Alegria na Tristeza
Pr. Marcos
Amazonas dos Santos
Portugal |
Brasileiro,
pastor, professor e conferencista. |
“Senhor, não me repreendas na tua
ira, nem me castigues no teu furor. Tem compaixão de
mim, Senhor, porque sou fraco; sara-me, Senhor,
porque os meus ossos estão perturbados. Também a
minha alma está muito perturbada; mas tu, Senhor,
até quando?Volta-te, Senhor, livra a minha alma;
salva-me por tua misericórdia. Pois na morte não há
lembrança de ti; no Seol quem te louvará? Estou
cansado do meu gemido; toda noite faço nadar em
lágrimas a minha cama, inundo com elas o meu leito.
Os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e
enfraquecem por causa de todos os meus inimigos.
Apartai-vos de mim todos os que praticais a
iniquidade; porque o Senhor já ouviu a voz do meu
pranto. O Senhor já ouviu a minha súplica, o Senhor
aceita a minha oração.”
(Salmo 6:1-10)
Vinícius de Morais cantava que a
tristeza não tem fim. Na verdade, a tristeza é uma
realidade nas nossas vidas. Por mais que não
gostemos de reconhecer este facto e de ter de
conviver com esta realidade, somos pessoas que
sofrem e ficam tristes. David expõe toda sua
tristeza neste salmo. Chora diante de Deus e não tem
medo de parecer ridículo diante de Deus. Ele tem
coragem de dizer o que está a perturbar o seu ser e
por este motivo alcança a paz interior. A primeira
coisa que este salmo nos ensina é que a tristeza é
uma realidade na vida de todas as pessoas. Pessoas
que amam a Deus e o servem fielmente são atacadas
pela tristeza. David não dissimula, não esconde sua
dor e as lágrimas que têm derramado. É o servo de
Deus, alguém que teme a Deus, mas está a passar por
um sofrimento terrível. Amar a Deus e servi-lo, não
irá nos ilibar das tristezas. Outra coisa muito
interessante que o salmo nos ensina aqui é que
devemos reconhecer as nossas fraquezas e
confessá-las a Deus. David diz que é fraco e precisa
ser sarado por Deus. Como é difícil para o ser
humano reconhecer seus erros. Como é difícil
mostrar-se fraco em uma sociedade que preconiza a
lei do mais forte. Contudo, para que possamos ser
sarados por Deus, devemos estar diante dele com
sinceridade e assumindo o nosso estado. David mostra
sua fraqueza e tristeza e clama pela misericórdia e
bondade de Deus. Sendo assim, devemos assumir as
nossas fraquezas e reconhecê-las diante de Deus. A
tristeza faz com que nos aproximemos de Deus. David
diz que havia envelhecido. Estava a ser consumido
pela tristeza, mas é vivendo nesta situação que ele
clama a Deus. É na tristeza que a nossa fé é
lapidada. David pede para ser salvo pela bondade de
Deus e depois conclui afirmando que o Senhor já
ouviu a sua oração. Ele nos ensina que Deus não está
distante. Ele mostra-nos um Deus próximo e actuante.
Aprendemos que Vinícius de Morais estava errado,
pois a tristeza termina quando aprendemos a confiar
em Deus e na sua intervenção nas nossas vidas. Não
há problema em ficarmos tristes. Muitas vezes somos
perseguidos e isto nos magoa e entristece. Mas
devemos entender que Deus deseja ouvir a nossa
súplica e a nossa dependência na sua actuação.
Clamemos ao Senhor mostrando que cremos em todo o
seu poder.
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Ânimo
Marcello
Zorzi
Portugal |
Brasileiro, professor e membro honorário. |
Força na alma do homem, ou força psicológica, que o
leva a realização de alguma obra ou ação. O ânimo
pode ter diversas características, mas sempre vai
fortalecer a alma do homem para alguma coisa. A
Bíblia mostra algumas das características que o
ânimo pode se apresentar, tais como: "bom ânimo"
(Js 1.7), "ânimo amargoso" (Jz 18.25; I
Sm 30.6), "ânimo precipitado" (Pv 14.29),
"altivo de ânimo" (Pv 28.25), "tristeza de
ânimo" (Is 65.14). Veja como em todos os
exemplos, o ânimo está intimamente ligado a uma ação.
Em contrapartida ao ânimo, veremos que o desânimo é
a falta de força na alma do homem que vem muitas
vezes por causa de circunstâncias adversas; Quando
Raabe recebeu os dois espias do povo de Israel em
Jericó ela foi bem clara ao dizer sobre os
habitantes de Jericó que "...desmaiou o nosso
coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa
da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus
em cima nos céus e embaixo na terra." (Js 2.11).
Outro exemplo Bíblico clássico para desânimo é o
de Elias, quando este "...se assentou debaixo de
um zimbro; e pediu em seu ânimo a morte..." (I
Re 19.4), ou seja, em Elias também já não havia
ânimo nenhum. É muito interessante notar que, da
mesma forma que o ânimo traz junto consigo uma ação,
o desânimo drena o poder de ação da vida do homem e
o deixa estagnado. No caso dos habitantes de Jericó,
o seu coração estava desmaiado, enquanto no
caso de Elias, ele se assentou debaixo de um
zimbro e pediu a morte. É importante notar
que circunstâncias adversas produzem desânimo na
vida de pessoas descrentes enquanto em crentes elas
já podem (e devem) produzir ânimo para buscar ao
Senhor, uma vez que
elas
servem
a um Deus que tudo pode. Quando os espias voltaram
de Canaã, eles trouxeram não somente notícias de que
a terra era muito boa, mas também dos gigantes que
lá habitavam. Isto trouxe desânimo aos descrentes,
os quais corações desejaram morrer (Nm 14.2), mas
Josué e Calebe se animaram sabendo que Deus tinha
poder para dar-lhes a terra de Canaã não importando
o quão difícil isso poderia parecer, Calebe disse:
"Subamos animosamente e possuamo-la em
herança; porque certamente prevaleceremos contra
ela" (Nm 13.30), e Josué disse: "...não
temais o povo desta terra, porquanto são eles o
nosso pão. Retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor
é conosco; não os temais" (Nm 14.9). Outro bom
exemplo podemos encontrar na vida de Davi, que,
quando tudo estava contra ele, ainda assim ele
encontrou forças, ou ânimo, para buscar a Deus,
dizendo a Bíblia que "...Davi muito se angustiou,
porque o povo falava de apedrejá-lo, porque o ânimo
de todo o povo estava em amargura, cada um por causa
dos seus filhos e das suas filhas; todavia, Davi se
esforçou no Senhor, seu Deus" (I Sm 30.6).
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