Referências: Lucas 10.30-37; Mateus 22.35-40; Marcos 12.28-34 —
AMBIENTE: Depois de exposta a felicidade de Jesus pela vitória evangelística alcançada
dos setenta nomeados discípulos, naquela euforia, e no meio da multidão, um Doutor da Lei se aproximou de Jesus, sem pestanejar,
o interrogou acerca de como adquirir a vida eterna. Esse tipo de encontro, com outros doutores da Lei,
estão, também, registrados nos Evangelhos de Mateus e Marcos. Os eruditos das Escrituras Sagradas da época moderna são unânimes em afirmar que, a história – parábola do Bom Samaritano, é o que há de mais virtuoso,
teológico, poético e amorável, cujos valores de ensinos humanos e espirituais, têm percorrido milênios sem
caducarem! A pergunta pretensiosa daquele Doutor da Lei, portanto, fez ressaltar a sabedoria de Jesus, quando utilizou um dos principais mandamentos morais da Lei em Deuteronômio 6.4-5 e Levítico 19.18. Utilizando o método socrático de perguntar para obter a resposta, Jesus questionou —
“Que está escrito na lei?” Em todo o Antigo Testamento ficou sempre explícito que, para se
ter acesso ao Reino Messiânico, era necessário ser justo — conhecer a Lei; mas, sobre tudo, ser perfeito —
viver a Lei:
“Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.48).
EXPLICAÇÃO: a pergunta do Doutor da Lei, “Mestre, que farei para herdar a vida eterna”, e a resposta de Jesus,
“vai, e faze da mesma maneira”, tem deixado os simpatizantes da doutrina da salvação pelas obras
— profissão de fé do Concílio de Trenton, de uma certa forma, confortáveis. Quando, em verdade, o tenor da salvação do homem
foi sempre e exclusivamente pela graça: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8-9)! A obra é apenas o revelador da fé e da justiça,
as quais estão involucradas no íntimo de cada fiel, como defendido
pelo Apóstolo Tiago. E a lição profunda da parábola continua, quando nos chega ao conhecimento histórico, que o Deão Acadêmico da Universidade de Yale,
Dr. Brown, em uma de suas exposições sobre ciências sociais, utilizando o paralelismo da parábola do Bom Samaritano, afirmou existir três classes de pessoas na sociedade: (i) o
ladrão, cuja filosofia de vida é, o que é seu é meu — tese do comunismo; (ii) o
sacerdote e o levita, cuja filosofia de vida é,
o que eu tenho é meu — tese do capitalismo; e, finalmente, (iii) o
Bom Samaritano, cuja filosofia de vida é, o que eu tenho é seu, se você necessitar — tese do autêntico cristianismo! Jesus ressaltou que a religião, com todo o seu aparato cerimonial e legal, não levaria o homem à vida eterna, mas sim, o ser uma nova criatura —
“Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão [presença da Lei],
nem a incircuncisão [ausência da Lei]
tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl 6.15).
Mais uma vez, a Lei estava na indumentária sacerdotal e levítica, mas não em seus corações, pois passaram de largo ao ver a vítima à beira do caminho, quase morto.
Poderia ter sido um membro de sua família, por que não?
APLICAÇÃO: a igreja tem sido receptora da mais bem-aventurada graça de Deus. Ele nos perdoou de todos os nossos enormes pecados, e nos fez
viver uma vida próspera em regiões celestiais com Cristo, nosso Amado —
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef
1.3). Em volta das maiores crises que têm medrado a sociedade na sua
história, ele tem suprido todas as nossas necessidades materias e
espirituias —
“O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4.19)! Portanto, amar
e ajudar ao próximo, independente ser eles cristãos, judeus ou gentios, torna-se a nossa
mais nobre obrigação cristã, manifestando assim, a essência daquilo que nós somos e temos em nosso homem interior:
“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”
(Tg 2.17-18).
INTERPRETAÇÃO: até nesse momento, a nação e os seus líderes contemplaram uma atitude aparentemente legalista da parte de Jesus, em relação
o ter acesso ao Reino dos Céus — o Milênio! Nesse estágio, Jesus, cautelosamente, separou os dois grupos de líderes da nação, os quais a influenciaram ao abandono da oferta do Reino
Messiânico. Primeiro, os fariseus, os saduceus e os herodianos que eram os representantes políticos,
sociais e religiosos ascendido do povo; segundo, os sacerdotes, os levitas e
os escribas, entretanto, eram os ministros de culto, e intérpretes da Lei
legados por Deus à nação. Os dois grupos, infelizmente, após serem confrontados pelo seu Messias, se acharam em abundante falta para com a moral da Lei de Deus! Suas mentes estavam
saturadas dos dítames da Lei, mas seus corações estavam vazios da
sua moral, e distantes de Deus —
“Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure” (Mt 13.15).
Infelizmente, eles como representantes do povo, e aparentemente de
Deus, não quizeram se arrepender! Obviamente, descer de Jerusalém, lugar de adoração a Deus, para Jericó, cidade amaldiçoada, já
era um iminente perigo por si só! Aquele caminho sinuoso e de acidentado declive para Jericó,
tornou-se o covil preferido dos salteadores romanos proscritos, dos vândalos e dos que queriam levar suas vidas cômodas na apropriação dos bens alheios. Por ali viajavam os levitas e
os mercadores que residiam em Jericó, mas faziam suas vidas em Jerusalém. Entre o período das seis da manhã ao por do sol, quem por ali trafegasse, estava sujeito aos assaltos das corjas vagabundas que viviam escondidas nas depressões rochosas daquela via! Aquele homem, provavelmente um mercador, que trazia os frutos do seu trabalho à sua residência, em Jericó, foi vítima de um desumano atentado por esses bandidos. Jesus utiliza essa símile histórica ao Doutor da Lei, quando tentou evadir-se da sua consciência,
e cinicamente perguntando:
e quem é meu próximo? Nesse lindo cenário projetado por Jesus, aparecem quatro personagens representativos: o
ladrão, Satanás; a vítima, o ser humano, os gentios; o sacerdote e o levita, os
líderes da nação; e o Samaritano, Jesus Cristo — o Filho do Homem. Metaforicamente, é muito bom lembrar que todos desciam pelo mesmo acidentado caminho aberto no Éden pela queda do homem; uns destruídos, outro destruidor e o último, o Salvador!
No meio do percurso desse caliginoso caminho, Jesus desceu para nos
encontrar, não nos deixando sozinhos! O Doutor da Lei ficou paralisado ao ouvir o veredito do Messias:
...vai, e faze da mesma maneira! Ele não
foi, e nem fez! Caso encerrado, o Reino Davídico seria
priorizado aos Gentios, os quais haveriam de dar muitos frutos, e
como deram:
“Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, e Frigia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e árabes...” (At 2.9-11). Graças a Deus
porque todos nós, criaturas do Divino, fomos socorridos em tempo
aceitável! Amém!
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