Ruínas
Inúteis
Rev.
Marcos Antônio Azevedo - Brasil
Um
velho ditado afirma que reformar é sempre pior do que fazer novo.
Sem dúvida, toda reforma implica em cuidados redobrados. Lembre-se,
por exemplo, o longo e dispendioso trabalho de restauração da
figura de Davi, pintada na abóbada da Capela Sixistina, por
Michelângelo, no final da Idade Média. Conta-nos a história bíblica
que os que retornaram da Babilônia iniciaram logo o processo de
culto a Deus, através dos sacrifícios, mas, quando começaram a
encontrar obstáculos e resistência por parte do povo de Samaria,
que habitava o antigo reino do norte, tiveram de parar a construção
do templo. É assim que Deus faz. Ele chamou, preparou e enviou
Neemias para reconstruir os muros de Jerusalém. Ele usou seu servo
para reformar a cidade. Mas antes, foi preciso demolir algumas
coisas da vida do povo, a fim de que, este, preparado, pudesse lançar-se
na obra de restauração. O texto de Neemias capítulo dois, versos
11 a 20, fala das medidas preliminares que Neemias estava tomando,
antes de lançar-se na reconstrução da cidade. Ele faz, na verdade,
uma grande inspeção, a fim de verificar que tipo de força-tarefa
poderia reunir. Neemias precisou demolir, primeiro, alguns muros da
vida do povo, a fim de conquistá-lo para a reconstrução de
Jerusalém. Por oportuno perguntamos: quais os muros que precisam
ser demolidos de nossas vidas, a fim de que se construa os novos?
Neemias teve de derrubar do coração do povo os muros da
incapacidade de se confrontar com as próprias dores. O texto
informa que, após chegar a Jerusalém, Neemias levou alguns
representantes do povo, e os fez interagir com a sua própria dor,
ou seja, os fez contemplar os muros derribados, as portas queimadas
pelo fogo, enfim, defrontou-lhes todo aquele quadro dramático. Na
verdade, o próprio Neemias estava sendo confrontado com aquela dor,
com aquele sofrimento, visto ter feito sua a dor do seu povo. Muita
coisa precisava ser demolida para, só então, ser reconstruída. Ou
seja, o pouco que fora deixado das muralhas deveria ser demolido a
fim de que fosse preparado o caminho para uma substituição decente.
A tarefa era avassaladora em suas dimensões. Muitas vezes
precisamos passar pelas portas do vale, do monturo, da fonte, e, em
nossas próprias ruínas, como fizera Neemias, e verificar que, não
poucas vezes, as vias estão bloqueadas, os acessos e os caminhos,
repletos de lixo, de escombros. A grande lição para as nossas
vidas é que nunca mudaremos se continuarmos vivendo limitados pelo
nosso narcisismo, achando-nos os melhores, os perfeitos, os bons, os
tais. Em nossa vida diária, os escombros existenciais precisam ser
retirados para dar lugar a novas construções. Ou seja, para Deus
construir o novo é preciso admitir que se retire o que é velho.
No entanto, só você, com a ajuda de Deus, pode corajosamente
avaliar quais são as ruínas de sua vida, o mais das vezes, ruínas
inúteis. Deus nos ajude!
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Perseguição
João
Luis Cabral
Seu
verbo em latim, Persegui, significa seguir de perto,
vexar, atormentar tiranicamente, castigar, punir, etc. Na Bíblia
vamos encontrar dois exemplos de perseguição: a Colectiva, na vida
do povo de Israel ( Ex 14.9,10,13,14 ); e, a Pessoal, na vida dos
homens de Deus, os profetas ( Mt 5.12 ).
Este
acto foi o que caracterizou e marcou a vida da igreja ao longo de
todos esses anos. Houve dez grandes perseguições encabeçadas
pelos imperadores romanos: Nero, Domiciniano, Trajano, Adriano,
Marco Aurélio, Septímio Severo, Maximino, Décio, Valeriano e
Diocleciano, os quais em épocas diferentes maltrataram,
martirizaram os cristãos, porém a igreja seguiu triunfante e
confiante na Palavra — “Retiraram-se pois da presença do
conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer
afronta pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas,
não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo.“ (At
5.41,42). Das Perseguições romanas aos cristãos, houve vários mártires,
sendo os mais notáveis: Paulo, Pedro (por Nero); Clemente de Roma,
João, o apóstolo (por Domiciano); Inácio, Simeão, Zózimo, Rufo
(por Trajano); Telésforo (por Adriano); Justino Mártir, Potino,
Blandina (por Marco Aurélio); Leônidas, Ireneu, Perpétua (por
Septímio Severo); Úrsula, Hipólito (por Maximino, o Trácio);
Fabiano, Alexandre de Jerusalém (por Décio); Orígenes, Cipriano,
Sixto II (por Valeriano); Maurício, Albano (Diocleciano Galério).
Estes são alguns dos nossos Pais Apostólicos, os quais com muita
propriedade edificaram e fortaleceram os cristãos na defesa da Fé,
no combate às heresias, e no ministrar da Sã Doutrina à Teologia
Bíblica, negando-se a si mesmos, dando suas próprias vidas por
amor de Cristo Jesus nosso Senhor. É imprescindível realçar, que
em meio a tanto assombro a igreja prosseguiu sem temor e com maior
firmeza e com mais vigor, “Olhando para Jesus autor e
consumador da fé “, porque as provações, perseguições e
tribulações nunca ofuscaram a fé, o amor, a visão e a esperança
da Noiva de Cristo, mas muito pelo contrário, a fazem crescer,
amadurecer e vencer na presença do Senhor para herança do céu dos
céus; (Rm 5.2-5; 8.31-39). Assim a igreja continua a sua caminhada
até a vinda gloriosa do Senhor Jesus Cristo, seguindo firme,
constante e abundante na Obra do Senhor, “Tendo por certo que
as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória
que em nós há de ser Revelada."
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