Ambiente: Jesus estava voltando do outro lado do Jordão à Galileia dos gentios, quando foi literalmente interpelado pelos publicanos e pecadores. Desta vez, não lhes interessavam os milagres, mas sim, ouvir diligentemente a sua mensagem transformadora. O que, como de costume, provocou um ódio febril nos religiosos fariseus, escribas e saduceus, os quais acusaram a Jesus:
“este recebe pecadores, e come com eles” (Lc 15.2). O Messias abre o tesouro do seu coração, e expõe a parábola mais cativante e emocionante do seu ministério! Essa parábola das perdas, em verdade é uma só. Jesus explica, na sua trilogia, as questões de uma
ovelha perdida no campo; a emoção de uma moeda
(semedi) de prata da grinalda da noiva perdida em sua casa; e a profunda dor de um
filho perdido da sua nobre família! O mais profundo cerne do amor de Deus ficou explicitado nas palavras de Jesus, não importando o número ou virtude daqueles que haveriam de ouvi-la. Nela, como não podia ser diferente, se encontra enclaustrada os três tipos proporcionais de perdas: uma
ovelha, 1% de perda; uma moeda, 10% de perda; um filho, 50% de perda! Jesus olha para aqueles pecadores, párias e rejeitados pelo sofisma religioso da nação e o capricho dos seus líderes, e sussurra aos seus ouvidos a
Parábola das Três Perdas!
Explicação: Nesta série de três parábolas, Jesus continua sua tangível lição, desta feita, passando do estágio emocionante da
ovelha perdida, e prosseguindo para uma mulher, desposada, que acidentalmente, perdeu uma
moeda de prata — um emblema usado na sua grinalda — na sua própria casa. Durante todo o ano do seu noivado, ela deveria usar a grinalda, em sua casa e em lugares públicos. Usando-a, era questão de honra e fidelidade ao noivo, assim como, marcava a
sua ansiedade para o dia do casamento. A grinalda com dez emblemas,
ou dez moedas cunhadas, enclaustrados, não era de tanto valor monetário, e sim de valor emocional e moral, por se tratar de uma jovem desposada, que a qualquer tempo, constituiria uma família com o seu noivo. Os pisos das casas naquela época na Palestina eram de piso batido ou de pedra. A fim de evitar a poeira, a umidade e o frio, toda a extensão do piso era coberta com palha. Desta feita, dificultando ainda mais, encontrar aquela moeda perdida! Portanto, para se encontrar aquela pequena moeda de prata, tinha de se retirar toda a palha; varrer diligentemente todo o piso; verificar copiosamente todas as frestas das junções das pedras e dos encontros dos pisos com as paredes. Em verdade, o maior obstáculo para se encontrar a moeda, era
a palha! Apesar de ser um trabalho muito exaustivo, valia apena por ser um objeto de alta estimação. O
emblema encontrado, a jovenzinha saía apressada pela vizinhança a fora, a fim de se alegrar pela moeda
perdida, que fora encontrada — por sua honra restaurada. Nessa bendita metáfora; a noiva representa os
salvos em Jesus; a casa a igreja local; e o objeto perdido; os
dons, a graça, a unção, os ministérios e a alegria salvífica perdidos. Sim, e perdidos dentro do Reino de Deus, dentro da igreja e, sobre tudo, por displicência! Todavia, a alegria continua,
“pois assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15.10).
Interpretação: O emblema perdido — semedi
— pertencia a uma noiva —
“Para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios 5:27). Portanto, esta parábola se refere ao Reino de Deus, ao domínio e abrangência da igreja universal de Jesus Cristo, desde a sua pomposa inauguração no dia de Pentecostes, até
o seu arrebatamento para encontrar seu noivo nos ares: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4:16-17). Enquanto a noiva aqui estiver, sempre haverá perdas, e algumas delas irreparáveis, mas com a indispensável ajuda do Espírito Santo, que ilumina toda a casa, o perdido será sempre achado! Na trilogia da
ovelha, do emblema e do filho; i. descobre-se o profundo amor de Deus para com as ovelhas perdidas —
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo [pela graça sois salvos]”
(Ef 2:4-5), mas que são criaturas de Deus; ii. para com os salvos que perderam seu primeiro amor durante a sua caminhada sobre a terra —
“Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11); iii. e pelo filho mais novo [Gentios], o pródigo que aventurou-se, deixando a casa do pai, e pelo mais velho [Israel], que apesar de velho não era maduro, por não conhecer o coração do Pai! Será que estamos tão ocupados com os afazeres desta vida, que dificilmente percebemos quando alguns dos
membros desta santa comunidade perdem a comunhão, a alegria, a unção e a visão para o futuro que o espera? Para retirar as
palha, os impedimentos espirituais que se avolumam em sua vida de fracasso é necessário, por sua vez, determinação, oração e jejum. Mas, um ingrediente indispensável, e que nunca deve ser por nós desprezados — o nosso companheirismo cristão:
“E vieram ter com ele conduzindo um paralítico, trazido por quatro” (Mc 2:3).
O nome Miqueias do hebraico significa “quem é semelhante Yahweh – Jeová”. Ele nasceu em Moresete-Gate, uma das terras de Judá. Foi o local aonde exerceu maior parte do seu ministério profético. Esta aldeia estava localizada cerca de 40 km ao sudoeste de Jerusalém. Ele exerceu sua função durante os reinados de Jotão (742-735 a.C), Acaz (735-715 a.C.) e Ezequias, todos reis de Judá (715-687 a.C.). Eles não somente são mencionados neste livro, mas em outros livros da Bíblia, sendo um deles, Jeremias 26.17-18. Miquéias foi contemporâneo dos profetas Isaías (Is 2.2-4), Oséias e possivelmente Amós. Suas profecias eram dirigidas para Samaria, capital do Reino do Norte (Israel) e para Jerusalém, capital do Reino do Sul (Judá); mesmo não havendo menção de reis do Reino do Norte no seu livro. O livro foi escrito por Miquéias e recebeu o nome do autor no Século VIII. Seu livro na Bíblia, é o sexto dos onze livros dos profetas menores. Enquanto que Isaías era profeta da cidade, Miquéias era do campo. Embora tenha vivido num ambiente rural, Miquéias estava familiarizado com as corrupções da vida da cidade, tanto em Israel como em Judá. Na sua época, ocorreram muitas crises políticas e nacionais. O Império da Assíria começou a dominar a área leste do seu território, cerca do ano 740 a.C., o que forçou Israel e Judá pagarem tributo à este novo poder político. Em 722 a.C., o Reino do Norte foi invadido e destruído, bem como a sua capital, Samaria, por Salmaneser, rei da Assíria. Tempos depois, o mesmo mal sucedeu à Judá, por continuarem desobedecendo a Deus e não se arrependerem de seus pecados (2 Rs 17.3,22,23). A palavra de Deus através, do profeta para ambos os reinos, no seu livro foi: Anúncio da destruição de ambos os reinos; denúncia Divina contra o pecado de idolatria, opressão dos ricos aos pobres, corrupção dos líderes da nação, injustiça, os falsos profetas e o juízo Divino para punição. Todavia, lembrando-os que Deus requer obediência do seu povo. E, revela a sua misericórdia, a Miquéias, quando orava; dando mensagem de esperança: a restauração da nação. E a promessa de um Rei, o Messias: seu nascimento e nome da cidade que nasceria: "E tu Belém Eufrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel" (Mt 2.6; Mq 5.2). Miquéias é consolado pela Palavra de Deus. Antes de falecer, o profeta viu muitas coisas se cumprirem do que profetizara: As dez tribos foram levadas ao cativeiro, não muitos anos depois de ele começar a profetizar. Treze anos depois, Samaria foi destruída e se tornou em resto de montões de pedras. Senaqueribe assolou a Laquis, uma cidade importante e fortificada de Judá.