Missionário, Um Mártir Sem Méritos!
Antonia Leonora Van Der Meer
Brasil |
Brasileira,
missionária em Angola e
professora. |
Missionário!
Para mim é um ser santo, uma pessoa chamada para sofrer. É alguém
que não se preocupa com as coisas do mundo, totalmente despojado.
Um verdadeiro mártir! É assim que muitos vêem o missionário. Um
ideal que pode ser admirado e colocado num pedestal, não um modelo
para ser seguido. E é claro que uma pessoa que está no pedestal
não precisa da nossa ajuda e compreensão. Está ali para ser
admirada ou simplesmente ao relento. Muitos missionários voltam
dos campos emocionalmente exaustos, confusos, quebrantados,
precisando muito de um tempo de renovação, cuidado e repouso. Mas
são recebidos ou como heróis, com um programa lotado de
compromissos, ou simplesmente sem nenhuma atenção. A igreja
deveria ser a família onde estes filhos fossem recebidos com amor,
carinho e cuidado. Interesse neles como pessoas e não só no
trabalho que eles realizaram. Há cristãos que, quando ouvem
relatos de crises ou encontram o missionário doente, magro e
exausto, sussurram: “esse é um verdadeiro missionário!” Mas,
quando o mesmo missionário passa por uma fase mais tranquila,
facilmente surgem críticas as desconfianças e os gritos febris:
“Ele fica viajando por aí com nosso dinheiro... que trabalho
realmente está fazendo?” O que significa mártir? Vem da palavra
'ser testemunha', 'dar testemunho'. Mas aí o martírio não é
privilégio só de missionários, e sim de todo cristão verdadeiro. O
que vemos na igreja primitiva? Certamente houve alguns mártires
que morreram pelo seu testemunho. A maioria deles recebia vários
tipos de apoio de igrejas e irmãos, e não buscava o sofrimento.
Este vinha sem ser convidado, muitas vezes inspirado, e era
enfrentado com fé e coragem pelos Discípulos, que até se sentiam
honrados por sofrerem pelo Seu nome. Será que
estou defendendo a volta de uma busca do martírio? Não! Mas se não
estamos dispostos a encarar seriamente essa possibilidade como
consequência de nosso ministério em situações de crise, teremos de
abandonar muitos dos campos missionários mais carentes. No século
19, muitos missionários iam ao continente africano sabendo que
havia um alto risco para suas vidas. 80% morriam de malária,
doença que ainda tem matado alguns jovens missionários brasileiros
na África. Isso é doloroso, mas não significa o fim de nossa
responsabilidade. Mais difícil é a situação em muitos países, onde
o fundamentalismo religioso vê o cristão como uma ameaça à sua
cultura, família ou nação. Tem havido muitos martírios, a maioria
de simples cristãos nacionais, dispostos a arriscar suas vidas no
seu testemunho, muitas vezes sendo martirizados, sobrevivendo com
salários ínfimos que trás vergonha a qualquer limpador urbano. Que
a consciência pela santa obra missionária, atualmente tão
negligenciada pelos Ministérios e Igrejas, possa atrair a muitos
santos e santas de Deus para a última colheita de almas dos países
pobres e carentes deste mundo perdido, deste mundo de Deus!
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Incredulidade
João Luis
Cabral
Estados Unidos |
Angolano, diácono, Diretor de Música e membro da Diretoria. |
Vocábulo
proveniente do latim ‘incredulitate’, repugnância em crer,
desconfiança, ausência de fé nas providências e na força do decreto
de Deus. O mesmo aparece cerca de dez vezes no Novo Testamento.
É expressa por meio de dois vocábulos gregos no Novo
Testamento – apistia
e apeitheia. De
conformidade com
The
Vocabulary
of the Greek
Testament,
1930, a
palavra
apeitheia, juntamente com
apeitheõ e
apeithës, ‘denota
invariavelmente a desobediência, a rebelião e contumácia’. Assim
sendo, o apóstolo Paulo frisa sobre a misericórdia alcançada pelos
gentios pela desobediência dos judeus
(Rm 11:30).
Essa desobediência se origina da
apistia, ‘falta de fé e confiança’;
esta é um estado de mente, enquanto que a
apeitheia é a sua expressão. A
incredulidade em todas as suas formas, é uma afronta directa contra
a Veracidade Divina
(1Jo
5:10
), sendo esse o motivo por que é um pecado tão hediondo.
Porém, a incredulidade não aniquila a
fidelidade
de DEUS (Rm 3:3,4;
2Tm
2:13).
Os filhos de Israel não entraram no descanso oferecido por DEUS por
dois motivos: 1)
Faltava-lhes a Fé-apistia,
(Hb
3:19);
eram
desobedientes-apeitheia,
(Hb
4:6);
a
incredulidade encontra sua expressão prática na desobediência (Hb 4:11).
A maior incredulidade manifesta-se quando o
homem, depois de ouvir a
mensagem
viva
do Evangelho, nesta tão graciosa dispensação, rejeita
deliberadamente a Cristo:
“Porque,
se a palavra falada pelos anjos permanece firme, e toda a
transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como
escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a
qual, começando a ser anunciada pelo SENHOR, foi-nos, depois,
confirmada pelos que a ouviram;”
—
Porque sem fé
é impossível agradar a Deus
(Hb 2:2,3;
11:6). |