A Pessoa do Espírito
Santo
Dr.
Carumuru Afonso Francisco
Brasil |
Brasileiro, conferencista, articulista e professor. |
Para que possamos entender a pessoa e a atuação do
Espírito Santo na vida da Igreja e, por conseguinte, de cada um
dos crentes, é fundamental que tenhamos um conceito correto a
respeito de quem é o Espírito Santo e qual o seu papel no plano da
salvação e no relacionamento entre Deus e os homens. A primeira
verdade bíblica a respeito do Espírito Santo é a de que Ele é
Deus, ou seja, é uma das pessoas da Trindade Divina. É importante
salientarmos isto, porque não são poucos os movimentos e
ensinadores que, dizendo-se até mesmo evangélicos ou crentes,
andam negando e distorcendo esta verdade bíblica, confundindo o
Espírito Santo com uma força impessoal, com uma emanação do poder
divino, uma influência ou algo similar. A Bíblia apresenta o
Espírito Santo logo em seu limiar, quando nos mostra o Espírito de
Deus se movendo sobre a face das águas, em meio ao caos que
existia antes da criação da luz (Gn.1:2)
e mencionará o Espírito Santo até o seu final, quando o revela
orando juntamente com a Igreja, pedindo a volta de Jesus
(Ap.22:17). Pessoa é uma palavra equívoca, ou seja, que tem
diversos significados, significados que são diferentes uns dos
outros. Assim, por exemplo, no senso comum, pessoa quer dizer
"gente", enquanto que, no direito, pessoa significa "sujeito de
direitos e obrigações". Em teologia, pessoa significa ser, ou
seja, algo que tem existência própria, uma entidade que se
distingue das demais. A Bíblia mostra-nos, com clareza, que o
Espírito Santo é uma pessoa, pois menciona atitudes e ações do
Espírito que somente uma pessoa pode ter. Mas a Bíblia não mostra
apenas que o Espírito Santo é uma pessoa, mas também mostra que
esta pessoa é divina. E como podemos saber que esta pessoa
retratada na Bíblia é divina? Porque, em primeiro lugar, as
Escrituras, expressamente, dizem que o Espírito Santo é Deus (At.5:3,4).
A Bíblia também confere ao Espírito Santo atributos que são
divinos, que somente Deus tem. A Bíblia, também, dá-nos conta de
que o Espírito Santo é, dentre as pessoas da Trindade, aquela que
atua diretamente no interior do homem e que zela pela Igreja do
Senhor enquanto ela se encontra na dimensão terrena, ou seja, é a
pessoa da Trindade que acompanha o cotidiano, o dia-a-dia do
cristão. É, aliás, este um dos aspectos mais relevantes da atual
dispensação, ou seja, do atual período de tratamento de Deus com o
homem. Através da obra expiatória do Filho no Calvário, aceita
pelo Pai, temos livre acesso a Deus, acesso este que é mantido e
sustentado pelo Espírito Santo. Conhecer a pessoa e a obra do
Espírito Santo, portanto, é, simplesmente, termos conhecimento de
como Deus orienta e guia o nosso relacionamento com Ele,
relacionamento este tornado possível pelo perdão dos nossos
pecados mediante o sangue de Jesus.
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Pentecostes
Vania
DaSilva
Estados Unidos |
Brasileira, missionária, professora e
secretária da Igreja |
A palavra Pentecostes de origem grega
significa “quinquagésimo”. A Festa de Pentecostes é denominada em
hebraico de Shavuot, que é o plural de semana. Por isso, é
também conhecida como Festa das Semanas, por ser celebrada
sete semanas após a Páscoa. Deus decretou três festas anuais, as
quais deveriam ter santa convocação, ou seja, onde todos os varões
deveriam apresentar-se no Tabernáculo, ou posteriormente no Templo (Dt
16.16): A Festa dos Pães Asmos, relacionada com a
Páscoa (Dt 16.1-8); a Festa das Semanas, Festa das
Primícias ou Festa do Pentecostes, relacionada com
as primícias da colheita de grãos, especialmente a do trigo e cevada
(Dt 16.9-12; Ex 23.16; 34.22); e a Festa dos Tabernáculos ou
Festa da Colheita, relacionada com o fim da colheita (Dt
16.13-16). A Festa de Pentecostes ou das Semanas era comemorada no
verão, no dia seis de Sivã, no principio da sega do trigo. Na mesma
época, dava-se o amadurecimento dos figos, tâmaras, cerejas e
ameixas. Segundo a Lei, todo o povo de Israel deveria trazer um
molho das primícias de sua sega ao sacerdote, o qual era oferecido
como oferta de movimento ao Senhor, a fim de serem aceitos diante de
Deus. Por esta razão, este dia é também denominado de Festa das
Primícias (Lv 23.9-14). A Festa de Pentecostes era uma festa de
agradecimento pelos primeiros frutos da terra, e ao mesmo tempo, uma
súplica para que a benção de Jeová repousasse sobre o restante dos
meses de colheita que adviriam. Sete semanas eram contadas a partir
da Páscoa e no quinquagésimo dia, era celebrada a Festa do
Pentecostes, onde havia santa convocação (Lv 23.15-21). No dia desta
solenidade, dois pães eram oferecidos em oferta de movimento ao
Senhor e sacrifícios em agradecimento e reconhecimento do absoluto
domínio de Deus, o Todo-Poderoso sobre Israel. Os dois pães
apontavam para os judeus e gentios, que receberiam o revestimento do
Espírito Santo, uma vez regenerados através do sangue de Jesus, o
Sumo-Sacerdote. Em tempos mais tarde, a Festa de Pentecostes também
passou a observar a entrega da Lei (Torah) a Moisés no Sinai. É
interessante lembrar, que no dia em que Moisés desceu do monte com
as Tábuas da Lei, três mil almas morreram devido à desobediência e
adoração ao bezerro de ouro. No entanto, no dia de Pentecostes, três
mil almas receberam vida, ao receber a Cristo, o Cordeiro de Deus
(Jr 31.33). A Festa das Primícias apontava para Jesus e sua
ressurreição, como as primícias dos que dormem (1Co 15.20). Porque
seu sacrifício foi aceito diante do Pai, a colheita tem sido
abundante durante todos os séculos. “Se o grão de trigo, caindo
na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”
(Jo 12.24). Durante o tempo neotestamentário, muitos judeus devotos
de vários países iam a Jerusalém para observar a Festa da Páscoa e
ficavam até a Festa de Pentecostes. Daí a razão, de haver em
Jerusalém judeus, varões religiosos de todas as nações que estão
debaixo do céu. (At 2.5b) Por isso, foi de grande importância a
observância da palavra de Jesus, em que os discípulos ficassem em
Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder (Lc 24.49). A
festividade judaica do dia de Pentecostes assumiu outro rumo com a
descida do Espírito Santo, sobre o cento e vinte que se encontravam
reunidos no cenáculo, transformando a mente, coração e comportamento
dos apóstolos, para o desafio da pregação do Evangelho. Jerusalém se
tornou naquele ano, o local determinado para a inauguração da Igreja
viva de Jesus e a base de lançamento das missões transculturais, a
qual se espalhou até os confins da terra.
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