profeta Zacarias foi contemporâneo do profeta Ageu (Ed 5.1; 6.14), e começou a profetizar com 16 anos de idade, isto em 520 a.C. Crê-se que ele tenha sido criado pelo seu avô Ido, visto que possivelmente seu pai Baraquias tenha morrido quando Zacarias estava em sua tenra idade. É importante realçar, que quando os judeus voltaram do cativeiro da Babilônia para Jerusalém, Zacarias teve uma grande influência no incentivo do povo a reconstruir a cidade e o templo, os quais foram destruídos pelos opressores babilônicos. A história relata que Zacarias promulgou a sua primeira profecia (capítulo um), dois meses após o profeta Ageu ter promulgado a sua primeira mensagem; isto no segundo ano do rei Darío I. O livro de Zacarias tem uma conotação messiânica, por fazer alusão a várias referências sobre o Messias, apresentando-o como: Servo do Senhor, o Renovo (Zc 3.8); homem cujo nome é Renovo (Zc 6.12); Rei e Sacerdote (Zc 6.13); verdadeiro Pastor (Zc 11.4-11); e Rei humilde e pacífico (Zc 9.9-10). Em vista disso, o livro de Zacarias se subdivide em duas partes. A primeira engloba as oito visões que ele recebeu da parte de Deus (Zc 1.7 – 6.8) sobre os cavalos; os quatro chifres e quatro ferreiros; Jerusalém; o sumo sacerdote; o castiçal de ouro; o rolo; a mulher e a êfa; e os quatro carros. A segunda parte narra sobre o primeiro advento do Messias e sua rejeição, assim como o segundo advento e o seu triunfo (Zc 9.1 - 11.17; 12.1 - 14.21).