Nosso Mundo de
Abstracismo!
Rev. Eronides DaSilva
Estados Unidos |
Brasileiro, pastor,
professor, conferencista e articulista |
“Jesus
tomou consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou sós, em
particular, a um alto monte; e transfigurou-se diante deles”.
(Marcos 9.2). Vivemos, respiramos e sonhamos num
mundo de ilusões! Alguém já chegou a afirmar que sonhar faz bem, e
afirmo, faz, pois faz parte do mundo abstrato em que vivemos e nos
movemos. Na odisséia vivida pelos discípulos no Monte Tabor, não
foi tão diferente: eles optaram pelo abstracismo do monte do que
pelo pragmatismo do vale! Sonharam demais: “Mestre, bom é que
nós estejamos aqui, e façamos três cabanas, um para ti, outra para
Moisés, e outra para Elias” (Marcos 9.5). Esse lirismo ocorre
em nossas vidas, quando passamos por momentos de êxtase e singular
felicidade. Não queremos sair dali! Em 1987, quando estive em
Israel gravando a programação para o Renascer — programa
televisivo evangélico para a comunidade Portuguesa, durante o meu
ministério em Montreal, Canadá — senti o mesmo sintoma. Não queria
sair de lá! O ar fresco, as memórias eterna
da visita do Mestre àquele lugar, o
sussurro
de
Cana, em fim, estávamos fora do atropelo do mercado árabe, do
zig-zag dos turistas e das brigadas israelitas! E,
assim é, muito de nós, obreiros leigos ou experimentados, têm
passado tempos formidáveis na presença do Senhor, e em hipótese
nenhuma queremos sair de onde ele nos levou. É muito salutar, é
muito bom estar com ele! Mas a ironia chega a seu destino, quando
Deus nunca permite que fiquemos lá. Somos provados em nossa vida
cristã quando temos
que descer, e experimentamos
de que o poder de Deus é
manifestado em nossas vidas quando
renunciamos o nosso monte.
Oh
quão difícil
é! Lembro-me
fresco, tínhamos
terminado o magnífico
Seminário
Pleno de
Evangelização, em Angola (o
SEP é uma escola bíblica intensiva
do Sepoangol), onde a glória de Deus foi manifestada em todos
os momentos daqueles inesquecíveis onze meses. No regresso,
fizemos um escala em Bruxelas, e no período de espera do próximo
avião para Nova Iorque, fomos tomar um rápido lanche ocidental, do
qual tínhamos saudade. Por lapso de minutos percebemos que a nossa
pasta de mão, contendo algum dinheiro e a maioria das passagens,
tinha sido roubada. Após angariarmos uma quantia para compra de
algumas passagens de trem de Bruxelas para Lisboa, despedimos a
família Rodrigues com lágrimas na alma. O frio, a fome, e
estrangeiros naquela terra, fizeram nossos olhares se voltarem
para o nosso saudoso monte — Angola, e as lágrimas desceram
copiosas sobre as nossas faces magras e gélidas. Foi difícil,
confesso, descer daquele monte. Foi muito forte! Entretanto,
aprendi uma inesquecível lição: necessitamos de energia para
subirmos ao nosso monte, mas muito mais carecemos para vencermos a
inércia da descida e enfrentar os confrontos que nos esperam no
seu sapé. Aleluia! É muito gratificante ficar no monte, mas se não
descermos, nunca um prisioneiro de satanás será liberto, nunca
outro seminário será realizado, nunca outros povos ouvirão de
Cristo! Necessitamos descer, é compulsório! Amados, não fomos
chamados pelo Senhor para vivermos petrificados em nossos formosos
montes, em nossos pôr-do-sol, em nossos infindos e coloridos
horizontes! Ele nos chamou para sentimos o aroma ameno dos nossos
vales; para presenciarmos as vitórias extraordinárias do nosso
dia-a-dia; e para que a nossa histamina
e
nossa energia espiritual sejam provadas como ouro no
crisol. É
bem verdade que o nosso “Monte Tabor“ é bom e momentaneamente
indispensável para as nossas vidas.
Nele,
somos perdoados, reanimados e fortalecidos pelo
Espírito
Santo. Entretanto,
temos
de deixar
o nosso mundo de abstracismo,
e descer
com graça e transbordante amor pelos perdidos que jazem no vale
deste mundo — “E Jesus disse-lhe: Se
tu podes crer; tudo é possível ao que crê. E logo o pai do menino,
clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor;” (Marcos
9.23-24)!
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Corpo Humano
Neuza Rocha
Estados Unidos |
Brasileira,
professora e seminarista. |
A teoria da evolução, ensinada a nível escolar, insinua que o homem
originalmente pertencia a uma classe inferior e foi progressivamente
ascendendo até tornar-se o homo sapiens — ser desenvolvido, o
homem total de hoje. Entretanto, as Escrituras Sagradas, assim como
a descomprometida ciência, afirma ser o homem uma classe
distinta, separada de todas as demais, espécie humana, com
natureza própria, dotada de personalidade e de constituição físico,
psíquico e espiritual. “E disse Deus: façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1.26). O homem foi
criado do pó da terra — adamah, tendo sua forma arquiteta
desenvolvida pela mente eternamente sábia do soberano Deus, que,
depois do extraordinário engenho,
afirmou: “E viu Deus tudo quanto
tinha feito, e eis que era muito bom” (Gênesis 1.31). A formação
do seu corpo faz pasmar o mais leigo aluno de anatomia! Consistindo
de ferro, ouro, cobre, fósforo, açúcar, sal e cálcio, revela o
engenho mais perfeito da criação. Com 263 ossos, 600 músculos, 1.800
quilômetros de vasos sangüíneos, vinte mil pêlos no sistema auditivo
e com um coração que pulsa 4.200 vezes por dia, deixam, sem dúvida
alguma, médicos, professores, advogados, teólogos, engenheiros e
leigos em geral estupefatos!
Numa
sagrada metáfora a
Bíblia Sagrada apresenta a Igreja como corpo de
Cristo (1
Co 12.12); desenvolvendo a idéia do corpo como forma essencial de
expressão
pessoal. O uso neo-testamentário do
vocábulo
corpo,
mantém
o mesmo
significado no hebraico, ainda que
Paulo empregue a expressão "corpo do pecado" como termo teológico
paralelo à carne. Para o ser humano total, temos no Novo Testamento
a distinção clara entre corpo, alma, e espírito (Mt 10.28;
1
Ts 5.23; Tg 2.26).
O nosso corpo
é
de fato
propriedade
de Cristo (1 Co 6.15), por uma união
espiritual
com ele,
o qual
deve ser instrumento para o seu uso, e habitação
do Espírito Santo (1
Co 6.19). O ser humano é tricotômico, e
não
pode perder sua identidade total.
Numa
analogia,
se o corpo peca o espírito morre,
se o espírito se alegra o corpo se aformoseia. O código genético do
homem lega a cada átomo do indivíduo uma identidade, assim como o
DNA de cada pessoa não confunde com outra, preparando o cristão para
o
mistério da ressurreição. O nosso corpo não pode ser vilipendiado, mutilado,
corrompido ou destruído por nós, pois somos uma propriedade
particular de Deus, ele nos comprou, e tanto a parte física como o
espiritual deve estar preparado
e
conservado
para o dia da redenção.
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