Jesus saindo do templo com os seus discípulos pelo Vale de Cedrom, à caminho do Monte das Oliveiras, pronunciou um dos mais veementes veredictos sobre a nação, seus líderes e o próprio lugar do culto sagrado judaico, o Templo: “Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta; porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt 23.38-39)! No prolongado sermão escatológico, Jesus tomou como seu epílogo as duas parábolas semelhantes: As Dez Virgens e Os Talentos. No sequencial exegético, não há nenhuma quebra de narrativa, dando a entender que a mensagem nelas contida era a mesma! Na Parábola das Dez Virgens a atenção fora chamada para o caráter interior; quando na dos Talentos, havia a necessidade de cuidar dos bens do seu senhor. Enquanto a mensagem das Dez Virgens nos exorta à prontidão espiritual para a vinda de Cristo nas nuvens; a dos Talentos nos lega um apelo, com nos dias de Neemias, que trabalhemos enquanto o Mestre não chega! A mensagem conclusiva, portanto, foi: trabalhemos e vigiemos! Sentados no cimo do monte, seus rostos avermelhados pelo pôr do sol africano, seus corações palpitavam ao lado do Mestre, anelando que esse dia chegasse, e chegasse pronto: quando acontecerão estas coisas? O cenário aqui se dá a caminho do Monte das Oliveiras, pelo Vale de Cedrom, quando Jesus explicita o que haveria de ocorrer imediatamente à sua retirada da terra, e o início do aparecimento do anticristo e a destruição do povo de Deus e da sua cidade — “E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações” (Dn 9.22)! Nessa época, por existir um limitadíssimo tempo para que os planos de Deus fossem executados, as duas parábolas, da Mina e dos Talentos, foram um urgente apelo para que todos nós pudéssemos estar imbuídos e determinados na pregação dos Evangelhos, e no resgate maior possível das almas, quer gentílica ou judias. Os dons proporcionados por Deus aos evangelistas da Graça atual e do Reino vindouro, deveriam surtir grande e imediatos efeitos. Ao ponto que, o servo que escondeu o seu talento, foi posto para fora, nas trevas exteriores! A oportunidade foi única e justa igualmente dada a todos os servos: chamou, entregou e deu a cada um! A ênfase colocada pelo Senhor foi a fidelidade e a responsabilidade, e não a quantidade granjeada pelos servos — “E o seu senhor lhe disse: bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei” (Mt 25.20). Enfim, Deus não necessita de nada, pois Ele é soberano e dono de todas as coisas. Apesar da soma entregue aos servos ter sido enorme nessa época, e como hoje, o Senhor declarou: Sobre o pouco foste fiel! Hoje vivemos nos últimos momentos desta dispensação, e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo está tão próxima como não imaginamos! A Parábola dos Talentos nos mostra muito claro que, os que trabalharam fielmente, não importando quantos talentos tenham recebido, entrarão no gozo do seu Senhor — “...cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho” (1 Co 3.8). Portanto, a eliminar não impedirá que o julgamento seja aplicado para os que, recebendo o chamado, sendo a eles entregue e dado os dons e oportunidades, forem infiéis e displicentes! O infiel adjetivou o seu senhor de injusto, de vingativo e sem misericórdia! Por suas palavras o servo mau se condenou: i. pela sua negligência — “O que é negligente na sua obra é também irmão do desperdiçador” (Pv 18.9); ii. pela sua contradição — “Provai, e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele confia” (Sl 34.8); iii. pela sua injustiça — “O povo meu; que te tenho feito? E com que te enfadei? Testifica contra mim” (Mq 6.3). Pela sua profunda negligência, sua contradição e sua injustiça, ele foi removido do privilégio de adentrar no Reino Messiânico, sendo o seu julgamento sumário e imediato! Sem nenhuma questão, ele foi jogado nas trevas exteriores — “Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção” (2 Pe 2.12)! O relógio de Deus corre sem parar e, portanto, pouco tempo está à nossa disposição: usemos ou percamos os talentos! Uma decisão que hoje, todos devem para ela seriamente atentar!
Mestre é um homem que ensina, um instrutor, um Rabi. Existem cinco palavras hebraicas e sete gregas que descrevem o vocábulo mestre. No Antigo Testamento aparecem pelo menos cinco termos. O primeiro e mais comum é ãdohôn que significa senhor de escravos, quando se refere a homens e não a Deus, e se repete 96 vezes. Como foi Potifar, o amo de José no Egito (Gn 39:1-3). O segundo do grego oikodespotes quer dizer senhor proprietário, denotando ao chefe de uma casa (Jz 19:22,23; Mt 10:25). Rabh grande, mais velho, é palavra que ocorre por quatro vezes, com a tradução, chefe dos eunucos (Dn 4:9). No Novo Testamento, o termo mais frequente é didaskalos, mestre, instrutor. Que é encontrado por 47 vezes em todos os evangelhos. Epistales, superintendente, supervisor; uma palavra encontrada no evangelho de Lucas, onde se repete 6 vezes, sempre quando os discípulos se dirigiam a Jesus. Kyrios, senhor é usado com muita frequência significando Deus ou Cristo (Ef 6:9). A palavra mais usada rhabbi, rabino, derivado do hebraico rabbi, meu mestre é usada exclusivamente a respeito de Jesus. Jesus no seu ministério era chamado de bom mestre, por causa da sabedoria com que pregava e ensinava a Palavra de Deus. Aos 12 anos já disputava com os doutores da lei no templo. O povo reconhecia este ministério nele. Nicodemos era mestre em Israel, mas afirmou ser Jesus mestre vindo de Deus. Gamaliel foi o mestre que instruiu a Paulo nas escrituras. No período mais antigo, no período bíblico, os tutores ou mestres eram os próprios pais desempenhando assim um papel importante. O lugar exclusivo de ensino era no lar. O ministério do mestre ou também conhecido como doutor, das escrituras, é tão importante no Novo Testamento que é listado nas três listas dos ministérios (Rm 12.6-8; 1 Co 12.28; Ef 4.11). A Bíblia nos mostra o caso de Apolo (At 18.24), um homem que tinha grande eloquência para refutar judeus e provar pelas Escrituras que Jesus era o Cristo. Apolo viajava constantemente para ensinar e instruir os irmãos na Palavra. No judaísmo, os escribas eram copistas e mestres do Torah (escrituras sagradas). Eram chamados também de doutores da Lei ou intérpretes da Lei (Mt 22:35). O mestre era encarregado de conservar, transmitir e interpretar as Escrituras e preservar a tradição apostólica. Na dispensação da graça, Jesus dá cinco ministérios à Igreja para edificação da mesma. E um deste é o de Mestre — aquele que descortina textos bíblicos. Essa tarefa só é possível se o indivíduo tiver o dom concedido por Cristo. Não basta saber algumas regras da didática e ter inclinação natural, tem que ter o chamado. Quando a pessoa tem o ministério do ensino, deve dedicar-se, para dar o melhor para o Reino de Deus. Por exemplo, o ministério de Apolo foi visto por Paulo como irrigador (1 Co 3.6). Aquilo que o apóstolo dos gentios plantou, foi preservado e cuidado por Apolo. Por isso, ser mestre no sentido bíblico não significa ter formação acadêmica, contudo, ela não pode ser desprezada. A obra do mestre é edificar o corpo de Cristo, portando a Sã doutrina. A função do verdadeiro mestre é clarificar o que foi preservado nas Escrituras, e expor o sentido claro do texto. Dessa forma, o crente cresce solidamente e consegue resistir as sutilezas heréticas, que sempre de novo tentam se infiltrar na Igreja. Basta estudar um pouco a história da Igreja para ver a importância de mestres, como foi Irineu de Lyon, que preservou a tradição apostólica com zelo e força contra os gnósticos, seita que tentou transformar o cristianismo em mais uma filosofia de vida.