NÃO ESTEJAMOS SOLITÁRIOS
Rev. Ézio
Martins Lima
Brasil |
Brasileiro,
pastor, professor e articulista. |
"Não consigo dormir; pareço um pássaro solitário no telhado." (
Salmo 102:7 ).
A solidão é uma visita indesejável. Ela entra sem pedir licença e
incomoda sobremaneira. Quando, então, a solidão deixa de ser
visita e se torna uma companhia constante, o coração parece chorar
o sofrimento mais difícil de se suportar: aquele que se sofre
sozinho. Quando, voluntariamente, decidimos visitar a solidão, ela
se transforma em solitude. Solitude é estar só, mas não solitário.
É estar só, mas com plena capacidade de estar em comunhão consigo
mesmo e com Deus. Quem não consegue estar em solitude
possivelmente sofrerá o terrível mal da solidão. E a pior tragédia
que acomete aos solitários é o sentimento de vazio interior.
Quando estamos vazios de sentido, quando perdemos o norte, a
direção, então a solidão invade totalmente nosso ser e, por isso,
entramos na crise da existência. A dor que lateja no coração
solitário é a dor de estar desacompanhado de si mesmo. É sentir-se
perdido dentro de si mesmo. Solidão existencial é a crise do ser
humano diante de si mesmo. É a nossa incapacidade de lidar com
aquilo que nos é peculiar. Caímos enfermos quando somos acometidos
de solidão justamente porque a solidão é a presença da ausência, e
sentir-se ausente de si mesmo leva o ser humano a crises cujas
conseqüências são desastrosas. A solidão pode acometer-nos quando
somos tolhidos da presença daquilo que mais amamos. Quando
perdemos a presença daquilo a que damos o nome de "sentido da
nossa vida", então a solidão invade e nos domina. Quando perdemos
as coisas e as pessoas, ou sentimos a ausência das coisas e das
pessoas que amamos, então o nome perde o sentido por não encontrar
o referencial do que é significado. O significante sem o
significado torna-se, portanto, vazio. É aí que entra a solidão! É
que a solidão é visita que só se faz companhia quando encontra uma
casa vazia. A solidão, por isso, tem um aspecto extremamente
positivo. Mostra-nos o desajuste no qual nos encontramos por não
ter a presença daquilo ao que damos o nome de essencial. Resolver
o problema da solidão, portanto, sugere ou que tenhamos aquilo que
desejamos, ou que mudemos os nomes que previamente já programamos
dentro de nós como essencial para nós. O segundo passo, claro, é
bem mais complexo, contudo pode ser o melhor caminho se o primeiro
for inviável, haja vista que geralmente os solitários crônicos não
sabem o real motivo da sua solidão. Dizem: "sinto-me sozinho, mas
não sei o porquê." Ora, se não se sabe "o porquê", talvez seja por
ele não existir mesmo. Alguns teóricos denominam isso de "solidão
essencial." A cura para solidão essencial é dar sentido à
existência. Damos sentido à existência quando reconhecemos que
precisamos buscar a presença que nunca se faz ausente. Ora, não
podemos dizer isso em relação às coisas e nem às pessoas, já que
coisas podem ser perdidas, roubadas, quebradas, destruídas. As
pessoas podem nos abandonar, rejeitar, trair. A Presença, portanto,
que nunca se faz ausência é aquela que só podemos encontrar em
Deus, na pessoa de seu Filho Jesus Cristo, que disse aos seus
discípulos: "eis que estou convosco todos os dias até a consumação
dos séculos." Note, ele não disse estarei, estaria ou estive, ele
disse: ESTOU!
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Provação
Mbaxi
Cabral
U.S.A. |
Angolano, professor e
músico. |
De conformidade com o dicionário de Língua
Portuguesa, o substantivo feminino em questão é
proveniente do Latim “probatióne”
que quer dizer: demonstrar com provas; testemunhar;
submeter a prova; ensaiar; patentear; degustar para
apreciar o estado ou o sabor de algo; padecer; e
experimentar. A palavra provação é
mencionada nas Escrituras Sagradas no sentido de
testar e examinar. É importante realçar que a
palavra “provação“ não é sinônimo de “tentação”,
porque a provação é proveniente de Deus e a tentação
é proveniente do diabo. Fazendo uma analogia do tema
em questão, podemos observar que todo o ser humano
em sua vida quotidiana é provado para que seja
aprovado, com o objetivo de adquirir maturidade. Por
exemplo: Toda criança vai para uma escola primaria
para aprender a ler e a escrever. A medida que ela
passa de um nível para outro, ela aprende a
informação básica para entender o próximo nível,
isto falando sobre o conhecimento educacional. Mas a
maturidade é adquirida pelo ser humano de
conformidade com a experiência diária, passando por
diferentes testes que as circunstâncias da vida lhe
oferecem. Da mesma maneira, todo o cristão é provado
para que seja aprovado, com o objetivo de que a sua
fé seja provada e conseqüentemente aprovada por
Deus, para aquisição de madurez espiritual. Este
fato foi vivenciado por muitos homens de Deus
relatados na Velha Aliança,
nomeadamente: Ló que era um homem
temente ao Senhor, perdeu tudo que tinha, até mesmo
sua saúde, mas não negou ao Seu Deus (Jó 13:15);
Abraão que saiu da sua terra e da sua
parentela sem saber para onde ia mas obedeceu sem
questionar (Gn 12: 1-20); aceitando o desafio de
oferecer seu filho Isaac em sacrifício, confiando
que o Deus que ele servia, proveria o cordeiro em
lugar de seu filho (Gn 22:7,8). Na Nova Aliança
encontra-se uma lição de edificação, na vida de
Pedro que era um autentico pescador.
Entretanto, a Bíblia Sagrada narra que após o
apóstolo Pedro e seus companheiros terem pescado a
noite inteira sem conseguir apanhar nenhum peixe;
ele passou na prova da obediência quando Cristo
disse: “Lança a rede para outra banda do barco” (Lc
5:4,5). Em síntese, não existe crente maduro que não
passe pela prova de Deus e que não vença a tentação
do mundo, do inimigo e até mesmo da sua própria
carne; porque a tribulação produz paciência até que
o Senhor providencie o escape, e a provação produz
madurez espiritual (II Tm 2:15).
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