Referência: Marcos 4.26-29 —
AMBIENTE: Já foi mencionado sobre os dois tipos de filhos: o do Reino e o do maligno. Nesta semeadura, assim como na parábola do Semeador, ambas acontecerão nos últimos sete anos das setenta do Profeta Daniel — a Grande Tribulação. Em todas elas, seja a semente, a Palavra de Deus, ou um indivíduo, o missionário, seu crescimento não dependerá da habilidade, esforço ou diligência do Semeador —
“O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno; o inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos.” (Mt 13.38). A responsabilidade do Semeador será o de pregar e ensinar. O crescimento dará Deus, dependendo da terra — coração em que será semeada a Palavra; ou do campo — a comunidade que aceitará os missionários do Reino. Qualquer intervenção humana, na utilização de programas e mecanismos religiosos e políticos, transformarão os evangelizados apenas em prosélitos daquele reino! Nas palavras esclarecedoras de Jesus, se fará apenas um religioso —
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.” (Mt 23.15). Pois, o crescimento, é exclusividade de Deus!
EXPLICAÇÃO: Esta parábola é relatada unicamente no Evangelho de Marcos. Em todas as parábolas de semeadura, exceto a do Trigo e do Joio, os semeadores são humanos; os evangelistas do Evangelho da Graça ou os do Evangelho do Reino. Salientamos, entretanto, que se deve dar atenção à distinção entre os dois reinos: o
Reino de Deus — um reino perene (Sl 90.2), abrangente (Jo 18.36) e espiritual (Rm 14.17), com capital nos Céus (Hb 12.22), cujo rei é Deus Pai (1 Co 15.28); e o
Reino dos Céus (milênio) — um reino político (Dn 7.14), material (Mt 25.31-46) e futuro (2 Tm 4.1), com capital na terra (Is 2.3), cujo rei será o Deus Filho, o Messias (Ap 20.6)! Portanto, o Reino dos Céus será uma parte dispensacionalmente contida do Reino de Deus! Como esta parábola reza no que tange os acontecimentos durante os setes anos literais, após o arrebatamento da igreja, é bom notar que os evangelistas não têm outra coisa a fazer do que, com ímpeto, espalhar a boa semente em toda a terra! Terminando suas tarefas diárias, eles
dormem, e acordam para continuar a urgente semeadura! A contagem é regressiva, e eles sabem muito bem disso! Suntuosos templos, acampamentos, programas de final de semana, concertos musicais, reuniões de debates, discipuladores emergentes, grupos e rede sociais, atletismo do reino, retiros para casais, gincanas bíblicas, epicentros emergentes, recuperação de toxicômanos e levitas do reino não serão as prioridades dos evangelistas do Reino, que terão apenas três anos para alcançarem oito bilhões de almas! As noites serão pequenas para o descanso, e quando perguntarem como essas vidas foram transformadas: ninguém terá a resposta, somente o dono do campo e da semente — Deus Pai!
INTERPRETAÇÃO: O cenário aqui se dá nos arredores de Capernaum, na popa de um batel, e o auditório na limitada areia daquele mar. A boa semente espraiada nos corações dos homens, neste mundo, trabalha em silêncio, e com resultados fenomenais. Desapercebida entre chuvas, ervas daninhas, neve e abusos dos humanos, a semente no coração receptivo, cresce sem chamar a atenção do semeador ou dos vizinhos malfazejos. A graça do Altíssimo é como o orvalho da manhã sobre a relva, embebeda toda sua raiz, caule, folhas e frutos —
“Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra
como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.” (Dt 32.1). No repouso do semeador, de dia ou de noite, o dono da lavoura não cessa de trabalhar —
“Em sonho ou em visão noturna, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama. Então o revela ao ouvido dos homens, e lhes sela a
sua instrução...” (Jó 33.15,16). Os semeadores presentes passarão, como os passados, a muito tempo, já se foram e estão nas suas sepulturas; mas a Palavra, com uma incógnita, cresceu e tem permanecido para sempre —
“E o remanescente de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho da parte do SENHOR, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem a filhos de homens.” (Mq 5.7)! E, a erva cresce de uma forma maravilhosa:
“Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga.”! O semeador é todo aquele que é mobilizado pelo dono da terra e da semente para o árduo trabalho de, com sol ou chuva, com calmarias do ministério ou com tormentas avessas, semear a Palavra de Deus, quer em tempo ou fora de tempo. A semente não poderia ser outra a não ser a Palavra de Deus, que tem vida em si mesma! Numa símile bendita e dispensacional da Palavra: a
erva, foi o Pentateuco; a espiga o Velho Testamento; e o
grão, o Novo Testamento! Oh, bendita semente, a Palavra de Deus! O solo, o
coração do homem, dilacerado pelo pecado e pelas forças das hostes infernais, na sua proporção original, contendo ainda os sais minerais e os ingredientes hidro-carbonatados que farão a semente morrer e frutificar foi criação do Altíssimo —
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.” (Gn 1.26)!
O progresso do crescimento da semente, segundo a teologia Joanina,
segue este perfil: "Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados
[novos convertidos - teknia]. Pais, escrevo-vos, porque conhecestes aquele que é desde o princípio
[cristãos maduros - pateres]. Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o maligno
[juventude espiritual - meanisk]. Eu vos escrevi, filhos, porque conhecestes o Pai
[cristãos imaturos - pandia]."
(1 Jo 2.12-13). Sim, João Calvino estava profundamente equivocado; o homem possui a essência do divino que, quando polarizado com a semente — Palavra de Deus — faz crescer um novo homem:
“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.” (1 Pe 1.23)! A colheita é o fim da carreira do cristão nascido de novo aqui na terra, ou de todos que serão chamados ao Julgamento Final. Estando eles por antecipação no Paraíso, ou vivendo no período dos horrores do governo do anticristo, se estes passarem no crivo das Bem-Aventuranças, adentrarão no celeiro do Pai — o Reino Messiânico!
|
|