Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso, e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta” (Hebreus 12.1). Uma das grandes verdades sobre Deus é que Ele sempre tem um plano de contingência, e entre os seus planos, Ele tem uma maneira de nos fornecer exemplos de como ser um grande homem ou uma grande mulher de Deus e testemunha de Cristo. O verso original em Hebreus diz-nos dos muitos precedentes, podemos olhar para cima: um homem de Deus na grande nuvem de testemunhas seria o apóstolo Paulo, homem cujos argumentos acerca do cristianismo trouxeram milhões a Cristo, e, em seu tempo, muitos aceitaram essa verdade por ele pregada. Eu não posso pensar em um melhor exemplo para começar, quando se trata de apologética, e essa testemunha magistral mencionada em Atos 17.16-32. Você já se fez esta pergunta: "Existe algum momento específico da história que gostaria de visitar?" Para mim, eu gostaria de estar sentado no Areópago, naquele momento particular, ouvindo a pregação de Paulo. Os gregos, nessa passagem, são muito semelhantes à classe dos acadêmicos modernos, os intelectuais, sempre procurando algo novo para meter suas garras. Paulo estava feliz e apresentou o pensamento cristão de uma forma que os atenienses poderiam facilmente entender. Em outras palavras, ele apresentou o cristianismo no nível dos atenienses e ele mesmo adota o altar ao Deus desconhecido em sua defesa, reconhecendo que “… esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.”. Outro ponto apresentado nessa passagem é o fato de que Paulo não ganhou todos a Cristo, mesmo com uma das maiores apresentações cristãs da história. Esta questão é muito importante a considerar, pois é certo que não vamos convencer todos de aceitar a verdade, mas nem por isso devemos desanimar se alguns não querem nos ouvir. Por fim, o exemplo que devemos tirar de Atos 17 é o amor que Paulo coloca em seu discurso; nenhuma vez Paulo fala em tom de voz de pessoa que não tem amor. Enfrentaremos a rejeição de ateus, descrentes e outros que podem até nos agredir, ofender e forçar um ar de condescendência ou ridículo, mas o exemplo que Paulo nos dá, usando o altar do Deus desconhecido, é que ele não ridiculariza, nem ironiza os atenienses, e ainda é eficiente em sua oratória. Esta é uma importante lição para tirarmos na apologética desta passagem. Muitas vezes, os adversários do cristianismo estão depreciativos e condescendentes e precisamos focar em o que é de fato ser cristão e fazer apologética. Após a leitura desta passagem de Atos 17, a vida e o exemplo do apóstolo Paulo devem nos beneficiar em como fazer apologética — como pregar o Evangelho.
Paulo, o apóstolo dos gentios, em sua carta aos Corintios, identifica a diversidade das perseguições sofridas após sua conversão, durante seus aproximadamente 30 anos de ministério (2 Co 11.16-33). Paulo sofreu pelo menos três encarceramentos durante sua vida. O primeiro em Filipos, quando em obediência à voz do Senhor, passou à Macedônia (At 16). Este aprisonamento foi de apenas um dia, após o livramento dado a uma jovem endemoniada. Ambos Paulo e Silas foram lançados no cárcere interior, assegurados seus pés ao tronco, após serem açoitados. Por uma intervenção divina, um terremoto abre as prisões daquele cárcere, e o apóstolo é liberto, e viaja no próximo dia para Tessalônica. A segunda prisão do apóstolo é dada no fim de sua terceira viagem missionária, quando retorna à Jerusalém, por volta do ano 57 d.C. Ao entrar no templo, Paulo é arrastado pelo povo que o queria matar (At 21). O tribuno toma Paulo das mãos do povo e o leva preso para a fortaleza, onde é interrogado. Devido à conspiração e ciladas dos judeus contra Paulo, Claudio Lisias decidiu enviá-lo até Cesaréia para ser julgado perante o governador Félix (At 23). Paulo foi guardado no pretório de Herodes, e esteve preso durante dois anos em Cesaréia (At 24-26). Durante o seu tempo em Cesaréia, Paulo teve a oportunidade de testificar do evangelho a Felix, Porcio Festo, rei Agripa, a tribunos e varões principais da cidade. Por não querer ser julgado em Jerusalém, e exercendo o seu direito de cidadão romano, Paulo faz o seu apelo para César. No outono do ano 59 d.C., ele juntamente com Lucas e Aristarco, e mais 273 passageiros seguem para Roma em um navio de carga, numa dificultosa viagem pelo Mar Mediterrâneo, cuja embarcação sofre naufrágio (At 27). Eles navegaram até a ilha de Malta (ou Melita), onde invernaram, até que outro barco pudesse os levar a Roma. Após três meses, no principio da primavera do ano 60 d.C., uma embarcação alexandrina parte de Malta. Sua viagem desde Cesaréia até chegar a Roma teve uma duração de seis meses. Sua terceira e última prisão deu-se em Roma (At 28). Paulo teve a oportunidade de estar durante dois anos em prisão domiciliar, acompanhado de um soldado, e com toda liberdade de receber e pregar a todos aqueles que o vinham ver (At 28.30,31). Várias perguntas, entretanto, pairam no ar: Paulo chegou a ser julgado? Chegou a prestar depoimento diante de César? Foi absolvido? Voltou a ser preso? As cartas de Paulo escritas na prisão (Efésios, Filipenses, Colossenses, Timóteo, Tito e Filemom) dão-nos alguma luz sobre os últimos dias do apóstolo. Paulo com certeza recebeu uma audiência, porém nada poderia ser feito enquanto os promotores não estivessem presentes para prestarem suas acusações. É possível que o apóstolo tenha sido posto em liberdade pelo longo tempo de espera, e tempos depois tenha sido novamente preso por mandado do império. Ele escreve a Filemon prevendo a sua liberdade e pede que ele prepare hospedagem (Fm 1.22). Paulo relata a Timóteo que ninguém esteve presente em sua primeira defesa (2Tm 4.17). Durante sua estadia em Roma, o evangelho foi de grande forma propagado entre a guarda pretoriana e até mesmo na casa de César (Fp 1.13; 4.22). A tradição defende que Paulo foi condenado e executado pelo Imperador Nero. A certeza deste fato temos em Atos 27.24, quando o anjo de Deus aparece a Paulo no naufrágio e diz que importava que ele fosse apresentado a César. Como prisioneiro do império, Paulo é mantido no calabouço da prisão mamertina, localizada no fórum romano, antes de seu martírio. Suas últimas palavras são registradas a seu filho na fé Timóteo: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4.6,7). Paulo que um dia teve um encontro com Cristo fora das portas de Damasco, é decapitado fora das portas de Roma, na Via Ostia, para estar eternamente com aquele que o chamou para ser o apóstolo dos gentios.