Desde o útero, sofremos interferência do meio e da família em que vivemos. Uma gestação desejada, na qual os pais e a parentela estão harmonizados para receber o novo ser com afeto e comprometimento, certamente gera filhos mais seguros e tranqüilos. Um lar desajustado gera um desequilíbrio de humor na gestante, que será vivenciado pelo feto até mesmo quimicamente. Já pais ajustados, que se amam e se respeitam, irão formar filhos mais saudáveis física e emocionalmente. Contudo, é a partir dos primeiros dias de vida do bebê que as funções educadora e formativa da família começam a se tornar mais evidentes. Desde cedo a criança começa a discernir entre o sim e o não, o certo e o errado, a conhecer e dominar regras, valores e normas, bem como a sofrer as conseqüências ao quebrá-las. E nestes primeiros meses e anos é primeiramente a família (pais, filhos e irmãos), e depois a parentela (avós, tios, primos etc) que agirão na e sobre a criança, completando seus gestos, interpretando seus movimentos, direcionando suas ações e ensinado as regras de convivência na sociedade em que vivem. Quanto mais os anos passam, mais importantes e atuais se tornam as palavras de Salomão: “Ensina a criança no caminho que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”, Pv 22.6. O ensino não só informa, mas forma o caráter e interfere na aquisição das propriedades psicológicas humanas, como inteligência, atenção, memória e linguagem, entre outras. Vale ressaltar que ensinar ou educar os filhos não é uma opção dos pais, mas uma obrigação, um dever da paternidade ou da maternidade. Há muitos avós e parentes que, pela impossibilidade dos pais, criam muito bem algumas crianças. Contudo, quando os pais estão presentes e ignoram os seus compromissos, ou tentam repassar para outros a responsabilidade de educar (para professores da Escola Dominical ou da escola regular, para avós, tios e empregadas), certamente serão pais que colherão desamor e vergonha. Não podemos esquecer que todos nascemos sob o pecado, e que mesmo a criança já tem uma tendência a errar. Ela testa os limites colocados pelos pais, ignora os nãos, busca os seus interesses e procura sempre fazer o que lhe dá prazer. Assim sendo, se ela não for educada, se só fizer o que quer e não for bem direcionada, acabará gerando tristeza para seus pais (Pv 28.17; 29.15). a) Ensinado pelo exemplo: A primeira forma de aprendizagem se dá através da imitação. O bebê, desce cedo, imita o sorriso, os movimentos, a fala e os atos dos que o cercam, antes até de poder interpretá-los. Isso significa que os primeiros sorrisos ou carinhos do bebê acontecem porque alguém sorriu para ele, e não porque ele quis ser simpático ou afetuoso. Só depois de alguns meses é que seus atos começam a ser intencionais. Observamos o outro e aprendemos pela imitação a usar uma gravata ou um xale mais sofisticado, ou imitamos a maneira de utilizar os pauzinhos num jantar chinês ou japonês, por exemplo. Por mais importante que seja o ensino formal, a leitura dos textos bíblicos ou a educação na igreja ou na escola, é o exemplo dos pais e dos irmãos que formarão os primeiros sistemas de ações. Assim sendo, pais que não comem legumes não podem ensinar seus filhos a serem vegetarianos. Pais que não dizem obrigado ou por favor, não terão filhos educados. Ou pais agressivos, que falam alto e asperamente, não formarão filhos mansos e calmos. Já os pais que são justos, formarão filhos justos e felizes (Pv 20.7). Se você quer que seus filhos falem a verdade, não minta, nem de “brincadeira”. Se sua intenção é a de que eles se firmem na igreja, não vá à Casa de Deus de má vontade e não fale mal do seu pastor. Se quer ter filhos carinhosos, dê carinho, colo e afeto. Lembre-se que as duas coisas mais importantes a deixar para os filhos são exemplo e exemplo. b) Ensinando por valores: A despeito das crianças terem espírito, e portanto nascerem com o caráter moral de Deus impresso nelas, os valores que evidenciarão e formarão o bom ou o mau caráter deverá ser ensinado pelos pais. É como se os filhos tivessem o mapa, a potencialidade, mas somos nós quem devemos dar as coordenadas – são os pais que podem dar as diretrizes para que os filhos sejam tudo o que Deus quer que sejam. Portanto, ensine, não importa a idade ou a maturidade dos seus filhos. Ensine regras básicas de educação à mesa (como saber comer de boca fechada ou usar os talheres) e de convívio social. Ensine normas sociais como respeitar os mais velhos, obedecer a autoridades, não usurpar bens dos outros, não maldizer ou fofocar. Abra a Bíblia e ensine leis divinas básicas como não mentir, não fornicar, amar o inimigo e honrar os pais (Pv 10.1).
Virtude é um substantivo proveniente do latim virtus que quer dizer: índole própria ou ato que alega bons resultados, capacidade de agir virtuosamente, qualidade latente que leva a um indivíduo a proceder com austeridade, vigor, eficácia, pudicícia e castidade (Priberam, 2013). Entre o ano 62 a 63 d.C., o apóstolo Paulo funda a igreja de Filipos em sua segunda viagem missionária, em obediência ao chamado divino que ele recebera na cidade de Trôade (At 16.9-40). Tempos depois, o apóstolo Paulo adverte a igreja de Filipos a permanecer na obediência, que é uma das virtudes que Deus requere de seus filhos (Fp 2.12). Obedecer é sinônimo de fazer a vontade de outrem, submeter-se ou seja seguir as instruções de alguém na sua íntegra (Priberam, 2013). Nos tempos primórdios, Deus rejeitou a Saul, e não respaldou o seu reinado por falta de obediência em sua vida; repreendendo-o severamente por intermédio do profeta Samuel que disse: “Eis que o obedecer é melhor que o sacrificar” (1Sm 15.22a). Por isso, as Sagradas Escrituras são muito enfáticas em requerer a obediência da igreja local aos seus pastores (Hb 13.17), a obediência dos filhos aos seu pais (Ef 6.1) e a obediência dos súditos ou subordinados aos seus senhores ou líderes (Ef 6.5). Para além da obediência, o apóstolo Paulo tambem faz alusão ao regozijo e a alegria que são virtudes que transparecem na vida de todo o salvo em Cristo Jesus que retêm a Sua Palavra no seu coração. Ou seja, a Palavra de Deus é inerrante e coerente nos seus ensinamentos. Por exemplo, a imutabilidade divina não foi somente revelada no período veterotestamentário, na vida de Neemias e do povo de Deus em trazer alegria aos seus corações através da palavra ensinada (Nm 8.9-1). Mas também, no período neotestamentário, onde o Espírito Santo não é mais dado por medida, mas na sua plenitude para alegrar ao crente. Logo, o gozo é o segundo fruto dado pela terceira pessoa da trindade (Gl 5.22). Por consequência, ainda que o crente esteja passando por tribulações, o seu coração não deixa de ter a virtude do gozo no Espirito Santo (Rm 14.17). A bíblia narra que Paulo e Silas foram capazes de cantar hinos ao Senhor, mesmo estando encarcerados (At 16.16-26). É importante realçar que a Espístola aos Filipenses aborda várias virtudes que devem emanar da vida dos crentes, no intuito de forjar o seu testemunho, transluzindo a sua irrepreensibilidade, sinceridade, o seu temor a Deus; e resplandecendo assim como astros no mundo (Fp 2.15). Em suma, só aquele que experimentou a salvação pode verdadeiramente ser a luz do mundo e anunciar as virtudes daquele que o chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.