Tenho
Saudades!
Autor
Desconhecido
Necessito
desabafar, abrir o meu
coração.
Entretanto, não quero parecer paranóico. Será que há uma
conspiração
satânica contra os pastores? As baixas são evidentes. Para
ser pastor hoje,
já não basta ser piedoso, íntegro e terno de coração.
Necessitamos,
também, ser empresários. Sei que os pastores de antigamente
gastavam muito
tempo orando, jejuando e buscando a direção de Deus para suas
igrejas. Já me
alertaram para o fato de que o meio acaba definindo a mensagem.
Ouvi que os
cultos devem ser objeto de entretenimento, que não
se
reflita com
profundidade sobre nenhum assunto. Concordei,
mas entendo que estamos numa corrida de sobrevivência e se o nome
de nossa igreja não ficar conhecido, continuaremos obscuros e pequenos!
Na
igreja,
anunciam uma mensagem muito açucarada, só prometendo prosperidade,
cura ou alívio
para os sofrimentos. Sinto saudade daquela antiga pregação do
evangelho sobre o pecado,
arrependimento,
o poder da cruz em salvar o pecador, o discipulado cristão
e a esperança
da vinda de Cristo. Por outro lado, quando me levanto em
meu púlpito
para pregar, sei que meu auditório está cada vez mais
vazio, e
as
cadeiras, uma a uma, se despendem do seu dono! Minhas
reflexões caracterizam-se pela superficialidade,
pois as pessoas dos dias de hoje não aceitam muitas exigências.
Já não devo falar muito em temas como: negar a si mesmo
e tomar a cruz; crucificar o velho homem com suas paixões, sofrer por
amor a Cristo. Faz anos que não ouço mensagem sobre os caminhos estreito
e largo; somente prosperidade, fama, saúde
mental e boa vizinhança.
Especializei-me em
ensinar a orar
reivindicando os nossos direitos de filhos de Deus.
Nossa igreja
sabe desfazer maldições espirituais. Se
as pessoas não praticam o evangelho em suas vidas é problema delas;
para mim, basta que nossos cultos sejam uma
festa.
As pessoas
parecem não
ter raízes. Disseram-me que nós, os pastores, somos
responsáveis
por criar consumidores de religião! Enfim, que mal
pode haver se as pessoas procuram um bom programa religioso, boa música
e ambiente confortável? Recuso-me a perder o resto de minha platéia propondo
solidez de
princípios bíblicos!
Mas com cadeiras
vazias, quem paga minhas contas? Chega de purismos, chega de
missões, chega de objetividade! O espírito de
nossa época é
mesmo de pouca fidelidade. Para que tentar lutar
contra as
tendências de uma geração? Darei o que as pessoas querem.
Darei? Convidarei bons
cantores; trarei pessoas com testemunhos de impacto;
pregadores manipuladores de multidões.
Convidarei?
Darei uma cara
nova aos nossos cultos. Construirei uma mega igreja. Quem
tem mais gente
pode mais no mundo religioso. Sim,
gente! Reconheço
que o diabo é ardiloso, mas temos tido o
cuidado de "amarrá-lo".
Com orgulho, nos especializamos em guerra
espiritual.
Basta promover bons cultos de libertação e seremos vitoriosos.
Não há
necessidade de entender as estruturas do sistema pecaminoso que nos
envolve,
da perdição eterna e da salvação condicional! A
perversidade do ambiente cultural não é tão preocupante assim.
Um grupo de
irmãos unge as janelas do templo todas as semanas para
que poderes
malignos não nos
toquem. Martinho Lutero, o reformador, sabia
dos perigos de comer na mesa dos
reis e de se
vestir com roupas cedidas pela corte. Nos dias que o
antecederam, a
promiscuidade religiosa começou quando profetas perderam a
voz, e
não podiam
mais dizer: assim diz o Senhor! Cederam ao conto da sereia
política. Mas isso não acontecerá
comigo, começo a respirar
o monóxido letal!
Primeiro, acreditaram que
poderiam mudar
sua geração por meio dos mecanismos políticos. Logo
perceberam que
esse meio exige muita negociação e alianças sórdidas.
Conheci alguns pastores que viveram uma espiritualidade diferente,
mas a geração deles está passando. Resta um remanescente de homens
piedosos,
creio que em
extinção. O perfil do pastor de hoje evoluiu muito. Os resultados
são visíveis, palpáveis. Ando triste e cansado,
cambaleando. Alguma coisa me rasga por dentro. Preciso de
ajuda,
e urgente!
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Neustã
Manuela
Barros - EUA
A história deste ídolo remota da rebelião do povo de Israel contra o
Senhor, nas fronteiras de Edom, quando Deus castigou-os com mordidas
mortíferas de serpentes abrasadoras. A solução para este problema,
foi a colocação de uma serpente de bronze, levantada no
meio da congregação, como resposta do clamor de Moisés ao Senhor
(Dt 21:6).
Todo aquele que, ao ser mordido, olhasse para aquela serpente de
metal era sarado. Depois deste episódio, esta serpente foi guardada
pelo povo por mais de 700 anos, e neste meio tempo transformou-se
num ídolo, chamado Neustã, ou seja, ídolo de
bronze, ao qual o povo queimava incenso (2 Rs 18:4). Foi quando então Ezequias,
ao assumir o reinado de Judá, fez aquela serpente de metal em pedaços,
entre tantos outros que destruiu. Sem dúvida recebeu fortes oposições,
sobretudo da elite religiosa, pois aquele era considerado um objeto
sagrado, uma relíquia. Paulo verbaliza seu cuidado à Igreja de
Roma, quanto à tendência humana de construir o visível para ser
adorado em lugar daquilo que ele representa — “E mudaram a glória
do Deus incorruptível em semelhança da imagem do homem corruptível,
e de aves, e de quadrúpedes, e de reptis” (Rm 1:23). A mesma
tendência horrenda ocorreu com os israelitas, construindo um
bezerro de ouro, por ocasião do regresso de Moisés do Monte Sinai
(Ex 32:1-7). A serpente de bronze foi um dos mais gloriosos tipos de
Cristo e da sua Cruz! Hoje, no melhor sentido da palavra e da
inspiração, contemplamos esta Cruz e este Cristo vulgarizados na
apresentação trivial dos ourives e suas jóias! Obviamente, se
alguém usa essa ou aquela jóia como objeto estético, a Cruz torna-se
para aquele, como nos dias de Ezequias, uma mera peça de metal! Não
deverá ser nunca o instrumento da morte de Cristo adorado, e sim,
aquele que nele se entregou para que todos pudéssemos ser perdoados e
livres! Entretanto, se o visível objeto — o cordão,
a pulseira, o brinco, o broche, o anel — substitui o invisível
soberano Deus,
este deve ser jogado fora, porque tornou-se, nada mais e nada menos,
que uma pueril Neustã!
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