Referência: Lucas 19.11-27 —
AMBIENTE: Jesus saindo de Jericó para Jerusalém, levava consigo uma esplendorosa experiência da conversão de Zaqueu —
“Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão” (Lc 19.9). Zaqueu, apesar de judeu, servia como um oficial do departamento de impostos e rendas do governo romano; e para tal, dedicava toda sua fidelidade ao Império, representado pelos procuradores romanos e tetrarcas herodianos na Palestina. Nessa atmosfera de obrigações para o governo romano, e seu recente arrependimento no tocante a mensagem e presença de Jesus em sua casa, Jesus expôs a parábola das minas e dos servos. Essa foi uma oportunidade única que Jesus se apoderou dela. Herodes, o Grande, havia morrido e seu reino dividido entre Arquelau, Antipas e Filipe, seus filhos. Entretanto, Israel que muito tinha sofrido com Arquelau, pediu ao Império que não o nomeasse como rei de toda a nação. Arquelau havia empreendido viagem a Roma, a fim de pôr força política na sua nomeação, deixando para trás Antipas e Filipe. Aproveitando o cenário da história ocorrida com Arquelau para reclamar o reino das mãos de Herodes para si, Jesus ascendendo àquela via íngreme à Jerusalém, ampliou a parábola das
Dez Minas:
“Disse pois: certo homem nobre partiu para uma terra remota, a fim de tomar para si um reino e voltar depois” (Lc 19.11). Todos estavam na expectativa da inauguração do Reino Messiânico e, portanto, não puderam entender que a ida de Jesus ao Pai, teria duas finalidades: i. receber autorização do Pai para tomar posse do Reino; ii. pela rejeição da nação e seus líderes, a sua pessoa como o Messias, ele iria pedir ao Pai que prorrogasse a instalação do Reino Messiânico!
EXPLICAÇÃO: Esta parábola tem muita semelhança com a dos Talentos, relatada no Evangelho de Mateus, porém, não são as mesmas: a dos Talentos, Jesus a expôs no Monte das Oliveiras; a das Dez Minas, em Jericó. O valor aquisitivo de uma mina de prata, equivale hoje no mercado financeiro, a soma de $760 dólares. Em se tratar de tamanho valor monetário, nas duas parábolas supra citadas, foi esperado que os servos arduamente trabalhassem até o regresso do seu Senhor; quer usando os talentos, quer negociando as minas. É muito bom não nos afastarmos da exegese bíblica contida no período entre a
ida do homen nobre ao céu — “Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou para o Pai” (Jo 16.28), e seu
regresso — “...foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir”
(At 1.11)! A atmosfera espiritual, as parábolas de Jesus, seu caminhar apressado para Jerusalém, indicava para a nação que o Reino seria inaugurado a qualquer momento! Jesus conhecedor de todas as coisas, insistiu em corrigir essa falsa idéia, explanando a Parábola das Dez Minas! Dois reinos foram consignados pelo Pai a Jesus: o Reino dos Céus (Milênio), material, político e localizado na terra, assumiu a
segunda prioridade; e o Reino de Deus (dispensação da igreja), espiritual, abrangente e sem aparência exterior, assumiu a
primeira prioridade. Os servos negligentes do Reino dos Céus, receberão a punição sumária (Mt 25.30); os servos do Reino de Deus, perderão apenas seu galardão (1 Co 3.12-15). Se perdermos a essência do Evangelho em nós, o que restará de nós? Se nos omitirmos em realizar a obra que o Rei nos indicou a fazer, porventura não sofreremos a pena do pecado de omissão?
INTERPRETAÇÃO: O cenário aqui se dá quando Jesus deixa Jericó, onde dois extraordinários milagres ocorreram: a cura do cego e sua declaração —
Filho de Davi, e a salvação do oficial romano, Zaqueu — também este é
Filho de Abraão. A caminho de Jerusalém, cortando o Vale de Cedrom, quando Jesus explicita o que haveria de ocorrer imediatamente à sua retirada da terra, o início da Grande Tribulação (Dn 9.26; Mt 24.21)! Nessa época, por existir um limitadíssimo tempo para que os planos de Deus fossem executados, as duas parábolas, das Dez Minas e dos Talentos, foram um urgente apelo para que todos nós pudéssemos estar imbuídos e determinados na pregação do Evangelho da Graça, e eles, na proclamação do Evangelho do Reino; resgatando aqui, ou acolá, o maior número possível de almas, quer gentílica ou judia. O
homem nobre, da Parábola das Dez Minas é o próprio nosso Senhor Jesus Cristo. A rejeição da nação em recebê-lo como Messias e Rei, o fez ir ao Pai para, entre outras razões, receber dele a ratificação de posse do Reino Messiânico. A posse do Reino pelo seu Messias, assim como a extensão do Evangelho da Graça e a inversão de prioridades dos dois Reinos, foram aprovadas pelo Pai! Os
servos, por sua vez, são todos os envolvidos na proclamação do Evangelho do Reino durante a Grande Tribulação. A urgência e a prioridade para esta proclamação serão imensas, enquanto o tempo será exíguo, ao extremo que a negligência do servo em proclamar as virtudes do Evangelho, será punida nas trevas exteriores! Obviamente, é bom sempre lembrar que, a atitude indiferente e omissa daquele servo possuidor de uma só mina, somou ao estigma revolucionário e rebelde dos que não aceitaram que o Messias reinassem sobre eles — Israel! As
Minas, que benditas Minas! Não poderia ser nem nada mais nem nada menos do que o sublime e poderoso Evangelho de Cristo —
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o
poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego
[gentio]” (Rm 1.16)! Os inimigos, ó que inimigos —
“Os quais [judeus] também mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, e nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim” (1 Ts 2.15-16)! Todos nós temos assistido, quer historicamente, quer em tempo real, a dor da nação israelita: o massacre de César Tito; a santa inquisição européia; a dolorosa diáspora, como cães ladrando à distância para não serem dizimados; os guetos; as fábricas de sabão humanos e os fornos crematórios do III Reich da Alemanha. Isso apenas para mencionar um pouco do significado que traria o veredicto sumário do Messias:
“E quanto àqueles meus inimigos [Israel] que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim” (Lc 19.27). Não existiu oração, lágrimas e uivados que pudessem parar a mão de justiça do Pai! E a nós? Oh, que graça! “A graça de Deus revelada em Cristo Jesus, meu Senhor, ao mundo perdido é dada por Deus de infinito favor”!
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