A Reforma não é uma criação da velha estrutura religiosa, nem uma pele bronzeada para cobrir o esqueleto doente de uma teologia herege. A Reforma não é uma mudança epidérmica motivada apenas pela busca do novo. A Reforma é uma volta às Escrituras, um retorno à doutrina dos apóstolos, um compromisso inalienável com a verdade divina. Vamos, abordar três áreas na vida da igreja contemporânea que precisam de Reforma profunda, urgente e bíblica: 1. Precisamos de Reforma na Teologia - A teologia é a base, o alicerce e o fundamento da vida. A ética decorre da teologia e não esta daquela. A teologia determina o comportamento; a doutrina rege a vida. Se a teologia estiver errada, a vida não pode estar certa. A igreja cristã havia se desviado da doutrina dos apóstolos e acrescentado muitos dogmas estranhos e heréticos ao seu arcabouço doutrinário. A Reforma denunciou esses erros, eliminou-os e colocou a igreja de volta nos trilhos da verdade. Hoje, precisamos de uma nova Reforma. Há muitos desvios e muitos acréscimos absolutamente estranhos ao ensino bíblico presentes em algumas igrejas chamadas evangélicas. O liberalismo com sua falsa sapiência duvida da integridade da Escritura e tira dela as porções que lhe incomodam ou interpreta à revelia as partes que lhe convém. Se o liberalismo tira da Escritura o que nela está, o misticismo acrescenta à ela o que nela não está. Precisamos de uma Reforma não só para nos colocar de volta na vereda da verdade, mas também para mostrar-nos que o conhecimento das Escrituras não é contrário à piedade, mas sua essência. 2. Precisamos de Reforma na Liturgia - Se a teologia é a base da vida, a liturgia é a manifestação da teologia. Aquilo que cremos, professamos no culto. O culto é a manifestação pública da nossa fé. Uma das razões mais gritantes que evidenciam a necessidade urgente de uma nova Reforma é o esvaziamento da pregação nas igrejas evangélicas. Perdemos a centralidade de Cristo no culto e a primazia da pregação das Escrituras. Estamos nos capitulando à proposta do culto show. Em muitas igrejas o púlpito foi substituído pelo palco, a Bíblia pelo entretenimento e o choro pelo pecado pela encenação glamourosa. As músicas estão se tornando produto de consumo. As letras dessas músicas, com raras exceções, estão cada vez mais vazias de conteúdo bíblico e os cantores gospel cada vez mais populares. Precisamos de liturgia pura, que coloque Cristo no centro do culto em lugar do homem no centro. Precisamos de liturgia onde a mensagem não seja mercadejada, onde o evangelho não seja diluído para agradar a preferência dos ímpios. Precisamos de uma liturgia que glorifica a Deus, exalte a Cristo, honre ao Espírito Santo, promova o evangelho, edifique os santos e traga quebrantamento aos incoversos. 3. Precisamos de Reforma na Vida - A ortodoxia é insubstituível, porém, apenas doutrina certa não é suficiente se nós não a colocamos em prática. A ortodoxia morta mata tanto quanto o liberalismo e é tão nociva quanto o misticismo. Precisamos nos acautelar para não cairmos no laço de um intelectualismo vazio e de uma ortodoxia morta. Precisamos de luz na mente e fogo no coração. Precisamos ter cuidado da doutrina e também da vida. Precisamos crer na verdade e viver na verdade. Precisamos de uma Reforma que nos ponha de volta no caminho de uma vida cheia do Espírito Santo. Que Deus nos ajude a buscarmos essa Reforma da teologia, da liturgia e da vida!
Disciplina é a prática, submissão e observação a certos preceitos que regulam e orientam o viver cotidiano do indivíduo, seja este imposto, ou por livre vontade. Disciplina também se traduz como educação, instrução, treinamento, punição e trazer baixo o controle. O povo de Deus tem, no decorrer de sua história sido instruído, disciplinado no conhecimento e vontade do Senhor (Ex 19.7; Js 1.7; 2 Tm 3.14,15). Quanto à segunda definição a disciplina torna-se uma virtude desejável, admirada, relacionada ao sucesso daqueles que a utilizam com frequência. Neste sentido a Palavra traz três símbolos na Bíblia Sagrada que explicam a necessidade de viver uma vida disciplinada: o Soldado – disciplina na aflição (2 Tm 2.3-5), o Atleta – disciplina no cumprimento das regras (1 Co 9.25); e o Lavrador - disciplina da paciência e perseverança (Jo 4.36; I Co 9.7b, 10-12). Ter uma vida cristã disciplinada é submeter-se aos exercícios espirituais prescritos na Bíblia, cujo objetivo é proporcionar ao crente uma intimidade singular com Deus (Hb 12.8). Essas três ocupações requerem um rígido exercício disciplinar para que possam ser exercidas a contento. Todas estas ocupações estão biblicamente comparadas com a vida do crente. O exercício da disciplina como regime de ordem é beneficial para o crente e chega a ser essencial. Para uma vida cristã consagrada, a disciplina da leitura bíblica, da oração e do jejum são fundamentais. Não como prática aliatóreas, mas verdadeiramente numa vida disciplinada, tendo sido Jesus mesmo, um vivo exemplo de tal disciplina (Mt 17.21). O Livro de Provérbios fala sobre disciplina própria e da criança, mais do que todos os demais livros da Bíblia Sagrada. A geração secularista dos nossos dias, imersa na cultura humanista, na influência pagã, liberalista e na Nova Era, se torna um desafio para a família cristã e para a Igreja que deseja viver segundo os ensinos da Palavra de Deus, quanto à uma vida disciplinada. Quando se fala de disciplina ou correção na Bíblia Sagrada, todo o crente deve submeter-se à ela por dois propósitos: 1º Para o bem espiritual da Igreja, ou seja, para proteger a Igreja de qualquer contaminação do pecado (1 Co 5.6); para proteger a Igreja das doutrinas falsas (1Tm 3.15); para servir de advertência aos demais (At 5.11) e para proteger o testemunho da Igreja. Em 2º a disciplina serve para o bem da própria pessoa. O seu propósito é de restaurar e sarar (Hb 12.5-11), bem como trazer saúde e vida espiritual (Tg 5.19-20). É importante lembrar que a disciplina tem um caráter paternal, e a advertência da Biblia é: “Porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos” (Hb 12.6,7).