A Defesa do Evangelho!
Dr.
Voltaiere Shilling
Alemanha |
Brasileiro,
pastor, professor e articulista. |
Ao adentrar-se numa nave de uma
igreja ou de uma catedral, inundada nos dias de sol pelos reflexos
multicoloridos dos vitrais, tendo ao fundo o som harmónico de um
soberbo coral de monges, ao sentir-se aquele êxtase, onde o
construtor, o pintor e o cantor deram o melhor de si para torná-la
um recinto divino, como não acreditar que o próprio Deus não
estava ali presente? Como o monge Martinho Lutero ousou desafiar
aquilo tudo? Pois foi exatamente aquela suntuosidade herdada do
império que o teólogo alemão acreditou ser insuportável aos que se
diziam seguir Jesus Cristo marceneiro. Para Lutero, o cristianismo
fora uma notável revolução dos cordeiros, da gente humilde da
antiguidade que se insurgira contra as injustiças do mundo pagão.
Porém, com o passar do tempo, ainda que vitoriosos, eles viram-se
usurpados pela casta sacerdotal, sucessora da burocracia imperial
em decadência, ocasião em que o pároco substituiu o pretor romano.
Pior ainda, como ele expôs no Manifesto à Nobreza Alemã, de 24 de
Julho de 1520, fizeram do papa "Senhor do Mundo", quando o próprio
Jesus Cristo insistira que o seu reino era o Reino do Outro Mundo.
Aquela riqueza artística que se concentrava em Roma, a monumental
Igreja de São Pedro que se erguia naquele momento, era, no
entender dele, fruto ilegítimo das arrecadações que o papado
ordenara extrair da Alemanha em troca de favores a serem
alcançados no mundo sobrenatural. Era com o ouro das Indulgências,
surripiado dos beatos alemães por negociantes e clérigos espertos,
que erguiam-se os templos e mantinha-se o luxo em Roma. Os
cristãos, portanto, com a Reforma por ele liderada, deviam retomar
o que era seu, reconquistar o seu império perdido. Para tanto, ele
tratou pessoalmente de traduzir a Bíblia para o alemão a fim de
que os crentes pudessem saber quais eram os ensinamentos de Deus,
bem como novos hinos deviam ser cantados, compostos pelo povo
mesmo. Rompido com Roma, deixando o celibato, casou-se e fez do
seu lar uma celebração diária a Deus. Cada um deveria seguir
caminho igual, compor seus próprios oratórios, tornar o seu
recanto uma capela, fazer da sua família um coral, rejubilando-se
pela boa vida e pela liberdade alcançada. Por toda a Alemanha
surgiram músicos, organistas ou pianistas, consagrando a vida às
partituras e aos instrumentos. É Lutero, pois, quem está por
detrás de Bach, de Haendel, de Haydin, de Mozart, e de Beethoven.
Seguindo seus próprios conselhos, ele casou-se em Junho de 1525
com Katharina von Bora, uma freira que, desertando do convento de
Nimbsch, procurara refúgio em Wittemberg. Teve seis filhos com
ela. O lar para Lutero, o privado, passou a ser a verdadeiro
templo do cristão reformado.
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Provação
Mbaxi
Cabral
U.S.A. |
Angolano, professor e
músico. |
De conformidade com o dicionário de Língua
Portuguesa, o substantivo feminino em questão é
proveniente do Latim “probatióne”
que quer dizer: demonstrar com provas; testemunhar;
submeter a prova; ensaiar; patentear; degustar para
apreciar o estado ou o sabor de algo; padecer; e
experimentar. A palavra provação é
mencionada nas Escrituras Sagradas no sentido de
testar e examinar. É importante realçar que a
palavra “provação“ não é sinônimo de “tentação”,
porque a provação é proveniente de Deus e a tentação
é proveniente do diabo. Fazendo uma analogia do tema
em questão, podemos observar que todo o ser humano
em sua vida quotidiana é provado para que seja
aprovado, com o objetivo de adquirir maturidade. Por
exemplo: Toda criança vai para uma escola primaria
para aprender a ler e a escrever. A medida que ela
passa de um nível para outro, ela aprende a
informação básica para entender o próximo nível,
isto falando sobre o conhecimento educacional. Mas a
maturidade é adquirida pelo ser humano de
conformidade com a experiência diária, passando por
diferentes testes que as circunstâncias da vida lhe
oferecem. Da mesma maneira, todo o cristão é provado
para que seja aprovado, com o objetivo de que a sua
fé seja provada e conseqüentemente aprovada por
Deus, para aquisição de madurez espiritual. Este
fato foi vivenciado por muitos homens de Deus
relatados na Velha Aliança,
nomeadamente: Ló que era um homem
temente ao Senhor, perdeu tudo que tinha, até mesmo
sua saúde, mas não negou ao Seu Deus (Jó 13:15);
Abraão que saiu da sua terra e da sua
parentela sem saber para onde ia mas obedeceu sem
questionar (Gn 12: 1-20); aceitando o desafio de
oferecer seu filho Isaac em sacrifício, confiando
que o Deus que ele servia, proveria o cordeiro em
lugar de seu filho (Gn 22:7,8). Na Nova Aliança
encontra-se uma lição de edificação, na vida de
Pedro que era um autentico pescador.
Entretanto, a Bíblia Sagrada narra que após o
apóstolo Pedro e seus companheiros terem pescado a
noite inteira sem conseguir apanhar nenhum peixe;
ele passou na prova da obediência quando Cristo
disse: “Lança a rede para outra banda do barco” (Lc
5:4,5). Em síntese, não existe crente maduro que não
passe pela prova de Deus e que não vença a tentação
do mundo, do inimigo e até mesmo da sua própria
carne; porque a tribulação produz paciência até que
o Senhor providencie o escape, e a provação produz
madurez espiritual (II Tm 2:15).
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